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Conseg reverteu cotidiano violento de Heliópolis
Desde a sua criação, em junho de 1997, o Conseg local procura inovar na resolução de conflitos. “Entendemos que a violência cria violência. Só com propostas de prevenção é que conseguiremos resultados positivos”, diz o presidente, o pastor Carlos Altheman.
O trabalho conjunto entre as Polícias Civil e Militar e o Conseg tornou a Favela Heliópolis um local onde as pessoas não convivem mais com fuga de presos – a carceragem foi desativada – nem com os tiroteios constantes, pois hoje os traficantes não mandam mais no local. “O trabalho social que o Conseg realiza é de fundamental importância, pois tira a criança e o jovem do cenário do crime, dando oportunidade a eles de ocuparem o tempo com atividades esportivas e educativas”, afirma o delegado-titular do 95º. DP, Plínio Sales.
Educação - Uma casa alugada na Rua Siqueira Bulcão serve como sede do conselho, que atende todos os dias e oferece aulas de alfabetização, informática, inglês, espanhol, cursos profissionalizantes, atendimento oftalmológico, dentário, psicológico e jurídico com 60 profissionais voluntários. A alfabetização para adultos conta com 50 alunos e as aulas são ministradas de segunda a quinta-feira, das 19 horas às 20h30; aos sábados, das 8 às 12 horas, há turmas de inglês para 70 alunos. As aulas de espanhol têm 50 alunos cadastrados.
Quanto aos cursos profissionalizantes, o Conseg ministra noções básicas para manicure, cabeleireira, estética e depilação. Magnólia Freire dos Santos, por exemplo, está cursando estética, que inclui limpeza de pele e depilação. “Estou apta para trabalhar como depiladora e só espero minha casinha ficar pronta para começar.”
Já Regina Costa Silva, desde que começou a freqüentar as turmas, teve a auto-estima muito valorizada. “Estou ocupando o meu tempo com uma profissão. Tenho novas perspectivas para a minha vida.” Outras estudantes têm salão e clientela e garantem que o curso virou uma fonte de renda. Os programas são realizados na sede uma vez por semana, das 14 às 16 horas.
No curso de pintura, mais mulheres deram uma guinada em suas vidas com a venda dos panos de prato pintados. É o caso de Lourdes Ferreira, que aos 45 anos fica até de madrugada pintando os panos e tira quase R$ 500,00 por mês. “Adoro pintar, começou como uma terapia e hoje é a minha principal fonte de renda”, diz.
Escolinha – Nos fundos do 95.º DP, criou-se uma quadra de futebol para a escolinha de futebol, com crianças de 8 a 16 anos, sob coordenação do professor Fernando Ferreira da Silva. Todos os dias, as crianças aparecem para aprender e se divertir. “É uma forma de tirarmos elas das mãos dos traficantes”, diz Silva. Os aprendizes recebem uniformes e bolas e jogam em festivais no interior, dedicando a maior parte do seu tempo ao futebol. Trata-se do único lazer com o qual contam nas imediações.
Na área jurídica, o Conseg atua em parceria com a Rocha Calderon Advogados e Associados, que uma vez por semana atende a comunidade. Registram-se desde problemas com pensão alimentícia, guarda de filhos e preenchimentos de formulários até acompanhamento de casos na área criminal – normalmente de pais com problemas com os filhos presos. “As pessoas não têm conhecimento sobre as leis. É importante esse trabalho, pois percebemos o quanto podemos ajudar”, diz a advogada Alessandra Coelho Caribe.
Dentes - Outro serviço importante realizado no conselho é quanto ao tratamento dentário. Os pacientes acabam orientados quanto à higiene bucal e todo atendimento básico (extração de dente, obturação e limpeza) é realizado gratuitamente. “Muitas pessoas de 40 ou 50 anos aparecem aqui e dizem: ‘É a primeira vez que venho ao dentista’”, relata a dentista Fabíola Regina Cettani.
Por falta de informação, as pessoas deixam os dentes de lado. Mas as crianças da região já se mostram excelentes agentes de saúde. Tudo que é ensinado, elas passam para outras pessoas. A próxima palestra agendada será sobre como diagnosticar e realizar o auto-exame da boca para prevenir o câncer bucal.