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A responsabilidade social começa em casa
Entretanto, além do plano externo das empresas, no qual costuma ter mais visibilidade perante os mercados e a opinião pública, o exercício da responsabilidade social deve manifestar-se igualmente no ambiente interno das organizações. É aí que verdadeiramente começa a se materializar a meta filosófica, sempre perseguida pela humanidade, de tornar a sociedade menos estratificada e mais justa na distribuição dos benefícios da economia.
Desde o socialismo utópico de Saint-Simon, passando pelo socialismo científico de Karl Marx e o liberalismo de Adam Smith, o ser humano foi experimentando, de forma empírica no processo histórico, teses voltadas a transformar a economia em vetor da justiça social. O socialismo de Simon sequer foi testado pela realidade; o socialismo científico, que responsabilizava o Estado pela distribuição equânime da renda, sucumbiu à verdade exposta após a implosão do império soviético. Assim, a busca secular pela justiça social parece ter tomado rumos definitivos no capitalismo, com suas virtudes e defeitos.
Com a prevalência do capitalismo, as empresas tornaram-se o principal instrumento na promoção da justiça social, não só pela redistribuição do capital, por meio dos salários, como também pela democratização de oportunidades, tornando acessíveis aos seus colaboradores assistência médica de qualidade, programas de alimentação e educação continuada. Mais recentemente, a participação nos resultados tornou-se, no Brasil, mais uma ferramenta para a melhoria das condições de vida de milhares de trabalhadores.
Nos países desenvolvidos, a massa salarial já responde, em média, por 60% das rendas nacionais. Isso demonstra, na prática, que o capitalismo não é tão selvagem assim, como se afirmava até pouco tempo atrás, e que pode, embora lenta e paulatinamente, tornar menos estratificada economicamente a sociedade humana. No Brasil, a exemplo de toda a América Latina, a realidade é outra. Aqui, a massa salarial representa cerca de 35% da renda. O dispositivo de participação nos resultados contribui para melhorar o percentual dos ganhos dos trabalhadores na composição da renda nacional. Trata-se, portanto, de um meio eficiente de distribuição de renda e de justiça social.
Melhor atendidos em suas necessidades e anseios pessoais e familiares, os profissionais tornam-se mais estimulados e efetivamente empenhados na melhoria constante dos resultados da empresa. E isso é fundamental, pois os recursos humanos têm papel decisivo no sentido de que as empresas brasileiras possam atender aos requisitos da economia contemporânea, ou seja, produtividade, qualidade, custos baixos, manejo de tecnologias de ponta e agilidade para responder às rápidas transformações.
A participação nos resultados e melhores condições de saúde e educação, além de representarem intrinsecamente um significativo exercício de responsabilidade social, são hoje decisivos no sentido de que as organizações possam vencer adversidades conjunturais, crescer, conquistar mercados, modernizar-se e se tornar cada vez mais competitivas e vencedoras. Assim, deve-se ficar mais atento ao Balanço Social das organizações, pois seu conteúdo demonstra o quanto cada uma delas valoriza a qualidade de vida dos colaboradores e se preocupa com as questões da comunidade, atendendo a uma das mais significativas tendências do capitalismo contemporâneo.