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Empresas abrem as portas a quem tem deficiência física

Por O Globo   17 de setembro de 2002
A eficiência mental está causando polêmica na novela “Coração de estudante”, da Rede Globo. Na TV, Amelinha (Adriana Esteves) e Edu (Fábio Assunção) aprendem a lidar com o filho Joãozinho, que nasceu com síndrome de Down. Só que essa história também se repete nas empresas. Isso porque as companhias — que se vêem obrigadas, por lei, a reservar vagas a pessoas com qualquer tipo de deficiência — ainda têm muito o que fazer para não excluir esse profissional do mercado de trabalho.

Mesmo que seja consequência da fiscalização da lei, Cláudia Werneck, diretora da ONG Escola de Gente, diz que as empresas estão mais conscientes. Porém, continua, ainda não sabem como contratar esses profissionais:

A deficiência não pode ser pré-requisito de uma função. Ou seja, não há vagas para surdos, assim como não há também para loiros.

Por isso, segundo Leda Rosmaninho, coordenadora da Sociedade Pestalozzi do Rio, a qualificação é o caminho para integrar quem tem deficiência mental ao trabalho. Afinal, frisa, as empresas querem resultados: — Assim, a entidade ajuda a formar pessoal para atuar como jardineiro, office-boy ou auxiliar de cantina. Mas, não importa que tipo de deficiência, se física ou mental, é preciso ter capacitação e competência para o trabalho.

Razões, aliás, que levaram Cláudio Magno ao cargo de programador de computador da Sul América. Formado em técnico de informática, ele cursa análise de sistemas e participa de uma série de cursos para sua formação:

— Nunca vou saber se fui eliminado de uma seleção devido à deficiência — diz Magno, que é um dos 59 profissionais (dos quais 80% têm nível superior) com deficiência contratados pela seguradora.

Colegas não sabem lidar com a deficiência.

O que se percebe é que, muitas vezes, chefes e colegas não sabem agir diante deste profissional. Foi pensando nisso que o Senac-Rio produziu o livro “Sem Limite — Inclusão de Portadores de Deficiência no Mercado de Trabalho”. O livro, recém-lançado pela entidade, traz depoimentos e orientações para empresas. Outra iniciativa que ajuda bastante é promover seminários e campanhas internas:

- Ora as pessoas ignoram deficiência, ora agem de maneira paternalista — diz Suzi Gouveia, diretora de Recursos Humanos da Leader Magazine, que conta que, ao serem contratados profissionais com deficiência, a chefia não soube como lidar com a situação:

— Tivemos que implantar um projeto voltado para a gerência e mostrar que a deficiência não limita o talento e as habilidades.

Prova disso é Glauco Custódio, que foi promovido e, há dois meses, trabalha como atendente pleno de crédito da Leader Magazine. Ele conta que a empresa precisa adaptar as estruturas físicas: — No meu caso, a companhia adaptou o balcão, a entrada e a mesa.

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