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Teatro leva arte e reflexão a jovens carentes

Por Niza Souza / Estado de SP   19 de setembro de 2002
Foto de Divulgação “A Cabeça Quadrada”, dirigida por Walter Portella: grupo ganhou consciência e auto-estima
São Paulo - Por meio do teatro, o diretor Walter Portella tem conseguido melhorar a qualidade de vida de adolescentes de uma das regiões mais carentes da cidade. Ele é um dos idealizadores e responsável pela criação do Grupo Theatron Estudos Teatrais, formado por alunos da Oficina Cultural Alfredo Volpi, em Itaquera. O resultado desse projeto já pode ser conferido no palco. O primeiro trabalho do grupo, A Cabeça Quadrada, está sendo apresentado toda quarta-feira, às 15 horas, na Oficina.

Segundo Portella, a idéia é mostrar ao público uma filosofia de vida diferente, com base na mitologia grega. "O ser humano precisa ser revisado", acredita. Ele explica que a filosofia começa com a mudança de vida dos integrantes do grupo, formado por alunos da Oficina, a maioria adolescentes entre 15 e 18 anos moradores na periferia da cidade. "Estamos trabalhando na peça há um ano e já conseguimos resultados, inclusive com os atores, que poderiam voltar sua energia para a violência, mas têm essa oportunidade de representar."

Para o diretor, a diferença do perfil dos alunos é visível. Hoje, esses jovens têm consciência de seus atos, sabem refletir e têm mais auto-estima.

"A gente sente a evolução, sente que está contribuindo para a formação de seres humanos melhores. Essa é a recompensa." De acordo com ele, antes de tentar melhorar o mundo em que vivemos, é preciso mudar o comportamento do ser humano. "Acredito que muitos pontos da mitologia podem ser adequados ao momento que estamos vivendo." Um deles, destaca Portella, é a crítica à superobjetividade e a reflexão da subjetividade. "O homem precisa aprender a se auto-analisar."

Trama - O espetáculo começa com o homem no estado primitivo e continua narrando a sua evolução. "Atingimos altos níveis de conhecimento, porém, o mau uso nos coloca à beira da destruição. Um exemplo é a bomba atômica." Mas, Portella acredita que há esperança. "É preciso mudar o homem, fazê-lo compreender outros níveis de realidade, outras dimensões."


Oficina Alfredo Volpi - Rua Vitório Santin, 206. Grátis

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