Notícias
Violência e evasão escolar
O dado parece óbvio, mas é relevante. Ainda não há estudos (se há, por favor, me avisem) sobre o impacto da violência urbana nas taxas de evasão. O Brasil está conseguindo, a duras penas, acostumar toda a sociedade com a idéia que lugar de criança é na escola.
A tarefa não é fácil. O IBGE fala que temos 95% das crianças de 7 a 14 anos na escola. O MEC calcula em 97% essa porcentagem (a diferença é explicada por causa da metodologia diferente). A luta é conseguirmos chegar a 100% e cumprir a Constituição Federal, que garante o direito da criança nessa idade de estudar e a obrigação dos pais e do poder público de garantir que isso aconteça.
O fenômeno da violência urbana pode atrapalhar nossa meta de universalizar o acesso à escola. Talvez sejam poucas, estatisticamente, as crianças que abandonem a escola por causa da violência.
Isso não quer dizer que a situação seja menos grave. Uma criança fora da escola em uma área de risco é fortíssima candidata a trocar os bancos escolares pelas armas do tráfico.
Suponhamos que apenas 0,1% abandonem a escola por causa da violência. Essa porcentagem, que parece mínima, num universo de 30 milhões de crianças matriculadas no ensino fundamental significa 30 mil crianças. É um contigente numeroso demais para engrossar as estatísticas (já insuportáveis) de violência nas grandes cidades.
Na verdade, pouco importa quantos eles sejam. Cada criança que deixa de estudar para virar bandido é uma derrota dupla da escola e da sociedade.
É preciso que se façam estudos a respeito do impacto da violência na evasão escolar, que atinge principalmente os meninos do sexo masculino. É necessário saber também, uma vez evadidos da escola, para onde vão essas crianças que moram em áreas de risco. Mais do que isso, é preciso políticas eficientes e urgentes para trazer essas crianças de volta para a escola.