Notícias
BB Educar alfabetiza presos em Pernambuco
A idéia de levar o programa de alfabetização para dentro dos presídios partiu do Diretor Regional Penitenciário da Mata Sul e Agreste Sul, José Elmo da Silva Monteiro. “Estava preocupado com o alto índice de analfabetismo nas nossas penitenciárias. Conversando com os presos percebi que eles queriam saber ler e escrever, mas que achavam que não teriam condições de aprender. Estava procurando uma metodologia de ensino que auxiliasse na educação de adultos quando conheci o Programa da Fundação Banco do Brasil”, lembra Monteiro.
A iniciativa do diretor acabou resultando na assinatura deste convênio inédito do Programa BB Educar. “Esta é uma experiência gratificante para nós, pois acreditamos na cidadania para todos. Todo cidadão tem o direito de aprender a ler e escrever e esperamos ter a oportunidade de levar o BB Educar para presídios de outros Estados também”, diz Beatriz. “Acredito que a violência esteja muito ligada à falta de educação, e que alfabetizando os presos e dando-os oportunidade é possível colaborar para mudar a realidade do nosso País”, completa.
Voluntariado atrás dos muros e grades
Para atender a demanda dos presídios pernambucanos, 200 alfabetizadores voluntários serão capacitados. A preparação dos alfabetizadores acontece por meio de cursos ministrados por funcionários do Banco do Brasil. A primeira turma de capacitação contou com 26 alfabetizadores voluntários, entre os quais estavam professores de diferentes regiões de Pernambuco e quatro reeducandos. “Os voluntários capacitados já estão lecionando nos presídios de Canhotinhos e Caruaru, e na Colônia Penal Feminina de Garanhuns”, conta Monteiro. A intenção é estender o programa para unidades prisionais em Itamaracá, Palmares, Arcoverde, Pesqueira e no Recife.
Entre os presos que foram capacitados para serem alfabetizadores voluntários do BB Educar dentro dos presídios está Jodeilmo Alves de Souza. Condenado a 12 anos de prisão por estupro em 1998, Souza já vinha desenvolvendo atividades como professor no presídio de Canhotinhos. “Quando cheguei aqui fiquei assustado com a quantidade de presos que não sabia ler e escrever. Eles acabavam me procurando para que eu lesse e escrevesse as cartas pessoais deles”, lembra Souza, que tem segundo grau completo e curso técnico de administração de empresas. Souza acabou elaborando um projeto de alfabetização e levou para o diretor da instituição. “Comecei dando aula para 12 alunos no refeitório e hoje as aulas têm 48 alunos”, conta orgulhoso ‘O Professor’, como é chamado.
Aprendendo com a experiência de vida
Depois da capacitação Souza deixou de lecionar apenas seguindo a sua intuição e passou a usar a metodologia do BB Educar, que adota os princípios de uma educação libertadora e da prática da leitura de mundo, pressupostos da pedagogia do professor Paulo Freire. “Baseamos o ensino na realidade do educando. Além de alfabetizar, também incentivamos a reflexão e a vontade de mudar”, explica Zenira dos Santos Inocêncio, instrutora do curso de formação de alfabetizadores. “As aulas são programadas em cima do vocabulário e interesses do aluno. Em Canhotinhos, por exemplo, mostrei para os alfabetizadores que é possível ensinar matemática ajudando os presos a calcularem a redução da pena”, explica Zenira.
“Meus colegas ficaram muito animados com a chegada do programa aqui no presídio. Eu passava o dia na capacitação e à noite ficava horas contando para eles o que tinha aprendido. Já começava a colocar a metodologia em prática ali mesmo”, lembra Souza. “Nestas poucas semanas já deu para perceber que eles estão aprendendo mais rapidamente. A metodologia é fácil, prática e eles estão mais interessados. Tem até preso esperando vaga nas turmas”, diz orgulhoso.
“Tem pessoas que diante das dificuldades são destruídas, outras buscam se tornar pessoas melhores. O trabalho que é realizado aqui no presídio de Canhotinhos dá esta oportunidade de transformação”, diz Souza.
Programa BB Educar nos presídios
O Programa BB Educar foi criado por um grupo de funcionários do Banco do Brasil com o objetivo alfabetizar colegas da carreira de serviços gerais (carpinteiros, pedreiros, pintores etc). Nestes quase dez anos de atividades, mais de 86.600 mil jovens e adultos brasileiros já foram alfabetizados, e quase 68 mil encontram-se em sala de aula atualmente.
Com menos de um mês de atividade, as aulas de alfabetização do BB Educar nas penitenciárias de Pernambuco estão sendo muito comemoradas. “Levar este programa para dentro das penitenciárias brasileiras é uma oportunidade única, principalmente em Pernambuco, onde o índice de analfabetismo é enorme. Só quem vivencia o dia-a-dia nestas instituições sabe o quanto este trabalho vale a pena. Os presos percebem que a sociedade está preocupada com eles, quebra barreiras”, diz Zenira, funcionária aposentada do Banco do Brasil, que trabalha como voluntária do Programa desde 1994, e desde 1999 faz parte do Conselho da Comunidade que atua na Penitenciária de Tijucas, em Santa Catarina.
“É com grande satisfação que vejo os presos sendo alfabetizado pelo Programa BB Educar. Ações como esta devem atingir outros Estados, pois a educação facilita na reeducação e na recuperação dos presos”, acredita o Diretor Regional Penitenciário da Mata Sul e Agreste Sul, José Elmo da Silva Monteiro.