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Condições de asilos chocam deputados

Por Diário de Pernambuco    18 de outubro de 2001
A professora Maria do Rozário da Silva calcula que deve ter em torno de 80 anos e diz, sem maiores constrangimentos, que passa o dia amarrada a uma cadeira, no abrigo Cristo Redentor, em Jaboatão dos Guararapes, onde vivem cerca de 150 idosos. A rotina da aposentada, que sequer sabe há quanto tempo foi levada para a instituição, chocou os deputados federais Marcos Rolim e padre Roque, ambos do PT (RS e PR) e membros da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, aos quais foi confiada a tarefa de avaliar as condições desses abrigos em alguns Estados.

Enquanto Maria do Rozário explica a razão do castigo diário, "eles me amarram porque dizem que sou muito traquina e faço muita arte", Rolim dá sinais de que a cena causou impacto. "Isso é um verdadeiro absurdo. Ela não corre risco nenhum de cair e, portanto, não precisa ficar amarrada. Apesar de alegarem que a atitude é uma recomendação médica, isso não foi encontrado no seu prontuário". O abrigo ainda apresenta quartos superlotados, banheiros sem barras de segurança e ausência de médicos.

A situação mais crítica, porém, foi encontrada no Lar Fraternal Unidos do Amor, em Aldeia. A precariedade do local deixou os deputados perplexos. O banheiro coletivo feminino não tem privacidade e os idosos dormem no refeitório, junto da mesa da cozinha, sem nenhuma divisória. Além disso, os doentes mentais convivem com os outros inquilinos e não recebem nenhuma assistência médica.

"Esta foi, com certeza, a pior instituição já visitada por nós. O estado é deprimente. As moscas passeiam pelas feridas abertas dos doentes e ninguém faz nada. A situação aqui é muito séria". Para o deputado, o quadro é tão crítico que não há reforma que ajude a melhorar. "Esses idosos têm que ser encaminhados para as casas de famílias e hospitais geriátricos".

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