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I Encontro Cidadão discute comunicação e terceiro setor

Por Cidadania-e - Cilene Marcondes   30 de setembro de 2002
Estabelecer a troca de idéias e experiências práticas sobre o terceiro setor e a promoção do exercício pleno da cidadania. Esta é a proposta do Encontro Cidadão, que teve sua estréia no dia 16 de setembro, em São Paulo, com o tema "A importância da comunicação para o terceiro setor". O evento, que contou com a participação de cerca de 210 pessoas, teve como convidados os jornalistas Neide Duarte (TV Cultura) e Chico Pinheiro (TV Globo), o empresário Renato Ferreira Júnior (Canbrás/TVA) e a Dra. Tiny Machado Campos (União Cultural Brasil-Estados Unidos).

O Encontro Cidadão é um desdobramento do Canto Cidadão, um programa da Rádio Boa Nova AM 1450khz, de São Paulo. No ar desde fevereiro deste ano, o programa é diário e tem duração de 15 minutos, das 7h00 às 7h15 e, aos sábados vai ao ar "ao vivo", com uma hora de duração, das 11h00 às 12h00.

Para a Dra. Tiny, presidente da União Cultural Brasil-Estados Unidos, rede de escolas especializadas no ensino da língua inglesa, os setores de comunicação devem se empenhar para esclarecer a comunidade sobre a importância e abrangência do terceiro setor. "Para quem está fora do movimento, ainda há muitas dúvidas sobre o que é, como funciona e o que propõe o terceiro setor", disse.

A mesma opinião foi apresentada por Ferreira Júnior, diretor-presidente da Canbrás, operadora de TV à cabo. Segundo ele, os veículos de comunicação precisam se aproximar do terceiro setor e colaborar na promoção de soluções para problemas sociais. "Eu não sou um produtor de conteúdo, sou apenas um distribuidor de conteúdo mas, como cidadão, cada vez que vejo uma reportagem, um exemplo de ação que resolveu um determinado problema social, aumenta em mim a crença de que o Brasil é viável", afirmou.

Já para Neide Duarte, o trabalho realizado com as ONGs e entidades sociais nos últimos anos, se mostrou gratificante. "Esse contato direto com as pessoas que estão atuando, promovendo melhorias e lutando por seus direitos, me fez conhecer o Brasil de forma muito melhor. É o trabalho da minha vida, que me realiza como profissional e cidadã", contou.

Chico Pinheiro iniciou falando sobre o papel sócio-educativo da televisão e do momento pelo qual passa o jornalismo. "Chegamos a um ponto onde notícia é informação, mas não qualquer informação. Trata-se daquela informação que coloca o cidadão cada vez mais como sujeito de suas ações", disse. "Isso provoca uma mudança muito grande não só no jornalismo comunitário, mas em qualquer jornalismo. E os jornalistas estão percebendo que o importante não é o fato, mas a forma como ele acontece", completou.

O embaixador na Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Renato Aragão, participou por teleconferência do Encontro. Para ele, a televisão não está cumprindo o seu papel como ferramenta na formação das crianças. "Para mim, televisão é entretenimento, educação e informação. Se atualmente há falta de conteúdo educativo de qualidade para as nossas crianças, a solução está em nós mesmos, que precisamos criticar e propor novos modelos", afirmou.

O próximo Encontro Cidadão acontecerá em outubro e terá como tema "A educação e o terceiro setor". Os resultados dos Encontros serão transformados em programas de rádio e também ficarão disponíveis no site do Canto Cidadão (www.cantocidadao.com.br).



A cidadania pelas ondas do rádio

De acordo com um dos responsáveis pelo Canto Cidadão, Felipe Mello, a idéia de criar um programa de rádio que tratasse de cidadania surgiu durante um curso de locução. Lá, ele conheceu Roberto Ravagnani e em pouco mais de dois meses de elaboração, o programa entrou no ar. "A proposta inicial não mudou, queremos fomentar a participação do cidadão em todas as áreas e atividades", conta.

Segundo Felipe, o programa tem audiência em várias partes do Brasil. "Em pouco mais de sete meses de existência, já recebemos centenas de cartas ou e-mails de pessoas de todas as regiões do Brasil que querem informações ou compartilhar suas experiências", diz. Essa demanda mostrou para os radialistas que era preciso levar o tema da cidadania para o maior número possível de pessoas. "Percebemos que era hora de ampliar nossas formas de atuação", lembra Felipe.

Como resultado, o primeiro passo foi a criação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para atuar com a comunicação no terceiro setor. "O processo deve estar concluído até o final de setembro", acredita Felipe. Para ele, foi importante percorrer todo o processo de criação de uma Oscip também para poder informar àqueles que querem iniciar uma entidade, mas não sabem como proceder.

"Além do rádio, a equipe do Canto Cidadão passou a desenvolver programas para a televisão, realizar palestras e a assinar colunas para revistas e jornais, tratando sempre de questões ligadas à cidadania", explica Felipe. Os programas para televisão são exibidos no canal ABC 3, pertencente à programação da Canbras/TVA, e podem ser assistidos pelos cerca de 150 mil assinantes do canal na região do ABC Paulista. Com duração de 2 a 3 minutos, exibidos diversas vezes na programação diária do canal, os programas têm um novo tema a cada dia.

"Percebemos que quando se coloca na mão de uma pessoa a oportunidade de participar, ela participa mesmo, o que falta é informação", acredita Felipe. "Por isso é tão importante associar prestação de serviços aos meios de comunicação", finaliza.

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