Notícias

O trabalho de mulheres de comunidades carentes cai no gosto da moda

Por Marina Fridman - FAAP/SP   31 de outubro de 2002
P>São Paulo

-Quem diria que os ricos e famosos que andam pelas caras ruas dos jardins, trocariam seus tapetes persas e suas mantas de seda , por produtos feitos de resto de tecidos, trabalhados pelas mãos calejadas de mulheres da periferia??

Mas é o que vêm acontecendo. Na “Aldeia do Futuro”, técnicas antigas e populares como o amarradinho (restos de tecidos cortados do mesmo tamanho e amarrados num pano tipo saco de batata, mas com acabamento em tecido mais fino) e o fuxico (pequenas flores de pano costuradas uma ao lado da outra) são usadas para transformar retalhos em mantas, tapetes ou almofadas.

A associação foi criada em 1994 com o objetivo de ajudar donas de casa de classes baixas a aumentar sua renda familiar; lá elas tem acesso á cursos, onde aprendem a aplicar estas técnicas e depois podem seguir fazendo suas peças em casa, de modo que cuidam do lar e ao mesmo tempo conseguem seu “ganha pão”.

A mais ou menos dois anos atras a artista plástica Dina Broide, que coordena o projeto, conseguiu dar à popular técnica uma nova embalagem, tornando as peças mais fashions e modernas, conquistando agora o mercado classe A, como seu maior público.

Esse tipo de artesanato, que antes só era encontrado em pequenas lojinhas, atualmente esta exposto nas vitrines de grandes marcas e nas revistas de moda. Entre os adeptos da nova mania estão artistas e estrelas, como Babi , Astrid Fontenelle - a apresentadora de estilo moderninho e arrojado da rede Bandeirantes e o renomado Walter Rodrigues, que montou sua coleção, para a exposição "Designers e Artesãos - Extratos da Moda Brasileira", em parceria com a “Aldeia do futuro”. O evento que foi organizado pela tecelagem Marles, como comemoração de seus 30 anos; ocorreu em julho no Senac – moda, e em agosto ainda seguiu para França.

Mas não é só no mundo fashion que está o fuxico e o amarradinho, a Aldeia do Futuro foi um dos principais destaques da casa cor 2002, expondo um imenso tapete em tons de folhagem marrons; as novas técnica, que antes eram chamadas de “coisa de pobre”, tornaram-se a sensação do momento passando a fazer parte das “coisas dos ricos”.

Comentários dos Leitores