Notícias

Panificadoras do Ceará desenvolvem projetos de arte e educação

Por Instituto Ethos   13 de novembro de 2002
Ceará - Um projeto pioneiro no Ceará e no setor de panificação tem mobilizado o empresariado para a preocupação com a responsabilidade social e está fazendo diferença na vida de crianças de comunidades carentes daquele Estado. Trata-se do Projeto `Pão, Educação e Arte`, uma realização conjunta do Sindicado das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado do Ceará (Sindpan/CE) e do Grupo de Ação de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (GA/Fiec), patrocinada pelo Moinho Dias Branco e Instituto Souza Cruz. Com um investimento inicial de cerca de R$ 20 mil e o objetivo de melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes moradores de comunidades próximas às panificadoras, o projeto já beneficiou 135 crianças.

Lançado em julho deste ano, o programa oferece aulas na área cultural e esportiva a crianças e adolescentes, na faixa etária de 10 a 16 anos, de regiões carentes onde as panificadoras estão inseridas. `Atualmente temos uma turma de flauta, uma de percussão, outra de futebol de praia, duas de futebol e um coral`, explica Lauro Martins, vice-presidente do Sindpan/CE e coordenador do Projeto. `Queremos mostrar o outro lado da vida e dar uma ocupação para essas crianças, longe da violência`, diz Lauro.

A idéia de elaborar o programa surgiu após as empresas constatarem que poderiam contribuir para a melhora da situação precária de algumas regiões do Estado, se passassem a atuar na área social. `Queríamos fazer com que as panificadoras suprissem o que o Estado não podia fazer, nas áreas em que as empresas estão inseridas`, afirma Martins.

Atualmente, seis panificadoras participam do programa, mas há 20 empresas cadastradas. São seis turmas de 15 até 30 crianças e serão implantadas mais seis ainda em novembro. Cada empresa é responsável por uma turma. Os próprios empresários decidem qual tipo de aula irão oferecer às crianças – se na área cultural ou esportiva - e também são eles mesmos que vão às comunidades selecionar os jovens. `Buscamos as crianças nas comunidades mais carentes e escolhemos as mais necessitadas`, explica Lauro. Para poderem participar do projeto, as crianças precisam estar matriculadas na escola.

As aulas são ministradas por professores indicados pelo Sindpan e acontecem durante oito meses, duas vezes por semana, com duração de uma hora cada. O local das aulas é definido pela panificadora. Pode ser na própria empresa ou em locais onde a empresa ou o Sindicato possua convênio, desde que sejam próximos à comunidade beneficiada, para que as crianças possam ir às aulas por conta própria. Segundo Martins, as crianças adoram participar. `É muito impressionante o empenho delas. Nunca faltam`, conta.

Os alunos recebem material didático, uniforme - doados pelo Sindpan - e um lanche em todas as aulas, providenciado pela panificadora. A Reciclaço, uma empresa de reciclagem sem fins lucrativos criada em parceria pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Companhia Metalic Nordeste, também participa do projeto fornecendo os instrumentos musicais necessários e, em troca, recebe as latas de alumínio recolhidas pelo Sindicato.

O Sindpan realiza mensalmente uma reunião com todos os patrocinadores e colaboradores do projeto para que sejam avaliados os resultados e discutidas as próximas ações. Segundo Lauro Martins, a intenção é ao final das primeiras turmas, já estar com 50 empresas interessadas. `Esses grupos devem terminar as atividades em fevereiro de 2003 e, dependendo da modalidade, iremos encaminhar as crianças que mais se destacaram e com maior aptidão para o Sesi (Serviço Social da Indústria) e a outras entidades, para que elas possam continuar treinando`, acrescenta Martins. Para ele, o projeto tem conseguido alcançar o seu objetivo de mobilizar a sociedade. `Desde o seu lançamento, as pessoas têm nos procurado e perguntado como podem ajudar. Médicos, dentistas, empresários, eles se deparam com uma oportunidade e querem ajudar`, conta Lauro. `Estamos mostrando que é possível fazer alguma coisa para ajudar as comunidades carentes, mesmo sendo um projeto ainda pequeno e de baixo custo`, diz.

Comentários dos Leitores