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Milú Villela fala sobre voluntariado na ONU
Por Jornal da Tarde   28 de novembro de 2002
Nova York - Escolhida por 110 países para apresentar uma proposta de
resolução para dar continuidade e tornar permanentes as ações desenvolvidas
no Ano Internacional do Voluntário, a presidente do Instituto Faça Parte,
Milú Villela, faz nesta terça-feira um pronunciamento na abertura da 57ª
Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), reforçando a
importância do trabalho voluntário como instrumento para reduzir a exclusão
social e discriminação ainda latentes em países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos. Num caso raro de representante da sociedade civil a
discursar, a convite da ONU, na abertura da assembléia-geral, o
pronunciamento de Milú consolida o Brasil como um dos países que mais
avançaram na questão do voluntariado. Foram os resultados obtidos pelo
Brasil na adoção das ações do Ano Voluntário Internacional que alçaram o
País a modelo de trabalho voluntário para várias nações, que procuraram os
representantes brasileiros para reproduzir a estratégia traçada pelo Comitê
Brasileiro do Ano Internacional do Voluntário, que também é presidido por
Milú Villela. "O Brasil se destacou entre os 123 países que participaram do
Ano Internacional do Voluntário porque conseguiu um grande sucesso ao
engajar a sociedade civil em diversas ações e atividades do trabalho
voluntário, sem precisar utilizar quaisquer recursos financeiros do
governo." Vários pontos do rascunho de resolução a ser apresentada nesta
terça na ONU tiveram como referência o bem-sucedido modelo brasileiro,
elaborado por Milú. Segundo ela, no início de 2001, havia 22 milhões de
brasileiros participando de programas como voluntários. No fim do ano
passado, esse número já era de 42 milhões. "Hoje, por exemplo, já temos
cerca de 8 milhões de jovens participando de trabalhos voluntários, através
do programa Jovem Voluntário Escola Solidária em seis Estados e em cerca de
10 mil escolas. Daqui a dois anos, a meta é que o número cresça para 43
milhões de estudantes em mais de 60 mil escolas públicas, além de milhares
de outros estudantes de escolas privadas", explicou Milú. Ela atribui boa
parte do sucesso do programa à contribuição da mídia. No seu pronunciamento,
Milú fará um balanço dos resultados obtidos no Brasil com as ações do Ano
Internacional do Voluntário, iniciado em 2001. Além disso, destacará não
somente a importância social, mas também econômica do voluntariado. "Jorge
Gerdau (presidente da siderúrgica Gerdau) me disse que cada real trabalhado
com voluntariado equivale a 12 reais investidos diretamente", exemplificou
Milú. Para o próprio voluntário, os benefícios são grandes. "Além de ter um
impacto positivo na auto-estima das pessoas, o voluntariado é visto por
empresas e escolas de administração como sendo uma vantagem extraordinária
no currículo do voluntário", disse. Milú quer passar como principal mensagem
para os seus interlocutores que a sociedade no Brasil, através do trabalho
voluntário, vai se colocar no centro da geração de capital social e da
percepção de desenvolvimento sustentável. "A solidariedade fortalece o
tecido social e seus valores morais nas nossas comunidades." Fábio Alves).