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Metade dos nordestinos ganha 1 mínimo
Por Diário de Pernambuco   5 de dezembro de 2002
No Brasil, 54 milhões de pessoas sobrevivem com menos de meio salário e são
consideradas pobres
RIO - No Nordeste, quase 51% da população (cerca de 25,3 milhões de pessoas) sobrevivem com até um salário mínimo por mês, enquanto que no Sudeste essa proporção não chega a 18%. Essa acentuada diferença de renda é um dos indicadores do relatório anual sobre a situação da população brasileira e mundial divulgado ontem pelo IBGE e pelo Fundo de População das Nações Unidas (ONU). No Brasil, 54 milhões de pessoas, ou 32,1% da população, vivem com menos de meio salário mínimo por mês, revela ainda o estudo. Neste número estão incluídos os 5 milhões de brasileiros que declararam ao IBGE não ter renda no ano passado, quando foi realizada a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001.
A porcentagem de pessoas vivendo com renda mensal familiar per capita menor que meio salário mínimo era maior em 1992, representando 38,1% da população ou 55,5 milhões de brasileiros. Quando se analisa a situação da pobreza em todo o Mundo, os dados divulgados pelo relatório também impressionam. Segundo a ONU, 3 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 2 por dia. Isso representa quase a metade da população mundial, que, segundo o relatório, é de 6,2 bilhões de pessoas.
O Brasil é citado positivamente como exemplo de país que conseguiu reduzir a taxa de fecundidade. Segundo um cálculo da ONU, a redução dessa taxa representou um crescimento econômico de 0,7% do PIB per capita por ano de 1972 a 1994. Isso se explica por uma razão simples: se as mulheres têm menos filhos, o número de pessoas no cálculo de divisão das riquezas de um país também é menor, o que acaba elevando o valor per capita do PIB, que é a soma das riquezas produzidas em um determinado período.
Apesar de o relatório da ONU sugerir que os países dêem mais importância para os efeitos da falta de planejamento familiar no aumento da pobreza, a representante do Fundo de População da ONU no Brasil, Rosemary Barber-Madden, ressalva que a decisão de quantos filhos cada família quer ter cabe às próprias famílias.
Nas casas com menos de meio salário mínimo per capita em que o responsável é uma mulher, 64% delas se dizem pardas ou negras. Nas famílias com rendimento superior a dois salários mínimos per capita comandadas por mulheres, apenas 22,1% delas são negras ou pardas.
O estudo mediu também condições de saneamento básico e educação como fatores de desenvolvimento. No primeiro quesito, apenas 31,6% da população que vive com meio salário mínimo consegue viver em casas atendidas por saneamento básico. Na região Nordeste, pessoas de renda mais alta não necessariamente gozam da estrutura. Entre as que ganham mais de dois salários mínimos, 23% não têm condições adequadas de saneamento.
No que se refere à educação, 92% dos brasileiros de 15 a 19 anos das famílias mais pobres terminam o primeiro ano do ensino fundamental, mas só metade eles completa o quinto ano.
FECUNDIDADE - A ONU mostra também que a concentração de renda aumentou no Mundo. Em 1960, a renda per capita da população que estava entre os 20% mais ricos do Mundo era 30 vezes a renda dos que estavam entre os 20% mais pobres. Em 1999, essa diferença chegou a 74. Em 1994, era ligeiramente maior: 78.
Uma das principais causas destacadas pelo relatório para o crescimento da pobreza e da desigualdade em todo o Mundo é a falta de acesso e informações a serviços que ajudem as famílias mais pobres a evitarem uma gravidez não desejada. "Desde 1970, países em desenvolvimento com baixas taxas de fecundidade e crescimento populacional mais lento apresentaram uma maior produtividade, mais poupança e mais investimento produtivo, registrando assim mais crescimento econômico", afirma o relatório.
RIO - No Nordeste, quase 51% da população (cerca de 25,3 milhões de pessoas) sobrevivem com até um salário mínimo por mês, enquanto que no Sudeste essa proporção não chega a 18%. Essa acentuada diferença de renda é um dos indicadores do relatório anual sobre a situação da população brasileira e mundial divulgado ontem pelo IBGE e pelo Fundo de População das Nações Unidas (ONU). No Brasil, 54 milhões de pessoas, ou 32,1% da população, vivem com menos de meio salário mínimo por mês, revela ainda o estudo. Neste número estão incluídos os 5 milhões de brasileiros que declararam ao IBGE não ter renda no ano passado, quando foi realizada a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001.
A porcentagem de pessoas vivendo com renda mensal familiar per capita menor que meio salário mínimo era maior em 1992, representando 38,1% da população ou 55,5 milhões de brasileiros. Quando se analisa a situação da pobreza em todo o Mundo, os dados divulgados pelo relatório também impressionam. Segundo a ONU, 3 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 2 por dia. Isso representa quase a metade da população mundial, que, segundo o relatório, é de 6,2 bilhões de pessoas.
O Brasil é citado positivamente como exemplo de país que conseguiu reduzir a taxa de fecundidade. Segundo um cálculo da ONU, a redução dessa taxa representou um crescimento econômico de 0,7% do PIB per capita por ano de 1972 a 1994. Isso se explica por uma razão simples: se as mulheres têm menos filhos, o número de pessoas no cálculo de divisão das riquezas de um país também é menor, o que acaba elevando o valor per capita do PIB, que é a soma das riquezas produzidas em um determinado período.
Apesar de o relatório da ONU sugerir que os países dêem mais importância para os efeitos da falta de planejamento familiar no aumento da pobreza, a representante do Fundo de População da ONU no Brasil, Rosemary Barber-Madden, ressalva que a decisão de quantos filhos cada família quer ter cabe às próprias famílias.
Nas casas com menos de meio salário mínimo per capita em que o responsável é uma mulher, 64% delas se dizem pardas ou negras. Nas famílias com rendimento superior a dois salários mínimos per capita comandadas por mulheres, apenas 22,1% delas são negras ou pardas.
O estudo mediu também condições de saneamento básico e educação como fatores de desenvolvimento. No primeiro quesito, apenas 31,6% da população que vive com meio salário mínimo consegue viver em casas atendidas por saneamento básico. Na região Nordeste, pessoas de renda mais alta não necessariamente gozam da estrutura. Entre as que ganham mais de dois salários mínimos, 23% não têm condições adequadas de saneamento.
No que se refere à educação, 92% dos brasileiros de 15 a 19 anos das famílias mais pobres terminam o primeiro ano do ensino fundamental, mas só metade eles completa o quinto ano.
FECUNDIDADE - A ONU mostra também que a concentração de renda aumentou no Mundo. Em 1960, a renda per capita da população que estava entre os 20% mais ricos do Mundo era 30 vezes a renda dos que estavam entre os 20% mais pobres. Em 1999, essa diferença chegou a 74. Em 1994, era ligeiramente maior: 78.
Uma das principais causas destacadas pelo relatório para o crescimento da pobreza e da desigualdade em todo o Mundo é a falta de acesso e informações a serviços que ajudem as famílias mais pobres a evitarem uma gravidez não desejada. "Desde 1970, países em desenvolvimento com baixas taxas de fecundidade e crescimento populacional mais lento apresentaram uma maior produtividade, mais poupança e mais investimento produtivo, registrando assim mais crescimento econômico", afirma o relatório.