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Natal sem solidão

Por O Mossoroense   18 de dezembro de 2002
Crianças vítimas de violência, de abandono e desprezo por parte dos pais biológicos em Mossoró, atualmente abrigadas pelo S.O.S Criança/ Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (NUP), terão a oportunidade de sentir, pela primeira vez, o carinho de uma família neste Natal.A coordenação do órgão que acolhe as crianças vitimadas pelas próprias famílias, neste período que antecede as festividades do Natal, está permitindo que estas crianças abrigadas possam estar temporariamente sob a guarda de uma família até a passagem do Ano-Novo.Segundo a coordenadora do S.O.S. Criança/NUP, Alaíde Queiroga Formiga, a idéia já foi aplicada três vezes, sempre no final do ano durante estas festividades, desde que assumiu a coordenação há três anos. Ela explica que a entrega de uma criança a uma família interessada apenas por um período determinado, está contida no Estatuto da Criança e do Adolescente, que não só permite como incentiva a prática."É a oportunidade de uma família decidir pela adoção definitiva destas crianças e uma forma delas também sentirem o calor, o amor de uma família durante o Natal", explica Alaíde.Atualmente, o S.O.S./NUP está abrigando quatro crianças, todas com idade inferior há 2 anos (0 a 1 ano). As quatro, felizmente, já têm para onde ir neste Natal e muitas famílias até já entraram com recursos na Justiça para a adoção definitiva. Ainda de acordo com Alaíde, a entrega da guarda temporária de uma criança a uma família só é feita após a equipe de Ação Social do S.O.S. realizar uma avaliação, conhecer a família, a casa e realizar entrevistas. Após a aprovação, a família é cadastrada e na véspera de Natal esta vem buscar a criança no órgão. Muitas famílias cadastradas são do convívio do S.O.S., ou seja, ajudam o órgão como parceiros na realização de eventos para as crianças, na doação de roupas, brinquedos e, portanto, já mantêm uma proximidade com as crianças do local.

"Todos os cuidados são tomados. Não entregamos a criança a qualquer pessoa ou casal", reforça a coordenadora.Os resultados obtidos ao longo das iniciativas nos festejos de fim de ano já concretizaram cinco adoções definitivas, número este que é muito significativo, conforme a coordenação.

Ao longo do ano as adoções são efetivadas, mas este é o período em que as famílias mais se sensibilizam. No momento, o S.O.S. ainda está aguardando a autorização da juíza de Infância e Juventude de Mossoró, Valéria Lacerda, concedendo a guarda temporária das crianças. "Já encaminhamos toda a solicitação e aguardamos a resposta por parte da juíza ainda esta semana", completa Alaíde Formiga.RECREAÇÃO - Os apoios recebidos de diversos parceiros vindos do comércio, de instituições como a Maçonaria, entidades diversas e voluntários tem promovido a alegria das crianças não só neste período, mas durante momentos ao longo de todo o ano.No próximo dia 23, alguns destes parceiros promoverão uma recreação para as crianças abrigadas e também para as que já voltaram ao convívio de suas famílias (estas continuam sendo acompanhadas pelo S.O.S./NUP), com brincadeiras e diversão.

"Não pedimos, mas toda a ajuda que aqui chega é bem aceita. Essa recreação é uma destas iniciativas entre outras que temos recebido", afirma Alaíde.O S.O.S. Criança está aberto às doações de brinquedos, roupas e acessórios para bebês. O endereço é Alberto Maranhão - em frente à Indufal.Famílias mostram interesse por adoção, conforme coordenadoraPara a coordenadora do S.O.S. Criança, Alaíde Formiga, o interesse pela adoção é grande e há uma lista de famílias cadastradas no fórum, esperando a concessão para adotar uma criança. A demora faz parte de uma burocracia que a própria coordenadora admite ser desestimulante para muitas famílias, mas também tem a ver com a segurança da criança e de seus direitos."A procura pela adoção é grande e eu diria que as famílias em Mossoró têm muita vontade, mas têm de esperar a decisão da Justiça. As próprias famílias que se interessam pelas crianças do S.O.S. têm de esperar, pois a prioridade é para quem já está cadastrado no Fórum Municipal", explica Alaíde.Adoção de menino surdo-mudoestá sendo difícilExiste um caso particular no S.O.S. Criança que está sensibilizando muito toda a equipe do órgão. Há mais de um ano, um garoto abrigado no S.O.S. (o nome deve ser omitido por lei, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente), de 6 anos, surdo-mudo, não encontra uma família que o adote.Conforme a coordenadora, a maioria das crianças que chegam ao S.O.S. com autorização para adoção é logo adotada principalmente por serem bebês. No caso do garoto, além da idade, o fato de ser deficiente auditivo tem feito com que muitas famílias o recusassem."Estamos pedindo às famílias que se interessem em adotá-lo, que nos procurem, pois não haverá burocracias neste caso. Pela idade dele, a lei concede um resultado mais rápido, pois é de interesse que sejam feitas adoções de crianças acima de cinco anos", explica Alaíde.As famílias que se interessarem pelo garoto podem procurar a coordenadora Alaíde Formiga através do fone 315 - 3356 ou no endereço - Av. Alberto Maranhão - em frente à Indufal.

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