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Violência doméstica e saúde da mulher
Por Rits   20 de dezembro de 2002
O Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP) concluiu e divulgou os resultados da
pesquisa "Violência contra a Mulher e Saúde no Brasil". O levantamento foi
realizado em 4.299 residências na cidade de São Paulo e na Zona da Mata
pernambucana, onde foram entrevistas 2.645 mulheres com idades entre 15 e 49
anos.
O estudo, apresentado no dia 9 de dezembro, revela informações graves como o grande número de mulheres - 29% em São Paulo e 34% na Zona da Mata - que disseram ter sofrido algum tipo de violência física ou sexual cometida pelo seu parceiro. A pesquisa faz parte de um estudo multipaíses realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Veja a seguir um extrato desta pesquisa. Para ler a íntegra da pesquisa basta fazer o download do arquivo.
Impacto da violência na saúde das mulheres e crianças
Durante a pesquisa, as mulheres que sofreram violência física e/ou sexual relataram mais problemas de saúde do que as mulheres sem história de violência. As mulheres que sofreram violência relatam, em especial, dores ou desconfortos severos, problemas de concentração e tonturas.
A tentativa de suicídio é mais freqüente entre mulheres que sofrem violência. Tanto em São Paulo como na Zona da Mata as mulheres que sofreram violência relataram de 2 a 3 vezes mais a intenção e a tentativa de suicídio do que aquelas que não sofreram.
As mulheres que relataram violência declararam com maior freqüência o uso diário de álcool e problemas relacionados à bebida nos últimos 12 meses.
Os filhos de 5 a 12 anos de mulheres que referiram violência apresentam mais problemas, como pesadelos, chupar dedo, urinar na cama, ser tímido ou agressivo.
Na cidade de São Paulo, as mães que declararam violência relataram maior repetência escolar de seus filhos de 5 a 12 anos; na Zona da Mata, maior abandono da escola.
Lesões decorrentes da violência
Dentre as mulheres que relataram violência física, 40% em São Paulo e 37% na Zona da Mata sofreram lesões, tais como cortes, perfurações, mordidas, contusões, esfolamentos, fraturas, dentes quebrados, entre outras.
Entre as que relataram lesões, 36% ficaram tão machucadas que necessitaram assistência médica. Destas mulheres, 22% em São Paulo disseram haver passado uma noite no hospital devido ao trauma físico e 20% na Zona da Mata.
Violência e gravidez
8% na cidade de São Paulo e 11% na Zona da Mata relataram violência física durante a gravidez. Dentre estas, 29% das mulheres em São Paulo e 38% na Zona da Mata contam que receberam "socos ou pontapés na barriga durante a gravidez".
Em São Paulo, entre as mulheres que relataram violência física e sexual, 28% fizeram um aborto. Entre as que não relataram violência, 9% recorreram à prática do aborto.
Na Zona da Mata, entre as mulheres que relataram violência física e sexual, 8% realizaram ao menos um aborto, enquanto entre as que não relataram violência o índice é de 3%. Essas diferenças foram estatisticamente significativas.
Busca de ajuda
22% das mulheres em São Paulo e 24% na Zona da Mata nunca haviam relatado a violência a ninguém; para estas, a pesquisa foi a primeira oportunidade para o relato.
Na Zona da Mata, as mulheres buscam mais ajuda na própria família de origem, seguida da família do parceiro e dos amigos: 56% falaram da violência para os seus pais; 28% contaram aos/às irmãos/ãs; 25% falaram para os pais do companheiro, enquanto o mesmo percentual contou aos amigos. E é também da família que vem a maior oferta espontânea de ajuda: 44% das mulheres relataram que seus pais tentaram ajudar.
Na cidade de São Paulo, os amigos passam a ter um papel maior: 41% das mulheres procuraram os/as amigos/as, enquanto 42% procuraram os pais e o mesmo percentual procurou irmãs ou irmãos, ao passo que 23% falaram com os sogros a respeito da violência sofrida. Mas quem oferece mais ajuda são as irmãs ou irmãos (37%), seguidos pelos pais (36%) e amigos/as (29%).
Há diferenças importantes entre a cidade de São Paulo e a Zona da Mata pernambucana que chamam a atenção para as possibilidades de apoio e proteção às mulheres em situação de violência. Na cidade de São Paulo, a categoria "amigos/as" surge como mais presente, o que é revelador da maior complexidade das relações sociais nesta cidade bem como da maior liberdade de que gozam as mulheres para estabelecerem relações extrafamiliares.
Na Zona da Mata, a vizinhança adquire maior importância do que em São Paulo, o que aponta para uma forma de sociabilidade em que as relações se dão mais por proximidade do local de moradia. Nesta categoria, 15% das pernambucanas responderam que contam para vizinhos/as a respeito da violência; e 13%, por sua vez, referiram que a vizinhança já tentou ajudá-las.
Em São Paulo as taxas são de 9% para ambas as situações.
O estudo, apresentado no dia 9 de dezembro, revela informações graves como o grande número de mulheres - 29% em São Paulo e 34% na Zona da Mata - que disseram ter sofrido algum tipo de violência física ou sexual cometida pelo seu parceiro. A pesquisa faz parte de um estudo multipaíses realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Veja a seguir um extrato desta pesquisa. Para ler a íntegra da pesquisa basta fazer o download do arquivo.
Impacto da violência na saúde das mulheres e crianças
Durante a pesquisa, as mulheres que sofreram violência física e/ou sexual relataram mais problemas de saúde do que as mulheres sem história de violência. As mulheres que sofreram violência relatam, em especial, dores ou desconfortos severos, problemas de concentração e tonturas.
A tentativa de suicídio é mais freqüente entre mulheres que sofrem violência. Tanto em São Paulo como na Zona da Mata as mulheres que sofreram violência relataram de 2 a 3 vezes mais a intenção e a tentativa de suicídio do que aquelas que não sofreram.
As mulheres que relataram violência declararam com maior freqüência o uso diário de álcool e problemas relacionados à bebida nos últimos 12 meses.
Os filhos de 5 a 12 anos de mulheres que referiram violência apresentam mais problemas, como pesadelos, chupar dedo, urinar na cama, ser tímido ou agressivo.
Na cidade de São Paulo, as mães que declararam violência relataram maior repetência escolar de seus filhos de 5 a 12 anos; na Zona da Mata, maior abandono da escola.
Lesões decorrentes da violência
Dentre as mulheres que relataram violência física, 40% em São Paulo e 37% na Zona da Mata sofreram lesões, tais como cortes, perfurações, mordidas, contusões, esfolamentos, fraturas, dentes quebrados, entre outras.
Entre as que relataram lesões, 36% ficaram tão machucadas que necessitaram assistência médica. Destas mulheres, 22% em São Paulo disseram haver passado uma noite no hospital devido ao trauma físico e 20% na Zona da Mata.
Violência e gravidez
8% na cidade de São Paulo e 11% na Zona da Mata relataram violência física durante a gravidez. Dentre estas, 29% das mulheres em São Paulo e 38% na Zona da Mata contam que receberam "socos ou pontapés na barriga durante a gravidez".
Em São Paulo, entre as mulheres que relataram violência física e sexual, 28% fizeram um aborto. Entre as que não relataram violência, 9% recorreram à prática do aborto.
Na Zona da Mata, entre as mulheres que relataram violência física e sexual, 8% realizaram ao menos um aborto, enquanto entre as que não relataram violência o índice é de 3%. Essas diferenças foram estatisticamente significativas.
Busca de ajuda
22% das mulheres em São Paulo e 24% na Zona da Mata nunca haviam relatado a violência a ninguém; para estas, a pesquisa foi a primeira oportunidade para o relato.
Na Zona da Mata, as mulheres buscam mais ajuda na própria família de origem, seguida da família do parceiro e dos amigos: 56% falaram da violência para os seus pais; 28% contaram aos/às irmãos/ãs; 25% falaram para os pais do companheiro, enquanto o mesmo percentual contou aos amigos. E é também da família que vem a maior oferta espontânea de ajuda: 44% das mulheres relataram que seus pais tentaram ajudar.
Na cidade de São Paulo, os amigos passam a ter um papel maior: 41% das mulheres procuraram os/as amigos/as, enquanto 42% procuraram os pais e o mesmo percentual procurou irmãs ou irmãos, ao passo que 23% falaram com os sogros a respeito da violência sofrida. Mas quem oferece mais ajuda são as irmãs ou irmãos (37%), seguidos pelos pais (36%) e amigos/as (29%).
Há diferenças importantes entre a cidade de São Paulo e a Zona da Mata pernambucana que chamam a atenção para as possibilidades de apoio e proteção às mulheres em situação de violência. Na cidade de São Paulo, a categoria "amigos/as" surge como mais presente, o que é revelador da maior complexidade das relações sociais nesta cidade bem como da maior liberdade de que gozam as mulheres para estabelecerem relações extrafamiliares.
Na Zona da Mata, a vizinhança adquire maior importância do que em São Paulo, o que aponta para uma forma de sociabilidade em que as relações se dão mais por proximidade do local de moradia. Nesta categoria, 15% das pernambucanas responderam que contam para vizinhos/as a respeito da violência; e 13%, por sua vez, referiram que a vizinhança já tentou ajudá-las.
Em São Paulo as taxas são de 9% para ambas as situações.