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Mensagens de solidariedade

Por Hoje em Dia - http://www.hojeemdia.com.br/ - Amilcar Brumano   28 de janeiro de 2003
Belo Horizonte No meio dos donativos, a carta inocente de uma criança emociona os voluntários e agentes que trabalham no galpão da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), no Bairro da Gameleira, na Região Oeste de Belo Horizonte. A pequena Rúbia, de apenas cinco anos, não tem noção da importância de seu gesto para os flagelados das chuvas em Minas. A carta não está endereçada e nem tem o seu sobrenome, mas já virou símbolo da solidariedade que mobilizou todo o Estado e o país para a arrecadação até o momento de 150 toneladas de alimentos e quase 200 toneladas de roupas.

Assim como a carta de Rúbia, outras centenas, talvez milhares, de mensagens de otimismo e esperança estão sendo enviadas todos os dias para as pessoas necessitadas. Algumas cartas têm o endereço e telefone do doador, que muitas vezes quer fazer contato com quem for beneficiado e acompanhar a sua situação ou apadrinhar. E quem já sentiu na pele a emoção de entregar uma mensagem dessa garante que não é só de bens materiais que os flagelados precisam. "Ano passado viajei para entregar as doações e as pessoas se emocionavam ao receber as mensagens. Tem gente que é analfabeta e chora quando o voluntário lê a carta. Os flagelados se sentem gratificados com o carinho que recebem", conta Alessandro Cerqueira, de 21 anos.

Segundo a voluntária Ana Ruth Malheiros, 42, uma das cartas que chegou a ler continha mensagens de esperança. "Era de uma criança de 12 anos, escrita a lápis. Ela dizia que a roupa que estava doando era usada, mas era de coração. Nós, voluntários, ficamos muito felizes e emocionados, porque isso demonstra o carinho que a sociedade tem com as pessoas necessitadas", diz. Ana Ruth também viveu a experiência de viajar para distribuir os donativos para os atingidos e revela que a emoção é muito grande. "Eles chegam a chorar", lembra.

A estudante Leila Muzzi, 15, aproveita as férias escolares para ajudar como voluntária e diz que levou a irmã e outros primos também. "Me sinto bem em saber que estou ajudando. Aqui conheci muita gente legal", comenta. Leila confirma que muitas cartas são enviadas junto dos donativos, mas só encontrou até hoje uma oração de Santo Expedito, padroeiro das causas urgentes. Mesmo habituado a lidar com as tragédias, o diretor de comunicação da Cedec, major Aurélio Sávio Mendonça, explica que não está imune às emoções desse tipo de gesto. "A gente também é humano", admite. Para o major, este tipo de mensagem renova o ânimo das pessoas que trabalham na ajuda aos flagelados e dá força para os voluntários trabalharem dioturnamente. Tanto, que a carta de Rúbia foi parar na home page da Cedec (www.defesacivil.mg.gov.br).

Junto à carta, Rúbia enviou um desenho de uma casa e escreveu "Sua casa vai ser assim". A seguir, a carta da menina: "Oi. Meu nome é Rúbia. Tenho cinco anos. Pedi minha mãe para escrever para mim esta cartinha para vocês. Eu fiquei muito triste com tudo que aconteceu com vocês. Tenho rezado para o papai do céu para ele ajudar todos vocês e que Não posso fazer muito por vocês, mas estou ajudando no que posso, doando alguns alimentos, roupas, sapatos e alguns brinquedos também. São de coração e espero que ajudem em alguma coisa. Não percam a esperança, porque se Deus quiser, logo a vida de vocês voltará ao normal. Que Deus os abençoe. Rúbia" Somente nos dois primeiros dias da Campanha Minas Solidária, as doações para as vítimas das chuvas em Minas alcançaram 127,8 toneladas de alimentos, 133,75 toneladas de roupas, 5.316 cobertores, 2.050 colchões e 14,4 mil metros quadrados de lona plástica. Somente em Belo Horizonte existem mais de 60 postos de arrecadação de donativos.

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