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Solidariedade entra na moda
Por Jornal do Commercio   4 de fevereiro de 2003
Motivadas pela prioridade dada às questões sociais no Governo Lula, aumenta
número de companhias que se preocupam em ajudar a comunidade SÃO PAULO - Na
semana em que a modelo número um do mundo, a brasileira Gisele Bündchen,
doou parte do cachê recebido no desfile do São Paulo Fashion Week para o
programa Fome Zero, o social definitivamente virou moda. Motivadas pela
prioridade dada às questões sociais no Governo Lula, é crescente o número de
companhias que está vindo a público mostrar a sua preocupação em ajudar a
comunidade. O desafio, segundo especialistas em terceiro setor (sociedade
civil), é transformar esse oportunismo em oportunidade para deslanchar uma
política sustentável voltada para as questões sociais. Neste mês, a Ford
Caminhões, por exemplo, vai doar 200 quilos de alimentos ao programa Fome
Zero por cada caminhão vendido. Batizada de Ford Zero, Fome Zero, a
expectativa da campanha, segundo o gerente de Marketing da Ford Caminhões,
Pedro Aquino, é arrecadar 200 mil quilos de alimentos nesse período. A rede
de supermercados Barateiro, do Grupo Pão de Açúcar, é outra empresa
empenhada em se consolidar como uma marca voltada para o social. Depois de
uma pesquisa, a rede constatou que a sua clientela tinha um grande
envolvimento com a questão social e valorizava a ajuda à população carente.
Por isso, desde de novembro, a empresa decidiu adicionar a marca CompreBem à
bandeira Barateiro e introduziu o slogan CompreBem Barateiro - Comprar bem,
fazendo o bem, conta a diretora de Marketing, Maria do Carmo Pousada. Com
isso, o cliente faz as compras e pode contribuir para ações sociais
dirigidas à sua comunidade. Hoje, das 140 lojas Barateiro, 10 estão com a
bandeira CompreBem Barateiro e só três são CompreBem. A médio prazo, a
intenção da companhia é transformar todas as unidades em CompreBem. O
consultor especializado em terceiro setor, Antonio Carlos Martinelli, conta,
por exemplo, que a demanda das empresas para ter um projeto social é
crescente nos últimos meses. Tanto é que hoje ele tem o dobro de clientes,
em relação a igual período do ano passado, interessados em erguer alguma
bandeira social. OPORTUNISMO - "Vejo algumas empresas se manifestando mais
por oportunismo do que por ação social, mas é prematuro julgar. O desafio, a
partir de agora, é transformar esse oportunismo em oportunidade", observa o
presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social
(Idis), Marcos Kisil. Segundo ele, a função do Estado é orientar esse
processo, rediscutindo as prioridades nacionais, mostrando como está
gastando os recursos públicos e incentivando o investimento no social por
meio de incentivos fiscais.