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Micro ressuscitado ajuda entidade sem recursos

Por Jornal o Estado de S. Paulo   10 de fevereiro de 2003
Que tal dar vida nova àquele micro aposentado? Ele pode ser um bom presente para uma instituição sem recursos de informática. Mesmo que seu computador seja considerado obsoleto, técnicos voluntários do Projeto MetaReciclagem dão um trato na máquina para que ela funcione bem. Os micros quebrados são desmontados e seus componentes bons são aproveitados para consertar outras máquinas.

"O que chegar em nossas mãos, a gente aproveita", afirma o engenheiro Dalton Lopes Martins, responsável pelo laboratório de reciclagem do projeto. Ele formata as máquinas e instala o sistema operacional GNU/Linux. "Assim, temos liberdade técnica e evitamos acusações de pirataria."

O Projeto Metareciclagem iniciou os trabalhos em janeiro, quando foi firmada a parceria entre o Projeto Metáfora, grupo de discussão de onde surgiu a idéia, e a Agente Cidadão, entidade que liga doadores e entidades beneficentes. Em fase inicial, o MetaReciclagem fará a primeira entrega de micros reformados nesta semana. Para evoluir, o projeto está precisando de um galpão para guardar as doações e de técnicos voluntários.

Computadores reformados são utilizados por centenas de escolas de informática e cidadania do Comitê para Democratizaçãoda Informática (CDI), organização não-governamental (ONG) que promove a inclusão digital.

Em parceria com a Câmara Americana de Comércio (AmCham), o CDI organiza a Campanha Megajuda, de arrecadação de computadores. Técnicos se reúnem voluntariamente em mutirões para consertar os micros doados.

Nos países mais ricos, há muitas organizações empenhadas no assunto. A americana Alameda County Computer Resorce Center, por exemplo, conseguiu reformar e doar 5 mil computadores no ano passado.

Classe média - No Brasil, micro usado não é sinônimo de população carente. A classe média é atraída pelos preços vantajosos dos computadores de segunda mão.

Vitor Azevedo, sócio-proprietário da Busca Micro, uma consultoria para quem compra e vende PCs, afirma que os micros que mais saem são os Pentium de 100 até 233 MHz para pessoas físicas. "Um 233 MHz completo sai por, no máximo, R$ 600." Já os PCs superiores a 233 MHz são mais procurados pelas empresas de pequeno porte. "Temos muita oferta de computadores 486, mas não há mais mercado para eles."

A Busca Micro procura o computador usado que a empresa ou o usuário doméstico está precisando e intermedia o negócio para o cliente. "Sai barato para o cliente e a aquisição atinge suas metas", diz Azevedo.

Esta foi a solução adotada pelas sócias Patricia Camargo e Lilian Neri Colombi. Elas compraram um AMD K6II de uma empresa que estava se desfazendo dos pertences por R$ 700. "Se fossemos comprar um novo, iríamos gastar quase cinco vezes este valor. O computador funciona direito e atende às nossas necessidades", comenta Patricia.

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