Por Jornal O Estado de S. Paulo 10 de fevereiro de 2003
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Low Tech: micros são reformados ou viram obra de arte
No Brasil, os programas de reciclagem e reuso de computadores são recentes.
Porém, nos países onde a tecnologia se torna obsoleta mais rapidamente há muitas organizações focadas no assunto.
A americana Computer Redistribution Team (CRT) reforma computadores usados e distribui gratuitamente para quem precisa desde 1998. Atualmente, conta com nove técnicos voluntários que tratam por volta de 400 micros por mês. "Eles tem interesse em aprender mais sobre computadores e dão vida nova às máquinas consideradas obsoletas", afirma o diretor da CRT, John Keicher.
A organização sem fins lucrativos de reciclagem Alameda County Computer Resource Center (ACCRC), dos Estados Unidos, recebe por volta de 100 toneladas de eletrônicos considerados velhos por mês. Quem entrega o material precisa pagar uma taxa, que servirá para manter o programa de reciclagem, para proteger o meio ambiente de contaminações.
No meio da "sucata", voluntários selecionam computadores com velocidade acima de 200 MHz, para serem reformados e doados. "Escolas, ONGs, lares desprivilegiados, qualquer um que nos dê um bom motivo pode receber um micro reformado da ACCRC", afirma o fundador James Burgett. No ano passado, a organização doou 5 mil computadores, recebidos até por instituições da India e Tailândia.
Num galpão de 3.500 metros quadrados, 25 voluntários da ACCRC formatam computadores e instalam o sistema operacional GNU/Linux. "O Windows é mal escrito, inseguro e caro", critica Burgett.
A Lowtech, organização sem fins lucrativos da Inglaterra, também prefere instalar Linux em computadores que reforma. "Não precisamos pagar nada pelo Linux, que não demanda processadores potentes e muita memória e disco, como os sistemas comerciais", defende o diretor da Lowtech, James Wallbank. "Além disso, há uma grande variedade de aplicações grátis e os upgrades também não custarão nada."
Wallbank calcula que a Lowtech receba 20 mil quilos de computadores por ano.
Para receber as máquinas antigas, a Low Tech pede uma contribuição em dinheiro. "A empresa de reciclagem aonde levamos a sucata nos cobra para reciclar alguns materiais sem prejudicar o meio ambiente", justifica. "Mas a contribuição não é obrigatória."
Qualquer computador é aceito pela organização, mas somente máquinas com Pentium de 233 MHz ou superiores são reformadas para uso, por seis voluntários. "Nós não só distribuimos máquinas, mas damos suporte e oportunidade de aprendizado", disse.
Os micros mais antigos são matéria-prima para obras de arte. "Nossa missão é usar a criatividade com estes computadores, mesmo que não funcionem", disse.
"Reciclar é o que fazemos quando nossa criatividade se foi." (K.A.)