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IFC cria "atalho" ao Fome Zero para empresas

Por Jornal Valor   10 de março de 2003
Pelo acordo, o IFC irá doar US$ 300 mil às duas ONG's que irão criar as pré-condições para aproximar os municípios do Fome Zero das empresas interessadas em ajudar

Francisco Góes

A International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial (Bird), assinou ontem convênio com os institutos Ethos e Pólis para desenvolver ferramentas que facilitem o apoio do setor privado ao programa Fome Zero. Pelo acordo, o IFC irá doar US$ 300 mil às duas organizações não-governamentais, que irão criar as pré-condições para aproximar os cerca de 959 municípios do Fome Zero das empresas interessadas em apoiá-los.

"É uma tentativa de casar os programas municipais de combate à fome com as empresas que têm vontade de ajudar", disse ao Valor Bernard Pasquier, diretor da IFC para América Latina e Caribe. O executivo explicou que o convênio prevê a criação de uma base de dados das iniciativas municipais para erradicação da fome. Esses programas serão padronizados e disponibilizados na internet na página do Instituto Ethos, que será reformulada.

Também será criada uma central telefônica para orientar as empresas sobre como proceder no apoio aos projetos. O callcenter deve começar a operar em cerca de duas semanas e funcionará por 18 meses, informou Silvio Caccia Bava, diretor do Pólis - Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais. Bava avaliou que o convênio com o IFC é a mais importante iniciativa da sociedade civil em relação ao Fome Zero.

Segundo ele, o Pólis fará um diagnóstico dos 959 municípios do Fome Zero - a maioria deles situada no polígono da seca, no Nordeste - compilando informações do Censo e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) para ter uma visão das carências e das necessidades desses municípios.

O Pólis também fará uma pesquisa direta com atores da sociedade civil, como a Pastoral da Criança, além de instituições como o Banco do Brasil e prefeituras, para mapear o que vem sendo feito em termos de combate à fome. "A idéia é reconhecer a voz dos municípios, ver o que eles consideram como prioridade", disse Bava. Ele informou ainda que em 60 dias deverá estar concluído outro trabalho, identificando um "cardápio" de possibilidades de cooperação envolvendo todas as esferas de governo (municipal, estadual e federal) e a sociedade civil.

Pasquier, da IFC, acrescentou que em junho deverá ser publicado um relatório sobre os programas municipais de combate à fome. Ele avaliou que o grande teste do convênio será o número de programas a ser financiado pelas empresas. "O convênio deverá durar dois anos, mas dentro de três meses faremos uma reunião para avaliar quantos programas foram colocados no site e quantos foram apoiados pelo setor privado", disse Pasquier. Ele lembrou que o Ethos desafiou a IFC a participar da iniciativa e a corporação aceitou.

No início de fevereiro, o principal executivo do IFC, Peter Woicke, tinha anunciado, em São Paulo, sua disposição de apoiar o Fome Zero. De lá para cá os técnicos da IFC no Brasil trabalharam no detalhamento do convênio com o pessoal do Pólis e do Ethos. Pasquier lembrou que o acordo se enquadra na política da IFC de apoiar empresas que desenvolvam atividades na área da responsabilidade social. "As empresas podem contribuir para o Fome Zero não só financeiramente mas com pessoal e com sua experiência em gestão", disse Pasquier. Uma tendência, segundo ele, é que as empresas aceitem apoiar projetos nas regiões onde estão presentes fisicamente.

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