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Nossos idosos estão sozinhos
Por A Crítica   10 de março de 2003
Uma lixeira rodeada de insetos ao lado da Feira da Manaus Moderna, Centro da
cidade. Esse é o lugar onde Rosânio Ferreira, 94, vive há mais de 30 anos.
Dormindo em cima de um papelão, ao lado de muita sujeira e ratos, Rosânio
tenta sobreviver pedindo esmolas. Porém, o que ganha - um total de R$ 5 por
dia - não garante o seu sustento. De fala difícil e pouca, devido as
seqüelas deixadas por um derrame, ele confessa: "ainda hoje não comi nada".
Todo alimento do dia era um pedaço de manga que tinha nas mãos.
Rosânio vive com cerca de mais dez indigentes, que sobrevivem da mendicância. Ele é o mais idoso do grupo e está nas ruas desde que foi abandonado pela família, há tantos anos que ele próprio já não consegue contabilizar. Os únicos dias de refeições dignas são as terças-feiras e quintas-feiras quando um grupo de evangélicos lhes doa sopa.
Nos outros dias, Rosânio e seus colegas vivem de restos de comida catados no lixo da feira. Se falta o que comer sobra solidariedade. E mesmo quem nada tem tenta dividir o pouco que restou. Maria Francisca Carvalho, 52, é assim. Moradora das ruas e calçadas da Manaus Moderna, ela é a única a acompanhar e cuidar de Rosânio. Com ele, passa fome, frio e dor.
Não se trata de nenhum romance às avessas. É pura solidão. "Ele parece com meu pai, tento ajudá-lo da forma que posso", informou. Chorando, ela disse que a vida dos que moram nas ruas é de muita dificuldade: sem teto, comida, família, atenção e amor.
Num outro canto de Manaus mais um idoso em abandono. Edson Guimarães, 60, "Picolé", vive há mais de cinco anos numa calçada em frente à Praça 15 de Novembro, também no Centro. Edson abandonou a sua família porque não concordava com a homossexualidade de dois sobrinhos seus, que moravam na mesma casa que ele, e desde essa época, vive perambulando pelas ruas, sobrevivendo de pequenos serviços que os comerciantes da praça lhe oferecem em troca de comida.
Com o rosto marcado pelo tempo, as pernas já enfraquecidas pelas seis décadas de vida, Edson ainda sofre com catarata. O problema na vista havia sido corrigido por meio de cirurgia há tempos, mas voltou depois que o idoso foi espancado por desconhecidos, enquanto dormia na calçada.
Rosânio vive com cerca de mais dez indigentes, que sobrevivem da mendicância. Ele é o mais idoso do grupo e está nas ruas desde que foi abandonado pela família, há tantos anos que ele próprio já não consegue contabilizar. Os únicos dias de refeições dignas são as terças-feiras e quintas-feiras quando um grupo de evangélicos lhes doa sopa.
Nos outros dias, Rosânio e seus colegas vivem de restos de comida catados no lixo da feira. Se falta o que comer sobra solidariedade. E mesmo quem nada tem tenta dividir o pouco que restou. Maria Francisca Carvalho, 52, é assim. Moradora das ruas e calçadas da Manaus Moderna, ela é a única a acompanhar e cuidar de Rosânio. Com ele, passa fome, frio e dor.
Não se trata de nenhum romance às avessas. É pura solidão. "Ele parece com meu pai, tento ajudá-lo da forma que posso", informou. Chorando, ela disse que a vida dos que moram nas ruas é de muita dificuldade: sem teto, comida, família, atenção e amor.
Num outro canto de Manaus mais um idoso em abandono. Edson Guimarães, 60, "Picolé", vive há mais de cinco anos numa calçada em frente à Praça 15 de Novembro, também no Centro. Edson abandonou a sua família porque não concordava com a homossexualidade de dois sobrinhos seus, que moravam na mesma casa que ele, e desde essa época, vive perambulando pelas ruas, sobrevivendo de pequenos serviços que os comerciantes da praça lhe oferecem em troca de comida.
Com o rosto marcado pelo tempo, as pernas já enfraquecidas pelas seis décadas de vida, Edson ainda sofre com catarata. O problema na vista havia sido corrigido por meio de cirurgia há tempos, mas voltou depois que o idoso foi espancado por desconhecidos, enquanto dormia na calçada.