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Terceira idade em busca de emprego

Por Folha de Pernambuco    18 de março de 2003
A verdade é que, depois de passarem anos sendo desvalorizados, os profissionais acima dos 60 começam a atrair o interesse das empresas

Bruna Siqueira



O medo de chegar à velhice sempre esteve atrelado à vida monótona das "cadeiras de balanço". Por anos, passar para o rol da terceira idade - pela Constituição Brasileira, condição de quem atinge a casa dos 60 anos - era sinônimo de improdutividade e descaso social. Não por menos, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu para a Campanha da Fraternidade de 2003 o tema "Vida, Dignidade e Esperança para os Idosos". No século 21, a qualidade de vida deles aumentou e suas responsabilidades também: a prova é que o IBGE constatou que cerca de 350 mil pernambucanos, nesta faixa de idade, são responsáveis pelo sustento de suas casas.

A maior conquista do segmento veio em novembro de 2001, quando foi criada a lei 12.109, que estabelece as diretrizes do Governo do Estado em prol dos mais velhos. Para a presidente do Conselho Estadual de Direitos do Idoso (Cedi), Paula Regina Machado, essa é a melhor forma de garantir 718,2 mil pessoas que estão acima dos 60 anos em Pernambuco. "Uma das nossas metas é criar a delegacia do idoso", conta Paula Regina. Quanto à sua reintegração ao mercado de trabalho, Eduza Pereira, membro do Cedi, diz que ainda é preciso investir em ações profissionalizantes.

"Há algum tempo, as atividades eram apenas terapêuticas, mas agora é preciso criar soluções para minimizar a pobreza. Por isso, é tão importante garantir algo que lhes possibilite geração de renda", frisa. Atualmente, 60% dos idosos do Estado ganham até um salário mínimo (R$ 200) por mês e 5,4% não possuem rendimento algum. Sem falar que o Recife está em terceiro lugar no ranking das seis capitais do País com maior número de pessoas na terceira idade, segundo o IBGE. Em todo o Brasil, há cerca de 14 milhões de idosos.

Teresa Couto, gerente de intermediação da Agência do Trabalho, diz que são poucas as empresas que tomam a iniciativa de contratar funcionários com mais de 50 anos. Hoje, 50% dos contratados por intermédio do órgão estão na faixa dos 30. De 1997 até fevereiro de 2003, foram contabilizados 3.172 cadastros ativos de pessoas com idade acima dos 50, o que representa apenas 1,92% dos candidatos ativos e inativos do banco de dados da Agência. "Há quatro anos estamos com um trabalho de conscientização junto às empresas, para que elas estendam a faixa etária dos pretendentes às vagas", ressalta Teresa.

Para Maria do Carmo Lencastre, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/Regional PE, as pessoas estão envelhecendo melhor, mas a competição "leonina" tem excluído esse trabalhador do mercado. "Há o incentivo à aposentadoria precoce, o que é ruim. Continuar trabalhando é importante para o idoso manter sua saúde. Nos períodos de crise, muitos tornam-se arrimos de família", defende. Na opinião da médica, as universidades, empresas e sociedade em geral deveriam abrir mais espaço para torná-los produtivos.

Pensando em dar sua cota de participação, os radialistas Hélio Rodrigues e Thereza Campos, da Rádio Jovem Cap (1.240 AM), entraram com um projeto para capacitar gratuitamente, através de telecursos e palestras à distância, cerca de 600 idosos da comunidade do Cajueiro, Zona Norte do Recife. A dupla vai receber o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e vai começar a aplicar as aulas em abril. O projeto faz parte do programa "Eternamente Jovem", transmitido de segunda à sexta-feira, das 5h às 6h. As inscrições podem ser feitas na própria rádio.

Serviço:

Rádio Jovem Cap:

Fone: (81) 3224.7986

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