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R$ 50 para aprender a ler
Por Correio Braziliense    19 de março de 2003
MEC incentivará, com prêmio em dinheiro, mães analfabetas do programa
Bolsa-Escola a retomar os estudos
Guaíra Flor
As mães das crianças beneficiadas pelo programa Bolsa-Escola terão prioridade no programa de alfabetização do governo federal. Elas serão convidadas a voltar a estudar e - assim que aprenderem a ler e escrever - receberão R$ 50 de prêmio do Ministério da Educação. Estima-se que pelo menos 282 mil mulheres serão beneficiada pelo programa, lançado ontem pelo ministro da pasta, Cristovam Buarque, e pela secretária especial de políticas para Mulheres, Emília Fernandes.
''Investiremos nas mães do Bolsa-Escola porque não há uma mãe educada cujo filho não estude'', diz o ministro. Com os pais, observa ele, nem sempre acontece o mesmo. Afinal, o homem não costuma se preocupar tanto com o futuro das crianças.
A afirmação do ministro é comprovada por pesquisa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Segundo o estudo, os filhos de mulheres alfabetizadas têm oito vezes mais chances de freqüentar a escola do que as crianças nascidas de mãe analfabeta. ''Além disso, a alfabetização das mulheres implica em maior independência financeira, auto-estima e poder para as mesmas'', explica Mary Castro, pesquisadora da Unesco e militante do movimento feminista. ''Sem falar que ajuda a prevenir a gravidez precoce e o contágio pelo vírus da Aids.''
O MEC investirá um salário mínimo (R$ 200) para cada mãe do Bolsa-Escola alfabetizada. A verba inclui a bolsa da alfabetizanda (R$ 50), o pagamento do professor (R$ 90) e o material didático (R$ 60). À Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, caberá mobilizar as mães, transportá-las até às escolas e garantir um local seguro para deixarem os filhos durante as aulas. O projeto também será apoiado pelos governos estaduais e municipais. A Bahia sediará, em maio, a aula inaugural de alfabetização dessas mulheres. O estado concentra o maior número de analfabetos do país (2,05 milhões de pessoas).
Cadastro único
O programa Bolsa-Escola beneficia, hoje, 5,12 milhões de famílias. Desse total, 1,1 milhão estão inscritas no sistema de cadastro único do governo federal. A base de dados - criada em setembro do ano passado - visa unificar a distribuição dos benefícios sociais destinados às famílias com renda mensal inferior a um salário mínimo per capita (como a bolsa-escola, vale-gás, bolsa-alimentação etc).
Segundo o cadastro único, 92,8% das bolsas-escolas são entregues a mulheres chefes de família. Entre elas, 23,05% são analfabetas absolutas e 37,05% são analfabetas funcionais (não concluíram a 4º série). Em um primeiro momento, o programa de alfabetização do governo beneficiará apenas o primeiro grupo - composto por cerca de 282 mil mulheres.
Em Brasília, as principais lideranças nacionais da indústria da construção civil reuniram-se ontem para discutir a implantação de um programa nacional de alfabetização de operários em canteiros de obras. Durante o evento, no Senado Federal, os senadores Paulo Octávio (PFL-DF) e Eurípedes Camargo (PT-DF) comprometeram-se a apresentar um projeto de lei, daqui a 30 dias, para estabelecer as condições de aplicação do programa de alfabetização.
Analfabetismo
13,5% das mulheres brasileiras acima de 15 anos de idade são analfabetas
13,8% dos homens da mesma idade não sabem ler ou escrever
5,7% é a taxa de analfabetismo do Distrito Federal. A menor do país
Guaíra Flor
As mães das crianças beneficiadas pelo programa Bolsa-Escola terão prioridade no programa de alfabetização do governo federal. Elas serão convidadas a voltar a estudar e - assim que aprenderem a ler e escrever - receberão R$ 50 de prêmio do Ministério da Educação. Estima-se que pelo menos 282 mil mulheres serão beneficiada pelo programa, lançado ontem pelo ministro da pasta, Cristovam Buarque, e pela secretária especial de políticas para Mulheres, Emília Fernandes.
''Investiremos nas mães do Bolsa-Escola porque não há uma mãe educada cujo filho não estude'', diz o ministro. Com os pais, observa ele, nem sempre acontece o mesmo. Afinal, o homem não costuma se preocupar tanto com o futuro das crianças.
A afirmação do ministro é comprovada por pesquisa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Segundo o estudo, os filhos de mulheres alfabetizadas têm oito vezes mais chances de freqüentar a escola do que as crianças nascidas de mãe analfabeta. ''Além disso, a alfabetização das mulheres implica em maior independência financeira, auto-estima e poder para as mesmas'', explica Mary Castro, pesquisadora da Unesco e militante do movimento feminista. ''Sem falar que ajuda a prevenir a gravidez precoce e o contágio pelo vírus da Aids.''
O MEC investirá um salário mínimo (R$ 200) para cada mãe do Bolsa-Escola alfabetizada. A verba inclui a bolsa da alfabetizanda (R$ 50), o pagamento do professor (R$ 90) e o material didático (R$ 60). À Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, caberá mobilizar as mães, transportá-las até às escolas e garantir um local seguro para deixarem os filhos durante as aulas. O projeto também será apoiado pelos governos estaduais e municipais. A Bahia sediará, em maio, a aula inaugural de alfabetização dessas mulheres. O estado concentra o maior número de analfabetos do país (2,05 milhões de pessoas).
Cadastro único
O programa Bolsa-Escola beneficia, hoje, 5,12 milhões de famílias. Desse total, 1,1 milhão estão inscritas no sistema de cadastro único do governo federal. A base de dados - criada em setembro do ano passado - visa unificar a distribuição dos benefícios sociais destinados às famílias com renda mensal inferior a um salário mínimo per capita (como a bolsa-escola, vale-gás, bolsa-alimentação etc).
Segundo o cadastro único, 92,8% das bolsas-escolas são entregues a mulheres chefes de família. Entre elas, 23,05% são analfabetas absolutas e 37,05% são analfabetas funcionais (não concluíram a 4º série). Em um primeiro momento, o programa de alfabetização do governo beneficiará apenas o primeiro grupo - composto por cerca de 282 mil mulheres.
Em Brasília, as principais lideranças nacionais da indústria da construção civil reuniram-se ontem para discutir a implantação de um programa nacional de alfabetização de operários em canteiros de obras. Durante o evento, no Senado Federal, os senadores Paulo Octávio (PFL-DF) e Eurípedes Camargo (PT-DF) comprometeram-se a apresentar um projeto de lei, daqui a 30 dias, para estabelecer as condições de aplicação do programa de alfabetização.
Analfabetismo
13,5% das mulheres brasileiras acima de 15 anos de idade são analfabetas
13,8% dos homens da mesma idade não sabem ler ou escrever
5,7% é a taxa de analfabetismo do Distrito Federal. A menor do país