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ONU faz nova reunião hoje

Por Hoje em Dia   20 de março de 2003
NAÇÕES UNIDAS - Um dia após a jornada mais negra da história da Organização das Nações Unidas (ONU), o Palácio da Paz se retorce entre as cinzas da democracia. Hoje, alguns chanceleres de países pertencentes ao Conselho de Segurança (CS) da ONU estarão em Nova Iorque para uma reunião com Hans Blix, o chefe dos inspetores de armas químicas e biológicas da entidade no Iraque. Foi o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que martelou na noite de segunda-feira os pregos no ataúde das inspeções. Com um tom severo e ar de policial do mundo, sentenciou que 'o Conselho de Segurança não esteve à altura de suas responsabilidades. Nós estaremos à altura das nossas'. Bush deixou as migalhas para a ONU: um 'papel adequado' na administração do pós-guerra, o que pode ser traduzido, se comprovadas as indiscrições de analistas de Wall Street, como uma porção microscópica dos planos de reconstrução do Iraque elaborados pela Casa Branca.

Desautorizado pelos EUA, o CS insistiu, no entanto, para poder dar hoje a última palavra sobre o assunto. A poucas horas do vencimento do ultimato norte-americano a Saddam Hussein, os chanceleres participarão da sessão pública com Blix, na qual ele pretende detalhar o que restava ao Iraque fazer para satisfazer as condições de desarmamento.

Colin Powell, dos EUA, e Jack Straw, da Grã-Bretanha, estarão ausentes. 'Não vejo motivo para ir', disse o chefe da diplomacia norte-americana. 'Estão reacomodando os assentos sobre o deck do Titanic', ironizou Richard Grenell, porta-voz do embaixador norte-americano na ONU, John Negroponte. Da cúpula solicitada há alguns dias, participarão o francês Dominique de Villepin, o alemão Joschka Fischer e o russo Igor Ivanov. Talvez apareça a espanhola Ana Palacio, cujo governo patrocinou uma resolução em conjunto com EUA e Grã-Bretanha, mas que não chegou a ser apresentada. Também são esperados o sírio Farouq al-Shara e os chanceleres de Angola, Camarões e Guiné, que chegaram ontem a Nova Iorque para uma reunião do CS dedicada à África.

O capítulo de segunda-feira, quando Estados Unidos, Espanha e Grã-Bretanha abandonaram a resolução e abriram o caminho para a guerra, causou uma profunda ferida nas Nações Unidas. 'Se a ação militar ocorre sem o aval do Conselho, sua legitimidade será colocada em dúvida e seu respaldo se verá reduzido', prognosticou Annan.

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