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Apoio ao terceiro setor, com o foco no negócio
Por Jornal do Commercio    21 de março de 2003
Pelo bem da comunidade e da empresa
Débora Oliveira
Aulas de artesanato, Inglês, Espanhol e informática para moradores do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi a forma que a General Electric encontrou para estreitar laços com os vizinhos. Com fábrica no local desde 1921, a GE ganhou a confiança dos moradores e não tem problemas com a violência.
Na Ibmec Jr. Consulting de São Paulo, o apoio a entidades de terceiro setor vem através de consultoria gratuita prestada por alunos das empresas juniores. A diretora de projetos sociais da escola, Kali Justine acredita que desenvolver tais habilidades nas turmas é uma maneira de formar profissionais mais completos e valorizados pelo mercado.
GE e Ibmec Jr. Consulting são apenas dois exemplos que apontam para as práticas de responsabilidade social como forma de interação com o mercado. São ações que perdem o caráter puramente assistencialista, tornando-se estratégias que trazem ganhos reais para as companhias. "A tendência é procurar projetos relacionados às atividades das organizações e ter retorno", confirma o presidente da Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife), Léo Voigt.
Papel social cumprido, com benefícios diretos
As iniciativas estão mais estruturadas para, segundo Voigt, cumprirem o papel social das empresas mas trazerem algum benefício direto. "Seja refletindo em mais segurança na vizinhança, agregando valor ao serviço prestado, ou formando mão-de-obra qualificada para a própria organização, as ações são formalizadas", diz Voigt. A Pfizer, de medicamentos, segue a idéia.
Em 2000, a empresa fez uma pesquisa para determinar segmentos onde deveria focar suas ações sociais e escolheu as áreas de saúde e educação. "Apoiamos o projeto Aprendendo a Viver, voltado para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o Cabra Escola, de incentivo a caprinocultura, e o de Educação Sexual. Ano passado foram R$ 450 mil investidos", conta o diretor de assuntos legais e corporativos da Pfizer, Eduardo Najjar Roque.
Roque confirma, portanto, o planejamento dos projetos, mas diz também que não há qualquer relação destas ações com os resultados da companhia. "Como é venda de medicamentos, isso não influencia. Conseguimos a satisfação dos funcionários como voluntários", conta o executivo. O presidente do Gife reforça que o apoio ao terceiro setor ainda não afeta o consumo. "Mas é uma forma de compensar a impossibilidade de assegurar o emprego".
Até então, as empresas eram instrumento de integração social e, de acordo com o presidente do Gife, principal acesso à cidadania por proporcionarem trabalho. "Hoje, consegue-se produzir mercadorias com mais qualidade e menos funcionários. Estas ações de terceiro setor são uma forma de compensar esta lacuna", comenta Voigt.
O shopping center Nova América, em Del Castilho, substituiu uma fábrica de tecidos que funcionava no local e gerava algumas centenas de emprego. No melhor da política da boa vizinha, o mall investiu em um projeto da Cruzada do Menor - que oferece creche, assistência para idosos e cursos para adolescentes da região -, antes mesmo da inauguração do empreendimento, há sete anos.
- Lojistas e os administradores do shopping gastam cerca de R$ 800 mil por ano para manter o projeto que, hoje, atende 160 crianças, 70 adolescentes e 20 idosos - conta o gerente geral do Nova América e diretor da Cruzada do Menor, Evandro Ferrer. Entre os adolescentes na faixa dos 16 anos, 170 estão empregados no mercado formal com cursos como os de jardinagem e informática.
O resultado reflete ainda na tranqüilidade do ambiente. Mesmo estando às margens da Linha Amarela e junto a favelas, a violência fica longe. A GE do Jacarezinho mantem o mesmo panorama, seguindo cartilha semelhante. "A comunidade reconhece a importância dos cursos de informática, artesanato e bolsas para idiomas proporcionados pela GE", diz a diretora do Instituto Elfun, da área social, e supervisora de importação da empresa, Susi Cunha.
Outro exemplo é a Stefanini Consultoria de informática, na Zona Oeste de São Paulo. A empresa atende, com projetos de educação e profissionalização, pessoas entre 14 e 67 anos. "Os alunos podem ter acesso a cursos de suporte, manutenção de rede de computadores e Web, além do básico em informática", comenta Maria José Machado, diretora do Instituto Stefanini.
A comunidade local acessa a Internet com hora marcada. "Estamos a dois quarteirões de uma favela com 2,5 mil famílias e a sede da empresa fica a 20 minutos daqui", afirma Maria José, acrescentando que o projeto consome R$ 250 mil por ano e tem mais de 2,8 mil alunos. São 11 funcionários e cerca de 30 voluntários trabalhando no projeto.
Imagem fortalecida entre funcionários e comunidade
Na Schneider Electric, de materiais elétricos, as três unidades da empresa no Estado de São Paulo desenvolvem a comunidade, atendendo crianças e adolescentes. Próximo à sede da companhia, na capital paulista, a Fundação Julita é beneficiada. Na unidade do Sumaré, o apoio vai para o Instituto de Promoção ao Menor, enquanto, em Guararema, também com filial da Schneider, é o Grupo de Apoio às crianças com câncer que recebe atenção.
- A imagem da companhia fica fortalecida para os funcionários e a comunidade - comenta a responsável pela área de RH da empresa, Ignez Panighel, acrescentando que, em 2002, a verba para estes projetos, no Brasil, foi de 25 mil euros. Na CTBC, do grupo Algar, o investimento em 12 escolas públicas pelo Programa Escola de Futuro estimula a leitura, educação ambiental, cidadania e desenvolvimento tecnológico.
Profissionais contratados pela empresa dão treinamento aos professores, desenvolvendo tais aspectos. "O objetivo é melhorar o ambiente de forma continuada, para que possam continuar o projeto mesmo com a saída da CTBC", diz Ivone Santana, coordenadora do programa. Voltada para a preservação ambiental, a Faber-Castell procura focar-se em temas associados a sua imagem.
- Para uma empresa que fabrica produtos para educação infantil, a arte e o lazer criativo, é fundamental dar o exemplo. Cuidar das pessoas ao redor e do meio ambiente é fundamental para nosso crescimento - resume a gerente de serviços e marketing da Faber-Castell, Elaine Mandado.
Débora Oliveira
Aulas de artesanato, Inglês, Espanhol e informática para moradores do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi a forma que a General Electric encontrou para estreitar laços com os vizinhos. Com fábrica no local desde 1921, a GE ganhou a confiança dos moradores e não tem problemas com a violência.
Na Ibmec Jr. Consulting de São Paulo, o apoio a entidades de terceiro setor vem através de consultoria gratuita prestada por alunos das empresas juniores. A diretora de projetos sociais da escola, Kali Justine acredita que desenvolver tais habilidades nas turmas é uma maneira de formar profissionais mais completos e valorizados pelo mercado.
GE e Ibmec Jr. Consulting são apenas dois exemplos que apontam para as práticas de responsabilidade social como forma de interação com o mercado. São ações que perdem o caráter puramente assistencialista, tornando-se estratégias que trazem ganhos reais para as companhias. "A tendência é procurar projetos relacionados às atividades das organizações e ter retorno", confirma o presidente da Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife), Léo Voigt.
Papel social cumprido, com benefícios diretos
As iniciativas estão mais estruturadas para, segundo Voigt, cumprirem o papel social das empresas mas trazerem algum benefício direto. "Seja refletindo em mais segurança na vizinhança, agregando valor ao serviço prestado, ou formando mão-de-obra qualificada para a própria organização, as ações são formalizadas", diz Voigt. A Pfizer, de medicamentos, segue a idéia.
Em 2000, a empresa fez uma pesquisa para determinar segmentos onde deveria focar suas ações sociais e escolheu as áreas de saúde e educação. "Apoiamos o projeto Aprendendo a Viver, voltado para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o Cabra Escola, de incentivo a caprinocultura, e o de Educação Sexual. Ano passado foram R$ 450 mil investidos", conta o diretor de assuntos legais e corporativos da Pfizer, Eduardo Najjar Roque.
Roque confirma, portanto, o planejamento dos projetos, mas diz também que não há qualquer relação destas ações com os resultados da companhia. "Como é venda de medicamentos, isso não influencia. Conseguimos a satisfação dos funcionários como voluntários", conta o executivo. O presidente do Gife reforça que o apoio ao terceiro setor ainda não afeta o consumo. "Mas é uma forma de compensar a impossibilidade de assegurar o emprego".
Até então, as empresas eram instrumento de integração social e, de acordo com o presidente do Gife, principal acesso à cidadania por proporcionarem trabalho. "Hoje, consegue-se produzir mercadorias com mais qualidade e menos funcionários. Estas ações de terceiro setor são uma forma de compensar esta lacuna", comenta Voigt.
O shopping center Nova América, em Del Castilho, substituiu uma fábrica de tecidos que funcionava no local e gerava algumas centenas de emprego. No melhor da política da boa vizinha, o mall investiu em um projeto da Cruzada do Menor - que oferece creche, assistência para idosos e cursos para adolescentes da região -, antes mesmo da inauguração do empreendimento, há sete anos.
- Lojistas e os administradores do shopping gastam cerca de R$ 800 mil por ano para manter o projeto que, hoje, atende 160 crianças, 70 adolescentes e 20 idosos - conta o gerente geral do Nova América e diretor da Cruzada do Menor, Evandro Ferrer. Entre os adolescentes na faixa dos 16 anos, 170 estão empregados no mercado formal com cursos como os de jardinagem e informática.
O resultado reflete ainda na tranqüilidade do ambiente. Mesmo estando às margens da Linha Amarela e junto a favelas, a violência fica longe. A GE do Jacarezinho mantem o mesmo panorama, seguindo cartilha semelhante. "A comunidade reconhece a importância dos cursos de informática, artesanato e bolsas para idiomas proporcionados pela GE", diz a diretora do Instituto Elfun, da área social, e supervisora de importação da empresa, Susi Cunha.
Outro exemplo é a Stefanini Consultoria de informática, na Zona Oeste de São Paulo. A empresa atende, com projetos de educação e profissionalização, pessoas entre 14 e 67 anos. "Os alunos podem ter acesso a cursos de suporte, manutenção de rede de computadores e Web, além do básico em informática", comenta Maria José Machado, diretora do Instituto Stefanini.
A comunidade local acessa a Internet com hora marcada. "Estamos a dois quarteirões de uma favela com 2,5 mil famílias e a sede da empresa fica a 20 minutos daqui", afirma Maria José, acrescentando que o projeto consome R$ 250 mil por ano e tem mais de 2,8 mil alunos. São 11 funcionários e cerca de 30 voluntários trabalhando no projeto.
Imagem fortalecida entre funcionários e comunidade
Na Schneider Electric, de materiais elétricos, as três unidades da empresa no Estado de São Paulo desenvolvem a comunidade, atendendo crianças e adolescentes. Próximo à sede da companhia, na capital paulista, a Fundação Julita é beneficiada. Na unidade do Sumaré, o apoio vai para o Instituto de Promoção ao Menor, enquanto, em Guararema, também com filial da Schneider, é o Grupo de Apoio às crianças com câncer que recebe atenção.
- A imagem da companhia fica fortalecida para os funcionários e a comunidade - comenta a responsável pela área de RH da empresa, Ignez Panighel, acrescentando que, em 2002, a verba para estes projetos, no Brasil, foi de 25 mil euros. Na CTBC, do grupo Algar, o investimento em 12 escolas públicas pelo Programa Escola de Futuro estimula a leitura, educação ambiental, cidadania e desenvolvimento tecnológico.
Profissionais contratados pela empresa dão treinamento aos professores, desenvolvendo tais aspectos. "O objetivo é melhorar o ambiente de forma continuada, para que possam continuar o projeto mesmo com a saída da CTBC", diz Ivone Santana, coordenadora do programa. Voltada para a preservação ambiental, a Faber-Castell procura focar-se em temas associados a sua imagem.
- Para uma empresa que fabrica produtos para educação infantil, a arte e o lazer criativo, é fundamental dar o exemplo. Cuidar das pessoas ao redor e do meio ambiente é fundamental para nosso crescimento - resume a gerente de serviços e marketing da Faber-Castell, Elaine Mandado.