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O Brasil se prepara para a pneumonia

Por Jornal da Tarde   2 de abril de 2003
Embora o Brasil ainda não tenha registro de nenhum caso da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, em inglês) – a chamada pneumonia asiática –, a secretaria do Estado de Saúde já reservou 24 leitos para receber possíveis portadores da doença – oito no Hospital São Paulo, na capital, e 16 no Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas. O Hospital do Servidor Público de São Paulo também está preparado para reservar mais quartos, se for necessário.

Os hospitais foram escolhidos por terem leitos com pressão negativa – em caso de contaminação, o ar não sai do local, o que garante o isolamento do vírus. “São Paulo pratica uma política de saúde preventiva. A intenção é não deixar a população preocupada e estar preparado para um possível caso da doença”, diz o coordenador da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), Luiz Jacintho da Silva.

Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já distribuiu notas técnicas à Embratur, à Infraero, às companhias aéreas brasileiras e às coordenações nacionais de portos, aeroportos e fronteiras do País. Os folhetos contêm explicações dos sintomas da doença e deverão ser afixados nesses locais.

De acordo com o infectologista Celso Granato, professor-adjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a pneumonia atípica é uma doença conhecida tanto no Brasil como no mundo.

“Existem vários tipos de vírus que causam essa doença, que apresenta o mesmo quadro clínico da pneumonia surgida na Ásia”, explica. “A novidade, portanto, não é a doença em si, mas o vírus que causa essa pneumonia específica, e que ainda não foi identificado pelas autoridades de saúde.” O especialista diz que é possível que o causador da pneumonia asiática seja um vírus novo, ainda desconhecido ou um vírus já conhecido que tenha sofrido mutação.

Ontem, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o número de mortes causadas pela pneumonia asiática subiu de 58 para 62. O total de casos também aumentou de 1.622 para 1.804. Mas até o momento, a OMS não registrou nenhum caso da doença na América Latina.

Um turista britânico, que já se recuperou e voltou ao seu país, foi anunciado ontem como o primeiro caso confirmado na Austrália. No Canadá, a doença provocou a morte de outras duas pessoas em Toronto, elevando para seis o número de mortos.

Em São Francisco (EUA), um avião comercial proveniente de Tóquio foi colocado de quarentena com 200 pessoas a bordo, após dois passageiros e dois tripulantes terem relatado sintomas similares ao da pneumonia atípica. Até agora, a China lidera o número de casos com 806 e 34 mortes. Hong Kong vem em seguida com 685 casos e 16 mortos.

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