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‘Brincar’ de tecnologia, uma ferramenta de ensino
Por David Moisés, O ESTADO DE S. PAULO   7 de abril de 2003
Se as crianças da pré-escola têm espaço para construir brinquedos e ferramentas criativas que lhes permitem pensar, testar e aprender, por que os estudantes mais velhos deveriam virar ouvintes inanimados numa sala de aula onde o professor os enche de dados e teorias? O norte-americano Mitchel Resnick aprofundou-se nessa questão e suas conclusões estão evidentes já no nome do grupo que ele coordena, o Lifelong Kindergarten (algo como “jardim da infância para toda a vida”), que realiza pesquisas sobre aprendizagem, no Media Lab do Massachusets Institute of Technology (MIT). Para Resnick, um físico com PhD em ciências da computação, é necessário desenvolver novos materiais para que as crianças possam crescer construindo soluções criativas que envolvam as várias áreas do conhecimento.
Estes novos materiais podem ser “brinquedos” mais complexos, como pequenos robôs e engenhocas a serem montados e programados pelas crianças. “E o computador pode ser uma nova ferramenta para este aprendizado”, disse ele em São Paulo, onde se reuniu com professores da Fundação Bradesco. Resnick cita o caso de um adolescente indiano que, ao participar de atividades do Computer Clubhouse – programa do Media Lab – em sua cidade, brincava com um microscópio acoplado a um computador, que permitia observar imagens das amostras na tela do monitor.
Computador e água – “Por curiosidade, o garoto trouxe uma gota de água de sua casa para ver no microscópio, e ficou horrorizado”, conta Resnick. Começou a fazer uma pesquisa sobre a origem da água em seu bairro, as péssimas condições de higiene na fonte, a forma como as famílias a usavam, a incidência de doenças. O estudante fez uso de conteúdos de várias disciplinas da escola para compreender um problema de sua comunidade e, ao fim do processo, liderar uma campanha para que as famílias começassem a ferver a água antes de beber. “Assim, integram-se atividades estanques, com maior impacto na compreensão.”
Da mesma forma, Resnick lembra crianças que desenvolveram soluções para questões menos “vitais”, como a garota norte-americana que criou um sistema para impedir o irmãozinho de xeretar seu diário, com uma câmera fotográfica acoplada à capa para flagrar o bisbilhoteiro toda vez que ele a abrisse. “A tecnologia tem de ser dada às crianças e jovens de modo que faça sentido para eles”, diz o pesquisador. “E o mais importante é que eles podem mudar os sistemas que criam.”
Criatividade – O trabalho de Resnick leva em conta que a sociedade humana atual é muito mais do que uma “sociedade da informação”, pois é preciso saber dar uso à informação. “O conceito evoluiu para o de ‘sociedade do conhecimento’, e estamos agora buscando uma evolução para a ‘sociedade criativa’”, afirma o pesquisador. “As pessoas precisam continuar aprendendo por toda a vida, e dando soluções criativas para seus problemas e necessidades.”
A tecnologia ajuda nesse sentido, porque permite simulações e construções simples no processo de aprendizado. Para Resnick, o sistema educacional predominante resiste a mudanças e, como tal, põe barreiras às novas dinâmicas propostas para o espaço escolar. “Estamos falando em difundir novas idéias sobre o aprendizado, e isso é difícil, mas é importante reparar que a tecnologia ajuda na difusão destas idéias”, avalia. Ele prevê que as mudanças serão lentas, mas que ocorrerão com maior facilidade ao longo das próximas gerações. “As crianças de hoje é que estarão melhor preparadas para as mudanças sistêmicas.”
Estes novos materiais podem ser “brinquedos” mais complexos, como pequenos robôs e engenhocas a serem montados e programados pelas crianças. “E o computador pode ser uma nova ferramenta para este aprendizado”, disse ele em São Paulo, onde se reuniu com professores da Fundação Bradesco. Resnick cita o caso de um adolescente indiano que, ao participar de atividades do Computer Clubhouse – programa do Media Lab – em sua cidade, brincava com um microscópio acoplado a um computador, que permitia observar imagens das amostras na tela do monitor.
Computador e água – “Por curiosidade, o garoto trouxe uma gota de água de sua casa para ver no microscópio, e ficou horrorizado”, conta Resnick. Começou a fazer uma pesquisa sobre a origem da água em seu bairro, as péssimas condições de higiene na fonte, a forma como as famílias a usavam, a incidência de doenças. O estudante fez uso de conteúdos de várias disciplinas da escola para compreender um problema de sua comunidade e, ao fim do processo, liderar uma campanha para que as famílias começassem a ferver a água antes de beber. “Assim, integram-se atividades estanques, com maior impacto na compreensão.”
Da mesma forma, Resnick lembra crianças que desenvolveram soluções para questões menos “vitais”, como a garota norte-americana que criou um sistema para impedir o irmãozinho de xeretar seu diário, com uma câmera fotográfica acoplada à capa para flagrar o bisbilhoteiro toda vez que ele a abrisse. “A tecnologia tem de ser dada às crianças e jovens de modo que faça sentido para eles”, diz o pesquisador. “E o mais importante é que eles podem mudar os sistemas que criam.”
Criatividade – O trabalho de Resnick leva em conta que a sociedade humana atual é muito mais do que uma “sociedade da informação”, pois é preciso saber dar uso à informação. “O conceito evoluiu para o de ‘sociedade do conhecimento’, e estamos agora buscando uma evolução para a ‘sociedade criativa’”, afirma o pesquisador. “As pessoas precisam continuar aprendendo por toda a vida, e dando soluções criativas para seus problemas e necessidades.”
A tecnologia ajuda nesse sentido, porque permite simulações e construções simples no processo de aprendizado. Para Resnick, o sistema educacional predominante resiste a mudanças e, como tal, põe barreiras às novas dinâmicas propostas para o espaço escolar. “Estamos falando em difundir novas idéias sobre o aprendizado, e isso é difícil, mas é importante reparar que a tecnologia ajuda na difusão destas idéias”, avalia. Ele prevê que as mudanças serão lentas, mas que ocorrerão com maior facilidade ao longo das próximas gerações. “As crianças de hoje é que estarão melhor preparadas para as mudanças sistêmicas.”