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Emprego para portadores de deficiência
Por Gazeta Mercantil - Rio de Janeiro   14 de abril de 2003
A demanda por novas condições de vida vem despertando nas pessoas portadoras
de deficiência um movimento significativo em relação à busca de
oportunidades por educação, profissionalização, trabalho, lazer e vida
afetivo-sexual. Tanto é que, no momento, temos mil nomes cadastrados em
nosso banco de empregos, correspondendo a pessoas com todos os tipos de
deficiência, isto é, visual, auditiva, física e mental, e apresentando
experiências profissionais diferenciadas.
Mesmo assim, no âmbito do trabalho, ainda encontramos estas pessoas pouco qualificadas socialmente, e excluídas de muitas oportunidades sociais, embora estejam começando a ocupar um espaço significativo no mercado de trabalho competitivo, revelando um bom desempenho profissional.
A realidade aponta para dados assustadores. De acordo com um trabalho do professor José Pastore, dos 16 milhões de brasileiros com deficiências física, sensorial ou mental no Brasil, nove milhões estão em idade ativa para o mercado de trabalho. E, no entanto, o mercado formal emprega apenas 2% deles. Nos países avançados chega-se a 30% ou 40%. Segundo o Censo Escolar, apenas 300 mil estão estudando em escolas regulares ou especiais do Ensino Fundamental, e apenas três mil estão no Ensino Médio.
Para modificar este quadro, muitos projetos estão surgindo, tanto no âmbito governamental, como também da sociedade civil, tendo papel de destaque a atuação do Terceiro Setor. Neste sentido, o Centro de Vida Independente do Rio (CVI-Rio) vem obtendo avanços importantes, propondo medidas e promovendo programas para a qualificação profissional dos portadores de deficiência, dentro de um sentido que vise a geração de emprego e renda, além da colocação efetiva deste segmento no mercado de trabalho.
Para atender à demanda criada pelo cumprimento da Lei n. 8.213/91, art. 93, O CVI vem investindo num Programa de Inclusão dos Portadores de Deficiência no Mercado de Trabalho. Uma das primeiras ações foi a criação do Curso de Prontidão Social para o Trabalho, direcionado para todas as áreas de deficiência, com a finalidade de qualificar socialmente os portadores de deficiência para o trabalho, reduzindo desvantagens que a falta de oportunidades produz no segmento. O curso procura facilitar o fortalecimento pessoal do indivíduo, ajudando-o, entre outros temas, a saber como apresentar-se à empresa, como assumir responsabilidades profissionais e como lidar com suas emoções e buscar relações mais positivas com colegas e chefias dentro do âmbito da empresa. Tal ação já atingiu cerca de 700 pessoas, com o curso sendo administrado em parceria com instituições e entidades como Ines, Feneis, IBC, ABBR, Apae-Rio, entre outras.
Além do curso, prestamos também consultoria e assessoria aos profissionais da área de Recursos Humanos das empresas sobre a questão da deficiência; oferecemos treinamento, com o acompanhamento dos empregados portadores de deficiência durante o período de experiência e realizamos seminário de sensibilização, dirigido às gerências, chefias, encarregados das empresas, com o objetivo de desmitificar a questão da deficiência, eliminando resistências pela falta de informação, e ampliando as possibilidades de inclusão social das pessoas portadoras de deficiência que estão ingressando nas empresas.
Hoje já colecionamos vários exemplos concretos. Recentemente, colocamos 20 pessoas em função de atendentes na rede Casa & Vídeo e temos formalizado novas parcerias com diversas empresas, entre elas Petrobras BR, Shell Brasil, Laboratório Schering Plough e TIM Brasil. Com o respaldo legal que dispensa o processo de licitação nos contratos entre órgãos públicos e entidades de pessoas portadoras de deficiência, conseguimos efetivar ainda contratos de prestação de serviços com empresas públicas estaduais e federais, como Cedae, TRT e Petrobras, empregando, desde 1994, 111 pessoas, nas funções de atendentes, telefonistas, operadores de máquina copiadora, operadores de telemarketing e digitadores, sendo este um processo em expansão, face à demanda por novas admissões. Em paralelo, efetivamos contratos de treinamento profissional para portadores de deficiência com empresas públicas e privadas, como Serpro e White Martins. Mais de 200 treinandos já foram capacitados em informática, mensageiro, auxiliar de limpeza, operadores de máquina copiadora, entre outros.
Hoje percebemos que tais contratos de treinamento têm sido um instrumento importante de sensibilização para a questão da deficiência no âmbito das empresas, transformando consistentemente a postura dos empregadores para uma avaliação quanto às verdadeiras potencialidades profissionais das pessoas com deficiência.
Estes dispositivos legais estão garantindo direitos até então negados, e contribuindo para que o CVI-Rio possa exercer mais plenamente seu papel de agente transformador de uma sociedade excludente. Por outro lado, não se pretende apenas promover o acesso dos portadores de deficiência ao mercado de trabalho. É necessário, concomitantemente, exercer uma ação de efeito transformador sobre as empresas, de tal modo que, ao cumprirem os preceitos legais, não o façam apenas por um aspecto impositivo, mas que possam assimilar uma responsabilidade que as comprometa com o social, ampliando suas perspectivas de humanização nas relações de trabalho.
As pessoas com deficiência colocadas no mercado de trabalho revelam que as competências podem ser observadas independente do nível ou severidade da deficiência, bastando que sejam avaliadas por seu desempenho e não por suas deficiências. Inclusive há atualmente recursos adicionais importantes provenientes da Tecnologia Assistiva, capazes de criar instrumentos que são alavancas para a vida independente deste segmento.
A convivência com a diversidade humana vem trazendo contribuições significativas para as empresas, desmitificando idéias cristalizadas em torno da "diferença" que as deficiências traduzem, e reduzindo as barreiras relacionais impostas pela desinformação e pelo preconceito.
Há estudos que mostram inclusive os aspectos positivos que tal inclusão comporta, assinalando maior longevidade e confiabilidade para aquelas empresas que assumem seu compromisso com a ética e a responsabilidade social.
* Presidente do Centro de Vida Independente - Rio
Mesmo assim, no âmbito do trabalho, ainda encontramos estas pessoas pouco qualificadas socialmente, e excluídas de muitas oportunidades sociais, embora estejam começando a ocupar um espaço significativo no mercado de trabalho competitivo, revelando um bom desempenho profissional.
A realidade aponta para dados assustadores. De acordo com um trabalho do professor José Pastore, dos 16 milhões de brasileiros com deficiências física, sensorial ou mental no Brasil, nove milhões estão em idade ativa para o mercado de trabalho. E, no entanto, o mercado formal emprega apenas 2% deles. Nos países avançados chega-se a 30% ou 40%. Segundo o Censo Escolar, apenas 300 mil estão estudando em escolas regulares ou especiais do Ensino Fundamental, e apenas três mil estão no Ensino Médio.
Para modificar este quadro, muitos projetos estão surgindo, tanto no âmbito governamental, como também da sociedade civil, tendo papel de destaque a atuação do Terceiro Setor. Neste sentido, o Centro de Vida Independente do Rio (CVI-Rio) vem obtendo avanços importantes, propondo medidas e promovendo programas para a qualificação profissional dos portadores de deficiência, dentro de um sentido que vise a geração de emprego e renda, além da colocação efetiva deste segmento no mercado de trabalho.
Para atender à demanda criada pelo cumprimento da Lei n. 8.213/91, art. 93, O CVI vem investindo num Programa de Inclusão dos Portadores de Deficiência no Mercado de Trabalho. Uma das primeiras ações foi a criação do Curso de Prontidão Social para o Trabalho, direcionado para todas as áreas de deficiência, com a finalidade de qualificar socialmente os portadores de deficiência para o trabalho, reduzindo desvantagens que a falta de oportunidades produz no segmento. O curso procura facilitar o fortalecimento pessoal do indivíduo, ajudando-o, entre outros temas, a saber como apresentar-se à empresa, como assumir responsabilidades profissionais e como lidar com suas emoções e buscar relações mais positivas com colegas e chefias dentro do âmbito da empresa. Tal ação já atingiu cerca de 700 pessoas, com o curso sendo administrado em parceria com instituições e entidades como Ines, Feneis, IBC, ABBR, Apae-Rio, entre outras.
Além do curso, prestamos também consultoria e assessoria aos profissionais da área de Recursos Humanos das empresas sobre a questão da deficiência; oferecemos treinamento, com o acompanhamento dos empregados portadores de deficiência durante o período de experiência e realizamos seminário de sensibilização, dirigido às gerências, chefias, encarregados das empresas, com o objetivo de desmitificar a questão da deficiência, eliminando resistências pela falta de informação, e ampliando as possibilidades de inclusão social das pessoas portadoras de deficiência que estão ingressando nas empresas.
Hoje já colecionamos vários exemplos concretos. Recentemente, colocamos 20 pessoas em função de atendentes na rede Casa & Vídeo e temos formalizado novas parcerias com diversas empresas, entre elas Petrobras BR, Shell Brasil, Laboratório Schering Plough e TIM Brasil. Com o respaldo legal que dispensa o processo de licitação nos contratos entre órgãos públicos e entidades de pessoas portadoras de deficiência, conseguimos efetivar ainda contratos de prestação de serviços com empresas públicas estaduais e federais, como Cedae, TRT e Petrobras, empregando, desde 1994, 111 pessoas, nas funções de atendentes, telefonistas, operadores de máquina copiadora, operadores de telemarketing e digitadores, sendo este um processo em expansão, face à demanda por novas admissões. Em paralelo, efetivamos contratos de treinamento profissional para portadores de deficiência com empresas públicas e privadas, como Serpro e White Martins. Mais de 200 treinandos já foram capacitados em informática, mensageiro, auxiliar de limpeza, operadores de máquina copiadora, entre outros.
Hoje percebemos que tais contratos de treinamento têm sido um instrumento importante de sensibilização para a questão da deficiência no âmbito das empresas, transformando consistentemente a postura dos empregadores para uma avaliação quanto às verdadeiras potencialidades profissionais das pessoas com deficiência.
Estes dispositivos legais estão garantindo direitos até então negados, e contribuindo para que o CVI-Rio possa exercer mais plenamente seu papel de agente transformador de uma sociedade excludente. Por outro lado, não se pretende apenas promover o acesso dos portadores de deficiência ao mercado de trabalho. É necessário, concomitantemente, exercer uma ação de efeito transformador sobre as empresas, de tal modo que, ao cumprirem os preceitos legais, não o façam apenas por um aspecto impositivo, mas que possam assimilar uma responsabilidade que as comprometa com o social, ampliando suas perspectivas de humanização nas relações de trabalho.
As pessoas com deficiência colocadas no mercado de trabalho revelam que as competências podem ser observadas independente do nível ou severidade da deficiência, bastando que sejam avaliadas por seu desempenho e não por suas deficiências. Inclusive há atualmente recursos adicionais importantes provenientes da Tecnologia Assistiva, capazes de criar instrumentos que são alavancas para a vida independente deste segmento.
A convivência com a diversidade humana vem trazendo contribuições significativas para as empresas, desmitificando idéias cristalizadas em torno da "diferença" que as deficiências traduzem, e reduzindo as barreiras relacionais impostas pela desinformação e pelo preconceito.
Há estudos que mostram inclusive os aspectos positivos que tal inclusão comporta, assinalando maior longevidade e confiabilidade para aquelas empresas que assumem seu compromisso com a ética e a responsabilidade social.
* Presidente do Centro de Vida Independente - Rio