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Apartheid digital acompanha a fome e a miséria no País
Por Tatiana Wittmann, Cidadania-e   23 de abril de 2003
Com o objetivo de traçar um panorama do 'apartheid digital' no Brasil e
formular um documento de referência na definição de estratégias para a
solução deste problema, a organização não-governamental Comitê para a
Democratização da Informática (CDI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV)
realizaram a pesquisa Mapa da Exclusão Digital. Lançado em abril, o estudo
mostra que a exclusão digital acompanha o mapa da redistribuição de renda no
País. Enquanto no Distrito Federal 23,87% dos moradores têm acesso ao
computador, no Maranhão o grau de inclusão digital é de apenas 2,05%.
"O mapa serve para um planejamento estratégico sobre o assunto, para entendermos como e porque está se dando a exclusão digital. Não há como planejar ações sem informações focadas e organizadas. Este é o primeiro passo de um longo projeto da Fundação Getúlio Vargas, que em breve também estará lançando o Índice de Inclusão Social", diz o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal. O estudo mostra que a velocidade de ingresso de brasileiros no mundo digital é enorme, segundo Leal, mas "é preciso acelerar ainda mais esta inclusão e reduzir a distância que separa o Brasil dos outros países". De acordo com uma projeção do estudo, que utiliza dados do Censo 2000 e da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) 2001, cerca de um milhão de brasileiros passam a ter acesso a um computador a cada três meses. Os números também revelaram que o País possui atualmente em torno de 27,7 milhões de pessoas incluídas digitalmente e mais de 149,4 milhões excluídas.
"Estas e outras informações vão nos ajudar a focar as ações de combate à exclusão digital", aponta o fundador e diretor executivo do CDI, Rodrigo Baggio. "As ações voltadas para este tema, realizadas tanto pela sociedade civil, quanto pelo governo e empresas, são descoordenadas. Com o Mapa poderemos nortear estas atividades para que funcionem de forma sinérgica", explica. "O mapa não é somente um instrumento de mobilização, mas uma ferramenta para promover soluções", diz o diretor da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID Brasil) - apoiadora do projeto -, Richard Goughnour.
Números da Inclusão Digital
O acesso ao mundo digital segue a desigualdade social do Brasil. Além do Distrito Federal, fazem parte das cinco maiores taxas de inclusão digital os Estados de São Paulo (17,98%), Rio de Janeiro (15,51%), Santa Catarina (12,30%) e Paraná (11,59%). Entre os mais excluídos, além do Maranhão, estão o Tocantins (2,76%), Piauí (2,78%), Acre (3,42) e Alagoas (3,60%). Para o coordenador do estudo e economista do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri, a inclusão digital é um tema importante das metas sociais. "As ações de inclusão digital são uma prioridade dos centros urbanos, onde há luz elétrica. É uma política urbana e voltada para jovens em situação de risco social, que são os mais excluídos", diz.
A exclusão também acompanha o preconceito racial. Índios, negros e pardos são os grupos étnicos menos incluídos: 3,72%, 3,97% e 4,06%, respectivamente. Segundo o mapa, os apartheids racial e digital caminham de mãos dadas no Brasil, mesmo quando se consideram brancos e afro-brasileiros que obtiveram as mesmas condições de educação, emprego. "A chance de o branco ter acesso à Internet, por exemplo, é 167% maior que o não branco com o mesmo nível de educação e renda", afirma Marcelo Neri.
O estudo ainda avalia os índices de exclusão digital na escola e os índices de acordo com o tempo de estudo. "A melhor forma de combater o apartheid social a longo prazo é investir nas escolas, de modo que os alunos possam ter acesso desde cedo às novas tecnologias", defende Neri. "Mas além de se ter computador nas escolas é preciso também capacitar os alunos. Não adianta ter um laboratório de informática se os alunos não podem usá-lo", completa Rodrigo Baggio.
A inclusão digital no combate à pobreza O estudo da FGV aponta o Amapá como o Estado brasileiro que teve a maior taxa de crescimento no número de alunos do ensino fundamental com acesso a laboratórios de informática entre 1997 e 2001 (43,67%) e Roraima como o que apresentou menor crescimento no mesmo período (5,42%). "A melhor aplicação do dinheiro público é nos estados que estão avançando, que possuem a capacidade de prosperar", diz Neri.
É com o objetivo de promover a inclusão social utilizando a tecnologia da informação como instrumento para a construção e exercício da cidadania que o Comitê para a Democratização da Informática (CDI) tem criado escolas de informática em comunidades carentes desde 1995. Atualmente a instituição possui 770 Escolas de Informática e Cidadania (EIC) em 19 Estados brasileiros e em 11 países de três continentes. "Concordo com os estudiosos do Pnud (Projeto das Nações Unidas para o Desenvolvimento) quando dizem que, sem desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento humano não é possível", conclui o diretor executivo do CDI, Rodrigo Baggio.
O Mapa da Exclusão Digital está disponível no site do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (www.fgv.br/cps). Conheça mais o trabalho do Comitê para a Democratização da Informática (CDI) no Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil (www.cidadania-e.com.br).
"O mapa serve para um planejamento estratégico sobre o assunto, para entendermos como e porque está se dando a exclusão digital. Não há como planejar ações sem informações focadas e organizadas. Este é o primeiro passo de um longo projeto da Fundação Getúlio Vargas, que em breve também estará lançando o Índice de Inclusão Social", diz o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal. O estudo mostra que a velocidade de ingresso de brasileiros no mundo digital é enorme, segundo Leal, mas "é preciso acelerar ainda mais esta inclusão e reduzir a distância que separa o Brasil dos outros países". De acordo com uma projeção do estudo, que utiliza dados do Censo 2000 e da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) 2001, cerca de um milhão de brasileiros passam a ter acesso a um computador a cada três meses. Os números também revelaram que o País possui atualmente em torno de 27,7 milhões de pessoas incluídas digitalmente e mais de 149,4 milhões excluídas.
"Estas e outras informações vão nos ajudar a focar as ações de combate à exclusão digital", aponta o fundador e diretor executivo do CDI, Rodrigo Baggio. "As ações voltadas para este tema, realizadas tanto pela sociedade civil, quanto pelo governo e empresas, são descoordenadas. Com o Mapa poderemos nortear estas atividades para que funcionem de forma sinérgica", explica. "O mapa não é somente um instrumento de mobilização, mas uma ferramenta para promover soluções", diz o diretor da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID Brasil) - apoiadora do projeto -, Richard Goughnour.
Números da Inclusão Digital
O acesso ao mundo digital segue a desigualdade social do Brasil. Além do Distrito Federal, fazem parte das cinco maiores taxas de inclusão digital os Estados de São Paulo (17,98%), Rio de Janeiro (15,51%), Santa Catarina (12,30%) e Paraná (11,59%). Entre os mais excluídos, além do Maranhão, estão o Tocantins (2,76%), Piauí (2,78%), Acre (3,42) e Alagoas (3,60%). Para o coordenador do estudo e economista do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri, a inclusão digital é um tema importante das metas sociais. "As ações de inclusão digital são uma prioridade dos centros urbanos, onde há luz elétrica. É uma política urbana e voltada para jovens em situação de risco social, que são os mais excluídos", diz.
A exclusão também acompanha o preconceito racial. Índios, negros e pardos são os grupos étnicos menos incluídos: 3,72%, 3,97% e 4,06%, respectivamente. Segundo o mapa, os apartheids racial e digital caminham de mãos dadas no Brasil, mesmo quando se consideram brancos e afro-brasileiros que obtiveram as mesmas condições de educação, emprego. "A chance de o branco ter acesso à Internet, por exemplo, é 167% maior que o não branco com o mesmo nível de educação e renda", afirma Marcelo Neri.
O estudo ainda avalia os índices de exclusão digital na escola e os índices de acordo com o tempo de estudo. "A melhor forma de combater o apartheid social a longo prazo é investir nas escolas, de modo que os alunos possam ter acesso desde cedo às novas tecnologias", defende Neri. "Mas além de se ter computador nas escolas é preciso também capacitar os alunos. Não adianta ter um laboratório de informática se os alunos não podem usá-lo", completa Rodrigo Baggio.
A inclusão digital no combate à pobreza O estudo da FGV aponta o Amapá como o Estado brasileiro que teve a maior taxa de crescimento no número de alunos do ensino fundamental com acesso a laboratórios de informática entre 1997 e 2001 (43,67%) e Roraima como o que apresentou menor crescimento no mesmo período (5,42%). "A melhor aplicação do dinheiro público é nos estados que estão avançando, que possuem a capacidade de prosperar", diz Neri.
É com o objetivo de promover a inclusão social utilizando a tecnologia da informação como instrumento para a construção e exercício da cidadania que o Comitê para a Democratização da Informática (CDI) tem criado escolas de informática em comunidades carentes desde 1995. Atualmente a instituição possui 770 Escolas de Informática e Cidadania (EIC) em 19 Estados brasileiros e em 11 países de três continentes. "Concordo com os estudiosos do Pnud (Projeto das Nações Unidas para o Desenvolvimento) quando dizem que, sem desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento humano não é possível", conclui o diretor executivo do CDI, Rodrigo Baggio.
O Mapa da Exclusão Digital está disponível no site do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (www.fgv.br/cps). Conheça mais o trabalho do Comitê para a Democratização da Informática (CDI) no Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil (www.cidadania-e.com.br).