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Humanização em Ação

Por Claudete Oliveira e Claudia Gisele - Revista Sentidos   28 de abril de 2003
O 3º Congresso de Humanização Hospitalar em Ação aconteceu entre os dias 15 e 16 de abril no Centro de Convenções Rebouças em São Paulo. O Congresso, iniciativa organizada pelas ONGS Doutores da Alegria, Associação Viva e Deixe viver e Projeto Carmim, este ano ganhou mais um parceiro para lutar pela humanização hospitalar, o Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP.

A coordenadora do grupo de trabalho de humanização hospitalar do Hospital das Clínicas, Maria José Paro Forte, credita importância nesta iniciativa. "Humanizar o ambiente hospitalar é fundamental para a qualidade de vida das pessoas que dele participam. O foco central deste congresso é discutir a relação do profissional de saúde com o paciente, que é de extrema importância para iniciar o processo de humanização".

Para o presidente da Associação Viva e Deixe Viver, Valdir Cimino, o tema da Humanização Hospitalar é uma preocupação cada vez mais presente no dia-a-dia das instituições de saúde. "É importante salientar que todos ganham com isso: o paciente, obtendo um tratamento mais digno e carinhoso, os profissionais de saúde, que recuperam o reconhecimento por sua dedicação e pelo seu trabalho, e as instituições, com conquistas que incluem até mesmo a redução do tempo de internação", afirmou

O coordenador geral dos Doutores da Alegria, Wellington Nogueira, destacou a importância dessa mobilização. "A Humanização Hospitalar é um movimento sem volta. A cada congresso buscamos torná-la cada vez mais tangível, saber traduzi-la em nossas ações e valores de vida. Uma certeza temos: a Humanização não pode ser uma sala dentro do hospital, tem que estar presente".

Humanizar

O título do congresso "Humanização Hospitalar em Ação" sugere a discussão sobre a necessidade de haver uma mudança de atitudes dentro do ambiente de saúde. Esta mudança diz respeito, principalmente, a relação entre os indivíduos que compõem o quadro hospitalar: médico, paciente, família e enfermeiros.

A proposta sugerida pelos palestrantes e pela organização do congresso é simples, porém visa benefícios incalculáveis para as pessoas como a melhora da saúde, a obtenção de qualidade de vida e o respeito mútuo.

Para o Diretor Clínico do Hospital das Clínicas, Dr Marcos Boulos, os benefícios das atitudes humanizadas podem ser comprovados cientificamente. Durante uma palestra ele mostrou através de quadros que o estresse gera uma série de reações químicas no organismo que culminam na liberação de um hormônio chamado Cortisol, que provoca a queda da capacidade imunológica das células. Segundo Boulos, a postura do médico pode provocar insegurança no paciente e prejudicar o tratamento. "O papel do profissional de saúde é ouvir e prestar atenção no paciente. O ser humano age através de mecanismos de causa e efeito, se você semeia sorrisos, com certeza receberá sorrisos de volta".

Eduardo Perillo, coordenador do MBA para organizações de saúde da PUC-SP, afirmou que a humanização dos hospitais também depende do bom gerenciamento institucional. "Se as organizações não forem capazes de usar seus recursos com eficácia e entenderem a necessidade de investir no capital humano a humanização ficará apenas na boa vontade. Melhorando a capacidade de gestão eu consigo humanizar o tratamento".

Projeto Rampa

Para explicar o que a família e o paciente sentem no ambiente hospitalar o congresso contou com a participação de Gisela Cury, idealizadora do projeto Rampa, que tem como objetivo auxiliar familiares durante o tratamento de seus parentes. "Muitas vezes, um simples abraço ou um minuto de atenção é o suficiente para ajudar estes familiares", afirma Gisela que por seis anos vive a experiência de freqüentar hospitais e salas de operação para acompanhar a filha que nasceu com uma deficiência respiratória crônica.

"Não me esqueço do abraço que recebi da Dra Manuela (Doutores da Alegria) no dia em que eu e meu marido precisamos decidir se faríamos ou não uma traqueostomia em nossa filha. Foi o abraço mais importante de minha vida", disse Gisela para explicar o quanto a família do paciente também precisa de atenção pois se sente muito sozinha e envolvida com o ambiente hospitalar.

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