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Vinte anos de incentivo à leitura
Por Jornal do Brasil    29 de abril de 2003
Com mais de 80 mil livros e 1,5 mil usuários por dia, a Biblioteca
Demonstrativa de Brasília (BDB - 507/508 Sul) é referência na cidade.
Voltada para a comunidade, a instituição desenvolve atividades de incentivo
a leitura e de propagação da cultura na capital. Há 20 anos na diretoria da
BDB, Maria da Conceição Moreira Salles, desenvolveu, junto com os
funcionários - como faz questão de ressaltar - uma biblioteca modelo.
Formada em biblioteconomia pela Universidade de Brasília e com pós-graduação em Quando comecei não tinha nenhuma experiência em biblioteca pública. Sou bibliotecária formada pela UnB e fiz pós-graduação em biblioteca biomédica, Conceição não pretendia trabalhar com biblioteca pública. Hoje, apaixonada pelo que faz, não para de criar projetos que atraem pessoas de todas as idades.
- Como era a biblioteca quando a senhora assumiu?
- A biblioteca era freqüentada essencialmente por estudantes de primeiro e segundo graus. As pessoas confundiam biblioteca demonstrativa com a biblioteca escolar. A biblioteca demonstrativa é uma biblioteca pública que atende a comunidade em geral.
- Quais são os programas que a BDB tem hoje para oferecer à população?
- A biblioteca desenvolve várias atividades. Temos atividades para crianças, para adolescentes e para adultos. A primeira coisa que eu fiz foi conversar com a comunidade para saber o que ela queria. A biblioteca tinha uma sociedade de amigos que estava desativada. Hoje essa sociedade de amigos é uma das mais antigas do país.
- Como é que funciona essa sociedade de amigos?
- Funciona como uma ONG. São pessoas da comunidade que acreditam no trabalho da biblioteca e que se oferecem para trabalhar voluntariamente apoiando as iniciativas da biblioteca. O sócio da sociedade de amigos contribui com uma quantia mensal simbólica e tem uma série de vantagens. A diretoria da sociedade de amigos é toda formada por pessoas da comunidade. Tudo que é arrecadado por eles é revertido para a melhoria do acervo do serviço da biblioteca.
- Entre os projetos desenvolvidos, quais são voltados para crianças?
- O projeto Eu e minha escola conhecendo a BDB, terça e quinta, nós recebemos crianças de escolas. A gente estava trabalhando dando prioridade às escolas públicas porque são escolas mais carentes. Três funcionárias da biblioteca formaram o grupo cênico. Elas fizeram curso de teatro e formaram um grupo cênico. Começamos a ensinar a criança a lidar com livros. Temos apenas uma dificuldade: a falta de transportes.
- Tem mais algum programa?
- Temos o Concurso Niemeyer - para adulto e para criança, mas são separadas com faixas distintas. A criança que lê mais aqui ganha prêmio. O melhor comentário também é premiado. No ano passado, a comissão julgadora leu mais de 500 comentários de livros de adultos. Foi uma loucura. Além disso, lançamos um concurso literário de poesias com um tema anual. Há ainda o tele-idoso, que leva livros até as pessoas da terceira idade.
- Existe também uma aula de reforço na biblioteca.
- O projeto Tira Dúvidas é voltado para todas as faixas etárias. Nós temos professores voluntários que vêm para cá em regime de plantão. Temos uma sala própria, eles ficam lá de uma a duas horas por semana. São professores de Matemática, Física, Português e outras áreas. Eles ficam na sala a espera dos alunos.
- Como funciona o clube de senhoras da biblioteca?
- Toda quarta-feira, há 18 anos, nós temos o grupo de atualização da mulher. São 70 senhoras inscritas. Nesse clube são ministradas palestras semanais sobre temas anuais. Por exemplo, acabou a Casa das sete mulheres, eu trouxe um professor gaúcho que fez uma palestra sobre a mini-série. O enfoque maior é Literatura.
- Como é o projeto bibliomúsica?
- Toda última segunda-feira do mês nós temos o projeto. São apresentações musicais mensais intercaladas com informação sobre música, sobre o estilo que está sendo apresentado, sobre o instrumento.
- Qual é o projeto de hoje?
- É o Affinity Jazz Trio. Eles vão tocar Jazz e Bossa Nova.
- É muito difícil administrar tudo isso?
- Acho que não é tão difícil, mesmo porque eu sou muito apaixonada por biblioteca pública. A gente nunca tem um dia igual ao outro. Tenho um envolvimento muito grande e muito respeito pela comunidade. Somos servidores do público. E aqui na biblioteca nós desenvolvemos um projeto qualidade para servidor. Fazemos um fórum interno para discutir os problemas da BDB. Cada servidor tem o direito de apresentar as suas sugestões, discutir os seus problemas.
- É um espaço bem democrático então.
- Bem democrático, eu estou aberta às discussões, às críticas. Talvez por isso eu esteja há tanto tempo aqui. Acho que aquela administração autocrática não tem mais vez.
- Quais são os planos da administração para os próximos anos?
- Estou aberta a sugestões. Tudo o que eu vejo que é bom para a comunidade a gente procura implantar aqui. Nós temos, por exemplo, um serviço de ouvidoria.
- Os funcionários da biblioteca são incentivados a ler?
- Sim, este ano estamos desenvolvendo um projeto de leitura para funcionário. No projeto de qualidade temos o funcionário destaque do ano. Com a ajuda da sociedade de amigos oferecemos um prêmio simbólico em dinheiro.
- É difícil fazer o brasiliense ler?
- Acho difícil exatamente porque a tecnologia está tão avançada. Muitos preferem a internet. Acho que o brasileiro lê pouco e quando lê, lê mal. O que mais sai aqui é auto-ajuda. Eu acho que eu não posso selecionar nem ser crítica em relação a isso. A biblioteca tem que oferecer tudo, até gibi.
- Como é possível concorrer com a tecnologia?
- Eu acho que é em conjunto. Não adianta a biblioteca trabalhar sozinha. Esse é um trabalho dos pais, das escolas e da biblioteca.
- Tudo isso começa com a criança?
- Eu acho difícil você incentivar uma pessoa adulta a gostar de ler. A televisão contribui muito com o adulto quando ela põe minisséries, porque as pessoas se sentem estimuladas. Nisso a TV pode ajudar muito. Agora, a gente só cria hábito de leitura quando começa ainda criança.
Formada em biblioteconomia pela Universidade de Brasília e com pós-graduação em Quando comecei não tinha nenhuma experiência em biblioteca pública. Sou bibliotecária formada pela UnB e fiz pós-graduação em biblioteca biomédica, Conceição não pretendia trabalhar com biblioteca pública. Hoje, apaixonada pelo que faz, não para de criar projetos que atraem pessoas de todas as idades.
- Como era a biblioteca quando a senhora assumiu?
- A biblioteca era freqüentada essencialmente por estudantes de primeiro e segundo graus. As pessoas confundiam biblioteca demonstrativa com a biblioteca escolar. A biblioteca demonstrativa é uma biblioteca pública que atende a comunidade em geral.
- Quais são os programas que a BDB tem hoje para oferecer à população?
- A biblioteca desenvolve várias atividades. Temos atividades para crianças, para adolescentes e para adultos. A primeira coisa que eu fiz foi conversar com a comunidade para saber o que ela queria. A biblioteca tinha uma sociedade de amigos que estava desativada. Hoje essa sociedade de amigos é uma das mais antigas do país.
- Como é que funciona essa sociedade de amigos?
- Funciona como uma ONG. São pessoas da comunidade que acreditam no trabalho da biblioteca e que se oferecem para trabalhar voluntariamente apoiando as iniciativas da biblioteca. O sócio da sociedade de amigos contribui com uma quantia mensal simbólica e tem uma série de vantagens. A diretoria da sociedade de amigos é toda formada por pessoas da comunidade. Tudo que é arrecadado por eles é revertido para a melhoria do acervo do serviço da biblioteca.
- Entre os projetos desenvolvidos, quais são voltados para crianças?
- O projeto Eu e minha escola conhecendo a BDB, terça e quinta, nós recebemos crianças de escolas. A gente estava trabalhando dando prioridade às escolas públicas porque são escolas mais carentes. Três funcionárias da biblioteca formaram o grupo cênico. Elas fizeram curso de teatro e formaram um grupo cênico. Começamos a ensinar a criança a lidar com livros. Temos apenas uma dificuldade: a falta de transportes.
- Tem mais algum programa?
- Temos o Concurso Niemeyer - para adulto e para criança, mas são separadas com faixas distintas. A criança que lê mais aqui ganha prêmio. O melhor comentário também é premiado. No ano passado, a comissão julgadora leu mais de 500 comentários de livros de adultos. Foi uma loucura. Além disso, lançamos um concurso literário de poesias com um tema anual. Há ainda o tele-idoso, que leva livros até as pessoas da terceira idade.
- Existe também uma aula de reforço na biblioteca.
- O projeto Tira Dúvidas é voltado para todas as faixas etárias. Nós temos professores voluntários que vêm para cá em regime de plantão. Temos uma sala própria, eles ficam lá de uma a duas horas por semana. São professores de Matemática, Física, Português e outras áreas. Eles ficam na sala a espera dos alunos.
- Como funciona o clube de senhoras da biblioteca?
- Toda quarta-feira, há 18 anos, nós temos o grupo de atualização da mulher. São 70 senhoras inscritas. Nesse clube são ministradas palestras semanais sobre temas anuais. Por exemplo, acabou a Casa das sete mulheres, eu trouxe um professor gaúcho que fez uma palestra sobre a mini-série. O enfoque maior é Literatura.
- Como é o projeto bibliomúsica?
- Toda última segunda-feira do mês nós temos o projeto. São apresentações musicais mensais intercaladas com informação sobre música, sobre o estilo que está sendo apresentado, sobre o instrumento.
- Qual é o projeto de hoje?
- É o Affinity Jazz Trio. Eles vão tocar Jazz e Bossa Nova.
- É muito difícil administrar tudo isso?
- Acho que não é tão difícil, mesmo porque eu sou muito apaixonada por biblioteca pública. A gente nunca tem um dia igual ao outro. Tenho um envolvimento muito grande e muito respeito pela comunidade. Somos servidores do público. E aqui na biblioteca nós desenvolvemos um projeto qualidade para servidor. Fazemos um fórum interno para discutir os problemas da BDB. Cada servidor tem o direito de apresentar as suas sugestões, discutir os seus problemas.
- É um espaço bem democrático então.
- Bem democrático, eu estou aberta às discussões, às críticas. Talvez por isso eu esteja há tanto tempo aqui. Acho que aquela administração autocrática não tem mais vez.
- Quais são os planos da administração para os próximos anos?
- Estou aberta a sugestões. Tudo o que eu vejo que é bom para a comunidade a gente procura implantar aqui. Nós temos, por exemplo, um serviço de ouvidoria.
- Os funcionários da biblioteca são incentivados a ler?
- Sim, este ano estamos desenvolvendo um projeto de leitura para funcionário. No projeto de qualidade temos o funcionário destaque do ano. Com a ajuda da sociedade de amigos oferecemos um prêmio simbólico em dinheiro.
- É difícil fazer o brasiliense ler?
- Acho difícil exatamente porque a tecnologia está tão avançada. Muitos preferem a internet. Acho que o brasileiro lê pouco e quando lê, lê mal. O que mais sai aqui é auto-ajuda. Eu acho que eu não posso selecionar nem ser crítica em relação a isso. A biblioteca tem que oferecer tudo, até gibi.
- Como é possível concorrer com a tecnologia?
- Eu acho que é em conjunto. Não adianta a biblioteca trabalhar sozinha. Esse é um trabalho dos pais, das escolas e da biblioteca.
- Tudo isso começa com a criança?
- Eu acho difícil você incentivar uma pessoa adulta a gostar de ler. A televisão contribui muito com o adulto quando ela põe minisséries, porque as pessoas se sentem estimuladas. Nisso a TV pode ajudar muito. Agora, a gente só cria hábito de leitura quando começa ainda criança.