Notícias
Alta dosagem de harmonia
Por Mariana Loiala - RETS   5 de maio de 2003
Momentos de alegria e descontração estão invadindo as alas infantis de hospitais públicos de São Paulo. A responsabilidade dessa invasão - muito bem-vinda, por sinal - é do Projeto Música & Vida, realizado pela Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo (Ocam), em parceria com a Sociedade de Pediatria de São Paulo, através do seu Departamento de Saúde Mental. O projeto reúne músicos da Ocam para apresentarem concertos voluntários, com duração média de 40 minutos, especialmente dedicados às crianças internadas. Com o objetivo de amenizar o sofrimento causado pela internação e, ao mesmo tempo, introduzir as crianças à música erudita, o projeto teve início no ano passado e estende-se este ano aos hospitais particulares da cidade. Apresentações já estão agendadas até o fim do ano.
Ao entrar para a direção da Orquestra, há dois anos, o maestro, diretor artístico e docente do Departamento de Música da Escola de Comunicação da USP, Gil Jardim, sentiu a necessidade de desenvolver um trabalho musical mais abrangente, que promovesse uma vivência de maior interação entre os músicos e o público. "O aprendizado de um instrumento musical é muito solitário. É importante, para os músicos, desenvolver uma atividade em que se esteja disponível para o outro", afirma. Além disso, ele acreditava que deveria participar com o seu trabalho em alguma ação de cunho social. "Neste país há muito para ser feito. Devemos contribuir, assumindo a nossa parte de responsabilidade", diz.
Imbuído dessa motivação, e junto com a Sociedade de Pediatria, Gil desenvolveu a idéia de um projeto que, através da música, pudesse colaborar com a humanização do ambiente hospitalar, auxiliar na melhora do bem-estar psíquico das crianças hospitalizadas e na recuperação de sua saúde.
Formada por 35 músicos, que são alunos da graduação do Departamento de Música da Escola de Comunicação da USP e participantes dos cursos de extensão universitária, a Orquestra se adequa em tamanho para as apresentações do Música & Vida, de acordo com a disponibilidade de espaço no hospital. Como todos os músicos fazem questão de participar das apresentações, eles se organizam em rodízio.
Segundo o maestro, as apresentações são caracterizadas por um "despojamento de formalidade". Os músicos vão com o repertório preparado, mas com a idéia de que ele possa ser reformulado à medida que as crianças vão fazendo os seus pedidos. São executadas músicas de compositores clássicos como Bach, Mozart e Vivaldi, passando por músicas folclóricas, até temas de desenhos animados e programas infantis. "Procuramos fazer arranjos mais próximos ao gosto infantil, mas com execuções mais interessantes e de qualidade", afirma.
A harmonia produzida pelos músicos não é só musical: funcionários dos hospitais e voluntários também se envolvem no projeto dias antes da apresentação da Orquestra, e participam como monitores. Junto com eles, as crianças pesquisam sons que podem ser tirados de objetos comuns, e improvisam instrumentos para que elas possam tocar e acompanhar o ritmo das músicas. Milho ou arroz em copinhos de iogurte, por exemplo, se transformam em chocalhos. O retorno do projeto é percebido na hora: "Vemos crianças em macas ou entubadas chacoalhando e cantando. As mais extrovertidas aproveitam a oportunidade para soltarem a voz e as que são tímidas, aos poucos, também começam a cantar", diz Gil. No meio das apresentações surge ainda a curiosidade sobre as músicas e os instrumentos. Os músicos aproveitam esse interesse para apresentar às crianças os instrumentos, e falar um pouco sobre a organização da orquestra e os compositores selecionados.
A interferência positiva no cotidiano dos hospitais é reconhecida por todos e afeta também os pais: "Muitas vezes mais entristecidos do que as próprias crianças internadas, os pais se distraem e esquecem o sofrimento por alguns instantes", conta o maestro.
Ao entrar para a direção da Orquestra, há dois anos, o maestro, diretor artístico e docente do Departamento de Música da Escola de Comunicação da USP, Gil Jardim, sentiu a necessidade de desenvolver um trabalho musical mais abrangente, que promovesse uma vivência de maior interação entre os músicos e o público. "O aprendizado de um instrumento musical é muito solitário. É importante, para os músicos, desenvolver uma atividade em que se esteja disponível para o outro", afirma. Além disso, ele acreditava que deveria participar com o seu trabalho em alguma ação de cunho social. "Neste país há muito para ser feito. Devemos contribuir, assumindo a nossa parte de responsabilidade", diz.
Imbuído dessa motivação, e junto com a Sociedade de Pediatria, Gil desenvolveu a idéia de um projeto que, através da música, pudesse colaborar com a humanização do ambiente hospitalar, auxiliar na melhora do bem-estar psíquico das crianças hospitalizadas e na recuperação de sua saúde.
Formada por 35 músicos, que são alunos da graduação do Departamento de Música da Escola de Comunicação da USP e participantes dos cursos de extensão universitária, a Orquestra se adequa em tamanho para as apresentações do Música & Vida, de acordo com a disponibilidade de espaço no hospital. Como todos os músicos fazem questão de participar das apresentações, eles se organizam em rodízio.
Segundo o maestro, as apresentações são caracterizadas por um "despojamento de formalidade". Os músicos vão com o repertório preparado, mas com a idéia de que ele possa ser reformulado à medida que as crianças vão fazendo os seus pedidos. São executadas músicas de compositores clássicos como Bach, Mozart e Vivaldi, passando por músicas folclóricas, até temas de desenhos animados e programas infantis. "Procuramos fazer arranjos mais próximos ao gosto infantil, mas com execuções mais interessantes e de qualidade", afirma.
A harmonia produzida pelos músicos não é só musical: funcionários dos hospitais e voluntários também se envolvem no projeto dias antes da apresentação da Orquestra, e participam como monitores. Junto com eles, as crianças pesquisam sons que podem ser tirados de objetos comuns, e improvisam instrumentos para que elas possam tocar e acompanhar o ritmo das músicas. Milho ou arroz em copinhos de iogurte, por exemplo, se transformam em chocalhos. O retorno do projeto é percebido na hora: "Vemos crianças em macas ou entubadas chacoalhando e cantando. As mais extrovertidas aproveitam a oportunidade para soltarem a voz e as que são tímidas, aos poucos, também começam a cantar", diz Gil. No meio das apresentações surge ainda a curiosidade sobre as músicas e os instrumentos. Os músicos aproveitam esse interesse para apresentar às crianças os instrumentos, e falar um pouco sobre a organização da orquestra e os compositores selecionados.
A interferência positiva no cotidiano dos hospitais é reconhecida por todos e afeta também os pais: "Muitas vezes mais entristecidos do que as próprias crianças internadas, os pais se distraem e esquecem o sofrimento por alguns instantes", conta o maestro.