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Moradores da periferia pedem paz, no Dia do Desarmamento
Por O Estado de São Paulo   11 de julho de 2003
- Deitados sob o vão do Masp, eles protestaram contra a violência,
que já levou amigos e parentes.
Da Redação
Na manhã de ontem, Dia Internacional do Desarmamento, cerca de 800 crianças e jovens que moram na periferia da zona sul tomaram o vão do Masp, na Avenida Paulista, e pediram paz. Sujos de tinta vermelha, simbolizando o sangue de amigos e parentes assassinados, eles deitaram no chão, para que essas mortes não fossem esquecidas.
Um dos manifestantes, William Ribeiro de Souza, de 17 anos, nem sabia dizer quantos amigos já perdeu. "Há três anos, muitos morreram, vítimas de tiros.
Há um ano foi o Anderson. Ele estava se afastando da vida do crime."
Essa vida aparece como alternativa para muitos jovens da periferia, diz. "É uma vida fácil, mas ao mesmo tempo você não vive muito. O que vem fácil vai fácil", diz o estudante, que faz parte de um grupo de jovens católicos.
A violência também levou o pai de Kleber Brito, de 19, há dois anos.
"Assaltaram ele perto de onde a gente mora", conta Kleber, que vive no bairro Cantinho do Céu. "Hoje, você tem de saber viver. Tem de ir para a igreja, saber com quem anda. " Mortes - A manifestação foi organizada pelo Movimento Atitude pela Paz, que atua na zona sul há sete anos. Segundo o coordenador, o sociólogo Luiz Carlos dos Santos, 2.130 jovens foram assassinados na região em 2002. "A maioria foi vítima de arma de fogo", diz.
"Para desarmar, é preciso investir. Estou cansado das discussões (sobre armas) no Congresso, nas universidades. Eles não conhecem a periferia."
Segundo Santos, o que explica tanta violência é a "ausência do Estado".
"Esses adolescentes precisam de emprego, lazer, esporte, cultura, educação de qualidade. A presença do Estado, por si só, já desarmaria muitos jovens e evitaria que muitos peguem em armas amanhã."
Da Redação
Na manhã de ontem, Dia Internacional do Desarmamento, cerca de 800 crianças e jovens que moram na periferia da zona sul tomaram o vão do Masp, na Avenida Paulista, e pediram paz. Sujos de tinta vermelha, simbolizando o sangue de amigos e parentes assassinados, eles deitaram no chão, para que essas mortes não fossem esquecidas.
Um dos manifestantes, William Ribeiro de Souza, de 17 anos, nem sabia dizer quantos amigos já perdeu. "Há três anos, muitos morreram, vítimas de tiros.
Há um ano foi o Anderson. Ele estava se afastando da vida do crime."
Essa vida aparece como alternativa para muitos jovens da periferia, diz. "É uma vida fácil, mas ao mesmo tempo você não vive muito. O que vem fácil vai fácil", diz o estudante, que faz parte de um grupo de jovens católicos.
A violência também levou o pai de Kleber Brito, de 19, há dois anos.
"Assaltaram ele perto de onde a gente mora", conta Kleber, que vive no bairro Cantinho do Céu. "Hoje, você tem de saber viver. Tem de ir para a igreja, saber com quem anda. " Mortes - A manifestação foi organizada pelo Movimento Atitude pela Paz, que atua na zona sul há sete anos. Segundo o coordenador, o sociólogo Luiz Carlos dos Santos, 2.130 jovens foram assassinados na região em 2002. "A maioria foi vítima de arma de fogo", diz.
"Para desarmar, é preciso investir. Estou cansado das discussões (sobre armas) no Congresso, nas universidades. Eles não conhecem a periferia."
Segundo Santos, o que explica tanta violência é a "ausência do Estado".
"Esses adolescentes precisam de emprego, lazer, esporte, cultura, educação de qualidade. A presença do Estado, por si só, já desarmaria muitos jovens e evitaria que muitos peguem em armas amanhã."