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Milú Villela, símbolo do Ano do Voluntariado

Por Consumidor Moderno    24 de outubro de 2001
Consumidor Moderno: Como foi seu ingresso na atividade de trabalhos voluntários?

Milú Villela: Comecei o trabalho na área social ainda na infância. Minha avó dirigia uma casa de apoio a crianças filhas de mães solteiras, mulheres muito discriminadas naquele tempo. Em uma época em que a maioria das mulheres eram só donas-de-casa, minha avó saía logo cedo e dedicava o dia a uma causa social. Ela foi sem dúvida, meu primeiro modelo de trabalho voluntário. Isso marcou minha infância e, desde então, venho tentando multiplicar esse exemplo, mostrando ao maior número de pessoas que a participação de cada um de nós é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. O trabalho social é o alimento que me faz viver dia após dia.

Consumidor Moderno: Como funciona e como surgiu o Centro de Voluntariado? Milú Villela: O Centro de Voluntariado de São Paulo é uma organização não governamental que foi fundada em 1997. Fomos o primeiro do País e hoje já existem 40 centros em vários Estados do Brasil. Quando começamos a trabalhar, não havia um modelo formatado que pudéssemos seguir. Em nosso percurso encontramos pessoas que se comprometeram com a causa e trabalharam para que nós nos tornássemos uma referência no voluntariado no Brasil, isso me traz muita alegria. O Centro tem mais de 300 organizações sociais cadastradas que recebem todos os dias voluntários encaminhados por nós.

Consumidor Moderno: O que a senhora espera no Ano Internacional do Voluntário?

Milú Villela: Neste Ano Internacional do Voluntário espero poder contribuir com o meu trabalho e de toda a equipe do Comitê para a formação de uma nova postura cidadã e solidária. Por isso, o lema de nossa campanha é "Faça Parte". Este novo milênio nos mostra que as pessoas querem participar, fazer parte de um mundo melhor. Nossa função é mostrar que, com o trabalho de todos, isto é possível. Meu vínculo é sempre com o social, sinto que vivemos uma sinergia em que ações, pessoas e funções se interagem.

Consumidor Moderno: Dá para se estimar o número de pessoas no Brasil que prestam serviços voluntários? Qual tem sido o crescimento no País? Milú Villela: Segundo pesquisas recentes, existem no Brasil cerca de 20 milhões de pessoas que dedicam alguma parte de seu tempo às causas sociais. Isso equivale a 22,6% da população brasileira. Com esse percentual, estamos um pouco atrás da França, onde 23% da população pratica alguma atividade voluntária. Não temos dados, ainda, sobre a distribuição geográfica.

Consumidor Moderno: O que é necessário fazer para estimular as pessoas a se tornarem voluntárias? Milú Villela: É preciso sensibilizá-las com exemplos de pessoas que dedicam um pouco que seja de seu tempo e talento para ajudar o próximo. São belas histórias de heróis anônimos que carregam esse País com solidariedade. O voluntariado a cada dia se transforma em um imenso colchão social, que cria oportunidades e transforma a sociedade, tornando-a mais justa e solidária.

Consumidor Moderno: Quais os principais resultados que as empresas, no geral, têm conseguido com as ações sociais? Milú Villela: A preocupação social de uma empresa tornou-se um fator essencial para ela. De acordo com o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, o dinheiro investido em programas de voluntariado apresenta um retorno de 12 para um. Para cada real aplicado, o resultado é de R$12,00. Enquanto para cada real aplicado com finalidade social, o retorno, ou o que efetivamente chega ao atendimento final, está estimado em 20%, ou seja: para cada R$1, chegam apenas R$0,20.

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