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Projeto ajuda adolescentes a reconhecerem maternidade

Por InterCidadania   22 de julho de 2003
"Ninho - Construindo a maternidade" atende grávidas de comunidades pobres do Recife

Vanya Albuquerque

Acreditando na idéia de que uma estrutura familiar forte ajuda no pleno desenvolvimento de uma criança, a organização não-governamental Movimento Tortura Nunca Mais criou, no segundo semestre de 2002, com o apoio do Instituto Pauline Reichtul, o projeto "Ninho - Construindo a maternidade". Com o objetivo de fazer com que adolescentes grávidas de comunidades pobres do Recife reconhecessem a maternidade e não abandonassem seus filhos, o projeto começou a ser colocado em prática. "A gente constatou numa pesquisa que meninas que engravidam cedo acabam abandonando seus filhos", explica Cinthia Fernanda, presidente do Instituto Pauline Reichtul.

O Ninho, como é mais conhecido o projeto, foi dividido em duas etapas para melhor alcançar seus objetivos. Na primeira, no ano passado, buscou estabelecer uma relação afetuosa entre a grávida e o bebê. Para isso, 30 gestantes receberam orientações sobre aleitamento materno, sexualidade, direitos humanos e cidadania. As participantes do projeto puderam contar com a presença de uma psicóloga, uma assistente social e uma massagista nas aulas. "Procuramos esclarecer pontos como a importância do uso da camisinha numa relação sexual para a preservação da saúde delas. A mãe esclarecida eleva a auto estima, o que ajuda a cuidarem melhor dos filhos", conta Ana Paula Moraes, professora de cidadania e direitos humanos do projeto.

A professora explica que a metodologia usada é descentralizada. Segundo ela, isso garante que as participantes do programa se sintam motivadas a voltar na próxima reunião. "Fazemos círculos nas salas e incentivamos que todas as participantes falem das suas experiências, assim elas próprias acham a solução para seus problemas", diz. "Não é uma educação bancária onde se despeja informações, mas sim uma baseada na troca", completa.

Na segunda etapa, começada em maio deste ano, buscou-se profissionalizar as mães que participaram da primeira edição do projeto. "Essas mulheres precisavam ter uma fonte de renda para poder sustentar seus filhos", diz Cinthia Fernanda. As jovens estão fazendo cursos de aromoterapia e artesanato. "Elas confeccionam velas e sabonetes aromáticos, chaveiros em forma de mini tambores de alfaia (tambor do maracatu) e berimbaus para enfeites de mesas", explica a presidente do instituto.

Os recursos para que o "Ninho" seja realizado vem do Programa Capacitação Solidária (PCS), do Governo Federal, que ajuda jovens a driblarem o desemprego. Criado em 1996, o PCS financia projetos de capacitação profissional para jovens de 16 a 21 anos de baixa renda e escolaridade.

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