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O Liberal
Por Consumo consciente muda atitude empresarial   1 de agosto de 2003
- A ordem é ter atenção ao meio ambiente e respeito pelos direitos
trabalhistas, com medidas como deixar de empregar crianças.
Rita Soares
Acredite. A decisão de levar ou não um produto para casa pode ajudar a diminuir o volume de lixo na terra, economizar água, garantir escola para crianças e jovens. Enfim com uma simples compra você poderá contribuir para tornar o mundo muito melhor. Essa é a filosofia do que vem sendo chamando de "consumo consciente", um movimento nem sempre organizado que surgiu na Europa e que começa a ganhar corpo no Brasil. Preocupadas com a sobrevivência no mercado, empresas de todo o mundo começam a reparar na atitude dos consumidores e a oferecer muito mais que qualidade e preço baixos. A ordem é ter atenção ao meio ambiente e respeito pelos direitos trabalhistas, com medidas como deixar de empregar crianças .
No Pará, ainda são poucos os consumidores que exigem atestado de boa conduta das empresas na hora da compra, mas o crescimento desse tipo de clientes no mundo já provoca mudanças no Estado. "Aqui as pessoas ainda se preocupam mais com o preço, embora já exista, nas classes mais altas, um sentimento de buscar consumir produtos mais ecológicos", afirma o coordenador de Tecnologia do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa (Sebrae), Márcio Pereira.
De olho nesses consumidores ou voltadas para o mercado externo, sete empresas do Pará, dos setores de cosméticos, confecções, construção civil e até oficinas mecânicas fazem parte do programa piloto Sebrae de Econegócios, iniciado em setembro do ano passado e que será encerrado em agosto. "A partir daí, vamos ampliar o programa para outros empresas", afirma Pereira.
O programa consiste na implantação, nas fábricas, do chamado sistema de P+L (Produção mais Limpa). O P+L faz parte do SGA (Sistema de Gestão Ambiental), já usado com sucesso em grandes empresas que fazem parte do Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentável, e que foi adaptado para os pequenos e médios empreedimentos. O diretor de Tecnologia do Sebrae explica que a base do P+L é a redução ou reutilização de resíduos e a economia dos insumos como água e energia. "As grandes empresas já têm alto padrão de produtividade, o que reduz o desperdício de resíduos. As pequenas ainda têm muitas perdas", afirma.
Pereira conta que em uma fábrica de confeções, por exemplo, o programa conseguiu economizar, em linhas e malhas o equivalente a um faturamento mensal por ano. Ou seja, a cada 12 meses de faturamento, a fábrica jogava um no lixo. Além de fazer bem às finanças das empresas, a reutilização de resíduos e a redução do uso de insumos ajuda a melhorar a saúde do planeta. Afinal, quanto mais água, energia e matérias-primas são necessárias para fabricar os produtos que você consome, maior serão os danos sobre o meio ambiente.
O programa de Agronegócios é dividido em cinco módulos. No primeiro, que trata de meio ambiente e pequena empresa, os empresários e seus funcionários estudam a legislação ambiental. O segundo módulo trata da gestão de resíduos sólidos e nele, é mostrada a forma de identificar, analisar e controlar os resíduos.
No terceiro, a meta é tratar sobre o gerenciamento do uso de água e efluentes líquidos. No quarto e quinto, os empresários conhecem o trâmite para obter o licenciamento ambiental e como implementar os mecanismos de produção mais limpa.
Para ajudar as empresas a tomarem essas medidas, o Sebrae treinou 20 consultores. São engenheiros, arquitetos, geólogos, engenheiros sanitaristas, agrônomos e químicos industriais, todos com experiência em meio ambiente. Os consultores vão para dentro das fábricas e acompanham todo o processo de produção, criando mecanismos que vão fazer as empresas reduzirem o impacto sobre o meio ambiente e o desperdício, aumentar o faturamento e ter a certeza de que estão fazendo o melhor possível para que as futuras gerações encontrem um planeta em condições de ser habitado.
Durante a fase piloto, as sete empresas cadastradas não tiveram custos porque se dispuseram a abrir as portas de suas unidades de produção para gerar a tecnologia que depois poderá ser estendida a outras fábricas. Após essa primeira fase, contudo, o Sebrae passará a cobrar pelos serviços de consultoria.
E o consumidor como vai saber se o produto que está na prateleira vem ou não de uma empresa ecologicamente correta? Pereira afirma o Sebrae já estuda a criação de um selo para identificar as participantes do programa que, nessa primeira fase são a Fluídos da Amazônia, Complementum, Frigepe, Tropisabor, Dedainebel, C. Carvalho, Bazdú, Ecojóias, Plancon-Engenharia e Auto Mecânica Tavares.
Instituto Akatu espalha "semente boa"
Um dos pioneiros no incentivo ao consumo consciente no Brasil foi o Instituto Akatu, organização não governamental criada em 15 de março de 2001. O Akatu nasceu justamente no Dia Mundial do Consumidor e marca a nova face do cliente.
Afinal hoje, consumidor consciente não é apenas aquele que exige produto bom e barato com atendimento adequado, mas é também aquele que procura, com o ato da compra, ajudar a melhorar as condições de vida da comunidade onde vive e, porque não, do mundo inteiro. Afinal, descartar produtos que poluem o meio ambiente, feitos com exploração do trabalho infantil ou desperdício de bens preciosos como a água é uma arma poderosa para mudar a forma como as empresas se comportam.
O nome do Instituto não poderia ser mais adequado. Akatu vem do Tupi e significa "semente boa" ou "mundo melhor". O Instituto foi criado com a missão de educar consumidores de todo o Brasil para que o ato de compra possa se tornar essa semente boa. Para atingir sua meta, o Akatu tem três bandeiras: sustentabilidade, responsabilidade social e políticas públicas.
Para a sustentabilidade, são desenvolvidos programas educativos e informativos sobre a compra e consumo de produtos naturais ou feitos à base de recursos naturais. Alerta também para a importância da maneira como esses produtos são usados. O aproveitamento da água, por exemplo pode ser melhorado com medidas simples como desligar a torneira enquanto se escova os dentes. Outro alerta é para a maneira como se descarta o que não presta mais. Ao jogar pilhas e baterias de celular no lixo doméstico, o consumidor está contribuindo para aumentar os riscos de contaminação dos lençois freáticos da área onde vive.
Para a responsabilidade social, são desenvolvidas atividades que induzem o consumidor a considerar a responsabilidade social como critério de escolha das empresas, ONGs e cooperativas com as quais estabelecerá relação de compra.
Outra meta é fazer com que os consumidores pressionem pelo estabelecimento de políticas públicas que possam contribuir para o consumo consciente.
Um dos programas desenvolvidos pelo Akatu é o "Sou Mais Nós" que prega uma série de medidas simples como não jogar o lixo no vaso sanitário e com isso economizar água. De acordo com a cartilha do Akatu, para se livrar do lixo do vaso são necessários 12 litros de água e, se um milhão de pessoas mudarem de atitude, a economia será o equivalente a toda a água que cai durante quatro minutos nas cataratas do Iguaçu.
Instituto disponibiliza informações e tira as dúvidas em site na internet
O Akatu ainda não desenvolve atividades no Pará, mas você pode conhecer o Instituto e se informar sobre o consumo consciente no site da ONG. Lá, você vai encontrar informações sobre os programas do Instituto, artigos, notícias e entrevistas sobre o tema. Há também informações sobre os impactos ambientais e sociais do consumo e enquetes. Você pode também opinar sobre artigos e matérias publicadas no site.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Akatu, os objetivos do site são: "divulgar conceitos de consumo consciente; formar uma comunidade virtual de consumidores conscientes; ser instrumento de divulgação dos programas e projetos do Instituto".
No site também é possível encontrar casos exemplares de consumidores com atitudes conscientes e uma biblioteca com as publicações e pesquisas realizadas pelo Instituto. Há também um canal que permite conhecer projetos sociais de algumas empresas. Algumas se dispõem até a tirar dúvidas do internauta.
O site do Instituto é www. akatu. net.
Rosângela Maiorana Kzan
E-mail: rs@oliberal.com.br - Correspondência para esta coluna: Rua 25 de Setembro, 2473. CEP 66.093-000 Telefone: 216-1000. Fax (091) 276 - 5615.
Rita Soares
Acredite. A decisão de levar ou não um produto para casa pode ajudar a diminuir o volume de lixo na terra, economizar água, garantir escola para crianças e jovens. Enfim com uma simples compra você poderá contribuir para tornar o mundo muito melhor. Essa é a filosofia do que vem sendo chamando de "consumo consciente", um movimento nem sempre organizado que surgiu na Europa e que começa a ganhar corpo no Brasil. Preocupadas com a sobrevivência no mercado, empresas de todo o mundo começam a reparar na atitude dos consumidores e a oferecer muito mais que qualidade e preço baixos. A ordem é ter atenção ao meio ambiente e respeito pelos direitos trabalhistas, com medidas como deixar de empregar crianças .
No Pará, ainda são poucos os consumidores que exigem atestado de boa conduta das empresas na hora da compra, mas o crescimento desse tipo de clientes no mundo já provoca mudanças no Estado. "Aqui as pessoas ainda se preocupam mais com o preço, embora já exista, nas classes mais altas, um sentimento de buscar consumir produtos mais ecológicos", afirma o coordenador de Tecnologia do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa (Sebrae), Márcio Pereira.
De olho nesses consumidores ou voltadas para o mercado externo, sete empresas do Pará, dos setores de cosméticos, confecções, construção civil e até oficinas mecânicas fazem parte do programa piloto Sebrae de Econegócios, iniciado em setembro do ano passado e que será encerrado em agosto. "A partir daí, vamos ampliar o programa para outros empresas", afirma Pereira.
O programa consiste na implantação, nas fábricas, do chamado sistema de P+L (Produção mais Limpa). O P+L faz parte do SGA (Sistema de Gestão Ambiental), já usado com sucesso em grandes empresas que fazem parte do Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentável, e que foi adaptado para os pequenos e médios empreedimentos. O diretor de Tecnologia do Sebrae explica que a base do P+L é a redução ou reutilização de resíduos e a economia dos insumos como água e energia. "As grandes empresas já têm alto padrão de produtividade, o que reduz o desperdício de resíduos. As pequenas ainda têm muitas perdas", afirma.
Pereira conta que em uma fábrica de confeções, por exemplo, o programa conseguiu economizar, em linhas e malhas o equivalente a um faturamento mensal por ano. Ou seja, a cada 12 meses de faturamento, a fábrica jogava um no lixo. Além de fazer bem às finanças das empresas, a reutilização de resíduos e a redução do uso de insumos ajuda a melhorar a saúde do planeta. Afinal, quanto mais água, energia e matérias-primas são necessárias para fabricar os produtos que você consome, maior serão os danos sobre o meio ambiente.
O programa de Agronegócios é dividido em cinco módulos. No primeiro, que trata de meio ambiente e pequena empresa, os empresários e seus funcionários estudam a legislação ambiental. O segundo módulo trata da gestão de resíduos sólidos e nele, é mostrada a forma de identificar, analisar e controlar os resíduos.
No terceiro, a meta é tratar sobre o gerenciamento do uso de água e efluentes líquidos. No quarto e quinto, os empresários conhecem o trâmite para obter o licenciamento ambiental e como implementar os mecanismos de produção mais limpa.
Para ajudar as empresas a tomarem essas medidas, o Sebrae treinou 20 consultores. São engenheiros, arquitetos, geólogos, engenheiros sanitaristas, agrônomos e químicos industriais, todos com experiência em meio ambiente. Os consultores vão para dentro das fábricas e acompanham todo o processo de produção, criando mecanismos que vão fazer as empresas reduzirem o impacto sobre o meio ambiente e o desperdício, aumentar o faturamento e ter a certeza de que estão fazendo o melhor possível para que as futuras gerações encontrem um planeta em condições de ser habitado.
Durante a fase piloto, as sete empresas cadastradas não tiveram custos porque se dispuseram a abrir as portas de suas unidades de produção para gerar a tecnologia que depois poderá ser estendida a outras fábricas. Após essa primeira fase, contudo, o Sebrae passará a cobrar pelos serviços de consultoria.
E o consumidor como vai saber se o produto que está na prateleira vem ou não de uma empresa ecologicamente correta? Pereira afirma o Sebrae já estuda a criação de um selo para identificar as participantes do programa que, nessa primeira fase são a Fluídos da Amazônia, Complementum, Frigepe, Tropisabor, Dedainebel, C. Carvalho, Bazdú, Ecojóias, Plancon-Engenharia e Auto Mecânica Tavares.
Instituto Akatu espalha "semente boa"
Um dos pioneiros no incentivo ao consumo consciente no Brasil foi o Instituto Akatu, organização não governamental criada em 15 de março de 2001. O Akatu nasceu justamente no Dia Mundial do Consumidor e marca a nova face do cliente.
Afinal hoje, consumidor consciente não é apenas aquele que exige produto bom e barato com atendimento adequado, mas é também aquele que procura, com o ato da compra, ajudar a melhorar as condições de vida da comunidade onde vive e, porque não, do mundo inteiro. Afinal, descartar produtos que poluem o meio ambiente, feitos com exploração do trabalho infantil ou desperdício de bens preciosos como a água é uma arma poderosa para mudar a forma como as empresas se comportam.
O nome do Instituto não poderia ser mais adequado. Akatu vem do Tupi e significa "semente boa" ou "mundo melhor". O Instituto foi criado com a missão de educar consumidores de todo o Brasil para que o ato de compra possa se tornar essa semente boa. Para atingir sua meta, o Akatu tem três bandeiras: sustentabilidade, responsabilidade social e políticas públicas.
Para a sustentabilidade, são desenvolvidos programas educativos e informativos sobre a compra e consumo de produtos naturais ou feitos à base de recursos naturais. Alerta também para a importância da maneira como esses produtos são usados. O aproveitamento da água, por exemplo pode ser melhorado com medidas simples como desligar a torneira enquanto se escova os dentes. Outro alerta é para a maneira como se descarta o que não presta mais. Ao jogar pilhas e baterias de celular no lixo doméstico, o consumidor está contribuindo para aumentar os riscos de contaminação dos lençois freáticos da área onde vive.
Para a responsabilidade social, são desenvolvidas atividades que induzem o consumidor a considerar a responsabilidade social como critério de escolha das empresas, ONGs e cooperativas com as quais estabelecerá relação de compra.
Outra meta é fazer com que os consumidores pressionem pelo estabelecimento de políticas públicas que possam contribuir para o consumo consciente.
Um dos programas desenvolvidos pelo Akatu é o "Sou Mais Nós" que prega uma série de medidas simples como não jogar o lixo no vaso sanitário e com isso economizar água. De acordo com a cartilha do Akatu, para se livrar do lixo do vaso são necessários 12 litros de água e, se um milhão de pessoas mudarem de atitude, a economia será o equivalente a toda a água que cai durante quatro minutos nas cataratas do Iguaçu.
Instituto disponibiliza informações e tira as dúvidas em site na internet
O Akatu ainda não desenvolve atividades no Pará, mas você pode conhecer o Instituto e se informar sobre o consumo consciente no site da ONG. Lá, você vai encontrar informações sobre os programas do Instituto, artigos, notícias e entrevistas sobre o tema. Há também informações sobre os impactos ambientais e sociais do consumo e enquetes. Você pode também opinar sobre artigos e matérias publicadas no site.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Akatu, os objetivos do site são: "divulgar conceitos de consumo consciente; formar uma comunidade virtual de consumidores conscientes; ser instrumento de divulgação dos programas e projetos do Instituto".
No site também é possível encontrar casos exemplares de consumidores com atitudes conscientes e uma biblioteca com as publicações e pesquisas realizadas pelo Instituto. Há também um canal que permite conhecer projetos sociais de algumas empresas. Algumas se dispõem até a tirar dúvidas do internauta.
O site do Instituto é www. akatu. net.
Rosângela Maiorana Kzan
E-mail: rs@oliberal.com.br - Correspondência para esta coluna: Rua 25 de Setembro, 2473. CEP 66.093-000 Telefone: 216-1000. Fax (091) 276 - 5615.