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OCAS ganha campanha milionária
Olivetto conheceu a OCAS" no primeiro turno da eleição do ano passado,quando um rapaz da ONG que estava trabalhando na seção em que o publicitário vota lhe mostrou a revista.
Alguns dias depois,houve uma reunião da OCAS"com a agência e mídia."Grandes veículos como a Editora Três, Editora Globo,Editora Abril e O Estado de São Paulo se interessaram em participar da causa", diz a gerente de mídia da agência,Gleidys Salvanha.
Outdoors e abrigos de ônibus poderão veicular a campanha.Caso alguém fosse bancar a campanha,desembolsaria, segundo estimativa de Gleidys, cerca de R$2 milhões,sendo R$400 mil para a agência.
Segundo o diretor de arte da W/Brasil,Javier Talavera, a campanha foi um desafio complexo."Não era só tentar comover,com campanha que dê pena,mas mostrar o vendedor como um ser humano que tenta reerguer sua vida", diz. Os vendedores são os próprios modelos.O responsável por captar a carga de vivência dos vendedores foi o fotógrafo Bob Wolfenson.
Havia pontos que precisavam ser bem trabalhados,como o de que a venda da revista é revertida para os moradores de rua e a de que a revista vale por si só.Dos R$2 cobrados, R$ 1,50 fica com o vendedor.
Além disso,não é encontrada em um local específico,é itinerante.De nada adianta divulgar a revista,se depois não souberem onde comprá-la.
Uma das peças publicitárias será a de outdoor com seta indicando o vendedor.Um deles deverá ser colocado na Av. Paulista. "Vai ser até mais fácil medir o impacto da campanha",analisa Rui Branquinho, redator da W/Brasil.
Para Rui,o maior desafio foi sair do tradicional "compre, acesse".A campanha precisou mostrar o que é a OCAS"e que o trabalho é sério. Foi preciso explicar como identificar os vendedores, que o programa existe em outros países e como eles são remunerados.Mostrar que eles não estão pedindo dinheiro,mas se inserindo no mercantilismo com a venda de uma revista com conteúdo interessante,com vários assuntos",afirma Rui. Após um ano de revista,40 pessoas vendem cerca de 8 mil exemplares por mês nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.Tem gente que consegue tirar até R$600 por mês.Alguns já saíram dos albergues, estão morando em pensão, e cerca de dez conseguiram um trabalho fixo.
Ao contrário da maioria das ONGs, que focam crianças e jovens, a OCAS"só pode ser vendida por maiores de 18 anos. Cerca de 90% dos vendedores é de homens,60% não completaram o ensino fundamental e a maioria é da capital de São Paulo ou do Rio.Menos de 14% não sabem ler e há até gente com nível universitário.
A OCAS" integra a Rede Internacional de Publicações de Rua. Os londrinos vendem semanalmente 260 mil exemplares da Big Issue.Na América Latina, a Argentina vende 50 mil exemplares há três anos.