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Fome é questão política, afirma Greenpeace
Por O Estado de São Paulo   6 de agosto de 2003
Para entidade, Vaticano erra ao defender transgênicos, virtual monopólio da
Monsanto
Herton Escobar
Os recentes pronunciamentos do Vaticano em favor dos transgênicos não amenizaram em nada a oposição do Greenpeace a essa tecnologia. A Santa Sé, segundo os ambientalistas, engana-se ao propor o cultivo de alimentos geneticamente modificados como uma das soluções para a fome no mundo. "O mundo já produz alimentos suficientes, tanto que temos safras recordes e fome recorde ao mesmo tempo", argumenta a coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace no Brasil, Mariana Paoli.
A fome, segundo ela, é uma questão política e social, e não de tecnologia. A liberação dos transgênicos, acreditam os ambientalistas, deixaria a produção de alimentos sob o controle de multinacionais. Nesse cenário, a maior criticada é a Monsanto, empresa que desenvolveu a tecnologia de plantas transgênicas. "Mais de 90% das sementes transgênicas plantadas hoje no mundo são da Monsanto", acusa Mariana. "Não podemos deixar a produção de alimentos nas mãos de umas poucas empresas."
Além dos produtos de multinacionais, que foram os primeiros a chegar ao mercado - principalmente commodities, como soja, milho, canola e algodão -, centenas de projetos públicos estão sendo desenvolvidos ao redor do mundo para a criação de novos alimentos transgênicos, muitos deles produtos da agricultura familiar. Só no Brasil, por exemplo, há projetos avançados para o desenvolvimento de feijão, mamão, batata, alface, maracujá e tomate, além de café e cacau geneticamente modificados.
Muitos pesquisadores apostam também que a oposição diminuirá com a chegada da segunda geração de transgênicos, com plantas modificadas para ser mais nutritivas e saudáveis. Mariana já adianta, entretanto, que o Greenpeace será contra qualquer planta transgênica. "Todos os nutrientes que precisamos já estão presentes na nossa alimentação", diz. "Não temos segurança de que esses produtos não trarão risco para a saúde."
Cientistas insistem que a avaliação dos transgênicos deve ser feita caso a caso. A segurança dos produtos atuais tem o aval da Organização Mundial da Saúde e pelo menos sete grandes academias de ciência do mundo. O Greenpeace, entretanto, não está convencido. "Os transgênicos não são seguros nem para o meio ambiente nem para a saúde; nem mesmo o algodão", diz Mariana. "A falta de evidências decorre justamente da falta de estudos."
Herton Escobar
Os recentes pronunciamentos do Vaticano em favor dos transgênicos não amenizaram em nada a oposição do Greenpeace a essa tecnologia. A Santa Sé, segundo os ambientalistas, engana-se ao propor o cultivo de alimentos geneticamente modificados como uma das soluções para a fome no mundo. "O mundo já produz alimentos suficientes, tanto que temos safras recordes e fome recorde ao mesmo tempo", argumenta a coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace no Brasil, Mariana Paoli.
A fome, segundo ela, é uma questão política e social, e não de tecnologia. A liberação dos transgênicos, acreditam os ambientalistas, deixaria a produção de alimentos sob o controle de multinacionais. Nesse cenário, a maior criticada é a Monsanto, empresa que desenvolveu a tecnologia de plantas transgênicas. "Mais de 90% das sementes transgênicas plantadas hoje no mundo são da Monsanto", acusa Mariana. "Não podemos deixar a produção de alimentos nas mãos de umas poucas empresas."
Além dos produtos de multinacionais, que foram os primeiros a chegar ao mercado - principalmente commodities, como soja, milho, canola e algodão -, centenas de projetos públicos estão sendo desenvolvidos ao redor do mundo para a criação de novos alimentos transgênicos, muitos deles produtos da agricultura familiar. Só no Brasil, por exemplo, há projetos avançados para o desenvolvimento de feijão, mamão, batata, alface, maracujá e tomate, além de café e cacau geneticamente modificados.
Muitos pesquisadores apostam também que a oposição diminuirá com a chegada da segunda geração de transgênicos, com plantas modificadas para ser mais nutritivas e saudáveis. Mariana já adianta, entretanto, que o Greenpeace será contra qualquer planta transgênica. "Todos os nutrientes que precisamos já estão presentes na nossa alimentação", diz. "Não temos segurança de que esses produtos não trarão risco para a saúde."
Cientistas insistem que a avaliação dos transgênicos deve ser feita caso a caso. A segurança dos produtos atuais tem o aval da Organização Mundial da Saúde e pelo menos sete grandes academias de ciência do mundo. O Greenpeace, entretanto, não está convencido. "Os transgênicos não são seguros nem para o meio ambiente nem para a saúde; nem mesmo o algodão", diz Mariana. "A falta de evidências decorre justamente da falta de estudos."