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Por um novo índice de desenvolvimento
Por RITS   30 de setembro de 2003
Os atuais indicadores de progresso de nações não são suficientes para medir
a qualidade de vida da população, pois deixam de lado fatores importantes
como meio ambiente, habitação e respeito aos direitos humanos. Foi pensando
nisso que algumas organizações sociais e empresas decidiram organizar a
Icons 2003 - Conferência Internacional sobre Indicadores de Desenvolvimento
Sustentável e Qualidade de Vida. O evento vai reunir especialistas de
diversos países em Curitiba (PR), de 26 a 29 de outubro, e culminar no
lançamento do Observatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável no
Brasil. Esta iniciativa pretende organizar melhor as informações sobre
aspectos sociais, culturais e ambientais do país.
O principal objetivo da conferência é debater novos modelos de mensuração e gestão da informação voltados para o desenvolvimento sustentável. Além disso, pretende mostrar que os indicadores atualmente utilizados para quantificar a qualidade de vida, como o Produto Interno Bruto (PIB - soma de toda a produção nacional) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), adotado pelas Nações Unidas, não refletem todos os aspectos do cotidiano. O primeiro, por contabilizar apenas a economia. O segundo - considerado um pouco melhor, pois considera índices de educação e saúde -, por não ser suficiente.
Para falar sobre essas deficiências e estabelecer novos índices, foram chamados nomes de destaque na gestão de informações, como o professor do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP Ladislau Dowbor, o pesquisador norte-americano da área de saúde Paul Epstein e a também americana economista Hazel Henderson. Esta, aliás, é co-autora de uma inovadora metodologia de avaliação de qualidade de vida, a Calvert-Henderson, apontada por Dowbor, em recente entrevista à Rets, como mais ampla e um caminho a ser seguido. "Precisamos medir a qualidade de vida, não só a produção", disse o brasileiro. Os indicadores utilizados por Henderson e pelo grupo Calvert, de Maryland (EUA), que atualmente leva adiante a pesquisa, são: renda, lazer, meio ambiente, educação, energia, saúde, poluição, emprego, direitos humanos, segurança, habitação e crescimento pessoal.
Os itens que irão constar no Observatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável só serão definidos durante a Icons 2003. A iniciativa será apresentada no dia 28 de outubro pela pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos de Religião) Samyra Crespo e debatida na manhã do dia seguinte. "É preciso criar uma cultura que reconsidere a definição de desenvolvimento. Um dos aspectos necessários para isso são as contas públicas. A conferência é importante para aglutinar atores com nova visão, mais transparente e participativa", diz Thais Corral, coordenadora geral da Icons 2003.
A intenção é reunir propostas e experiências citadas durante o evento para criar um novo índice de qualidade de vida tanto em nível local quanto no nacional. Tudo de acordo com experiências do setor privado, governamental e social. "O Observatório será um fórum permanente que irá monitorar investimentos públicos relacionados ao desenvolvimento sustentável no Brasil", explica Corral. O monitoramento será feito a partir de dados já existentes no país, mas nunca organizados conjuntamente.
Corral lembra que fora do governo já há iniciativas nesse sentido, como o Observatório Social do Ibase e o Balanço Social do Instituto Ethos, que ampliam os direitos de informação da sociedade sobre as empresas.
Programação
A programação da conferência foi dividida em dois painéis e uma sessão de apresentação de casos bem-sucedidos. O primeiro painel, que ocupará toda a manhã do dia 27, se chama "Redefinindo o desenvolvimento, a prosperidade e o progresso (novos paradigmas para medir conforto e modernidade)". Nele serão abordadas novas formas de mensuração de riqueza e desenvolvimento a partir das falas de Henderson, Dowbor e do ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro entre outros.
O segundo acontece na tarde do dia 27 e foi nomeado "Nova geração de indicadores para medir desenvolvimento social, econômico e ambiental". A intenção é discutir iniciativas internacionais e nacionais cuja finalidade seja medir os progressos da implementação de uma nova agenda global de desenvolvimento sustentável. Para falar sobre a experiência estrangeira foram convidados Magnus Huss, da organização sueca The Natural Steps; Roberto Guimarães, da Cepal; Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network (EUA); e Fábio Feldmann, representante da Global Reporting Initiative.
Os projetos nacionais ficam a cargo de Pavel Novacek, da Universidade Palacky, da República Tcheca; Peter Mederly, da Regioplan (Eslovênia); Xinhua Zhang, do chinês Centro de Política e Estratégias Científicas; e Luis Henrique Proença Soares, diretor de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Em seguida serão apresentados casos de aplicação de indicadores alternativos de acordo com sua procedência. As sessões foram divididas em setor privado, organizado pelo Instituto Ethos; governamental, a cargo do IBPQ e da companhia elétrica Copel; e terceiro setor, cuja organização ficou a cargo da Rits, ABDL, Iser, Redeh e Instituto Akatu. As iniciativas internacionais serão apresentadas por David Swain, da Jacksonville Community Council, dos EUA e Dip Filinto Duran, presidente da Comissão sobre Dívida Social de Parlatino, também nos Estados Unidos.
Haverá ainda uma palestra com Hezel Henderson, que abre a conferência, no dia 26, e outra com Christopher Flavin, do World Watch Institute, na tarde do dia 28, além de uma oficina de "pegada ecológica" com o presidente da Global Footprint Network.
As inscrições podem ser feitas via Internet, na página da conferência (ver link no alto da página, à direita). Até 30 de setembro, elas custam R$ 600, mas professores, pesquisadores, representantes de ONGs, prefeituras e do serviço público geral pagam R$ 240. O valor para estudantes é R$ 200. Após 1º de outubro, os preços sobem para R$ 750, R$ 300 e R$ 240, respectivamente. Há também descontos para empresas, de acordo com o número de representantes inscritos. De 2 a 5 inscrições, o abatimento é de 10%. Até 10, 15%. A partir de 10, 20%. As empresas associadas ao IBQP têm direito a 20% de desconto.
A conferência será realizada no Cietep de Curitiba, que fica na Av. Comendador Franco, 1341, Jardim Botânico.
Marcelo Medeiros
O principal objetivo da conferência é debater novos modelos de mensuração e gestão da informação voltados para o desenvolvimento sustentável. Além disso, pretende mostrar que os indicadores atualmente utilizados para quantificar a qualidade de vida, como o Produto Interno Bruto (PIB - soma de toda a produção nacional) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), adotado pelas Nações Unidas, não refletem todos os aspectos do cotidiano. O primeiro, por contabilizar apenas a economia. O segundo - considerado um pouco melhor, pois considera índices de educação e saúde -, por não ser suficiente.
Para falar sobre essas deficiências e estabelecer novos índices, foram chamados nomes de destaque na gestão de informações, como o professor do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP Ladislau Dowbor, o pesquisador norte-americano da área de saúde Paul Epstein e a também americana economista Hazel Henderson. Esta, aliás, é co-autora de uma inovadora metodologia de avaliação de qualidade de vida, a Calvert-Henderson, apontada por Dowbor, em recente entrevista à Rets, como mais ampla e um caminho a ser seguido. "Precisamos medir a qualidade de vida, não só a produção", disse o brasileiro. Os indicadores utilizados por Henderson e pelo grupo Calvert, de Maryland (EUA), que atualmente leva adiante a pesquisa, são: renda, lazer, meio ambiente, educação, energia, saúde, poluição, emprego, direitos humanos, segurança, habitação e crescimento pessoal.
Os itens que irão constar no Observatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável só serão definidos durante a Icons 2003. A iniciativa será apresentada no dia 28 de outubro pela pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos de Religião) Samyra Crespo e debatida na manhã do dia seguinte. "É preciso criar uma cultura que reconsidere a definição de desenvolvimento. Um dos aspectos necessários para isso são as contas públicas. A conferência é importante para aglutinar atores com nova visão, mais transparente e participativa", diz Thais Corral, coordenadora geral da Icons 2003.
A intenção é reunir propostas e experiências citadas durante o evento para criar um novo índice de qualidade de vida tanto em nível local quanto no nacional. Tudo de acordo com experiências do setor privado, governamental e social. "O Observatório será um fórum permanente que irá monitorar investimentos públicos relacionados ao desenvolvimento sustentável no Brasil", explica Corral. O monitoramento será feito a partir de dados já existentes no país, mas nunca organizados conjuntamente.
Corral lembra que fora do governo já há iniciativas nesse sentido, como o Observatório Social do Ibase e o Balanço Social do Instituto Ethos, que ampliam os direitos de informação da sociedade sobre as empresas.
Programação
A programação da conferência foi dividida em dois painéis e uma sessão de apresentação de casos bem-sucedidos. O primeiro painel, que ocupará toda a manhã do dia 27, se chama "Redefinindo o desenvolvimento, a prosperidade e o progresso (novos paradigmas para medir conforto e modernidade)". Nele serão abordadas novas formas de mensuração de riqueza e desenvolvimento a partir das falas de Henderson, Dowbor e do ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro entre outros.
O segundo acontece na tarde do dia 27 e foi nomeado "Nova geração de indicadores para medir desenvolvimento social, econômico e ambiental". A intenção é discutir iniciativas internacionais e nacionais cuja finalidade seja medir os progressos da implementação de uma nova agenda global de desenvolvimento sustentável. Para falar sobre a experiência estrangeira foram convidados Magnus Huss, da organização sueca The Natural Steps; Roberto Guimarães, da Cepal; Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network (EUA); e Fábio Feldmann, representante da Global Reporting Initiative.
Os projetos nacionais ficam a cargo de Pavel Novacek, da Universidade Palacky, da República Tcheca; Peter Mederly, da Regioplan (Eslovênia); Xinhua Zhang, do chinês Centro de Política e Estratégias Científicas; e Luis Henrique Proença Soares, diretor de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Em seguida serão apresentados casos de aplicação de indicadores alternativos de acordo com sua procedência. As sessões foram divididas em setor privado, organizado pelo Instituto Ethos; governamental, a cargo do IBPQ e da companhia elétrica Copel; e terceiro setor, cuja organização ficou a cargo da Rits, ABDL, Iser, Redeh e Instituto Akatu. As iniciativas internacionais serão apresentadas por David Swain, da Jacksonville Community Council, dos EUA e Dip Filinto Duran, presidente da Comissão sobre Dívida Social de Parlatino, também nos Estados Unidos.
Haverá ainda uma palestra com Hezel Henderson, que abre a conferência, no dia 26, e outra com Christopher Flavin, do World Watch Institute, na tarde do dia 28, além de uma oficina de "pegada ecológica" com o presidente da Global Footprint Network.
As inscrições podem ser feitas via Internet, na página da conferência (ver link no alto da página, à direita). Até 30 de setembro, elas custam R$ 600, mas professores, pesquisadores, representantes de ONGs, prefeituras e do serviço público geral pagam R$ 240. O valor para estudantes é R$ 200. Após 1º de outubro, os preços sobem para R$ 750, R$ 300 e R$ 240, respectivamente. Há também descontos para empresas, de acordo com o número de representantes inscritos. De 2 a 5 inscrições, o abatimento é de 10%. Até 10, 15%. A partir de 10, 20%. As empresas associadas ao IBQP têm direito a 20% de desconto.
A conferência será realizada no Cietep de Curitiba, que fica na Av. Comendador Franco, 1341, Jardim Botânico.
Marcelo Medeiros