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Alimentação: questão de cidadania
Por Camila Doretto / Diário do Comércio   16 de outubro de 2003
O desperdício de alimentos convive com a fome e a desnutrição; seu aproveitamento total também é lição de saúde e economia
O planeta produz uma vez e meia a quantidade de alimentos suficiente para toda a população, ou seja, 6 bilhões de pessoas. Mesmo assim, um a cada sete cidadãos passa fome, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Por outro lado, 300 milhões de pessoas estão acima do peso, frequentemente com deficiência de vitaminas e se tornando parte do grande número de vítimas de doenças associadas à gordura. Autoridades de vários países, entre eles o Brasil, já estão se mobilizando e criando programas de combate ao desperdício e à desnutrição.
Amanhã é o Dia Mundial da Alimentação que comemora a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em 1945. A data é celebrada todos os anos por mais de 150 países com o objetivo de mobilizar a humanidade na luta contra a fome e a desnutrição.
Consciência – Aproveitar integralmente o alimento e conhecer o caminho que ele percorre, do consumo ao descarte, é despertar para essa situação grave por que passa o país e o mundo. A iniciativa de mudar o tratamento que se dá aos alimentos é o primeiro estágio de um comportamento que vem sendo chamado de consumo consciente.
Segundo o Instituto Akatu, que desenvolveu o extenso estudo "Nutrição e o Consumo Consciente", essa filosofia dá ao consumidor a responsabilidade na escolha e no uso dos produtos que consome. Na hora de comprar, esse tipo de consumidor leva em conta a origem da matéria prima, o valor nutricional do alimento e também a responsabilidade social do fabricante.
No Brasil, a situação é grave. O desperdício de alimentos chega a R$ 12 bilhões por ano, suficiente para alimentar 30 milhões de pessoas. O Programa Fome Zero contabiliza que 44 milhões passam fome.
Ao adotar medidas como aproveitamento integral, compra de alimentos na safra e de porções sem exagero, mas do tamanho da família, seria possível diminuir em até 30% os gastos com alimentação. "O consumidor deve fazer uma avaliação da quantidade que come e dos nutrientes que absorve. Antes de ir ao supermercado, deve planejar para que não haja perdas com produtos passando da validade na geladeira ou no fundo do armário", aconselha Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu.
Alimente-se bem – Um dos motivos de tanto desperdício é a falta de informação sobre como manipular partes do alimento geralmente muito mais nutritivas do que as que costumamos usar. Talos, folhas, cascas e ramas podem dar origem a pratos criativos, saborosos e bastante nutritivos.
Que tal um bolo feito de casca de banana, um quiche de casca de abóbora, um caldo preparado com talos verdes ou então um rocambole nutritivo (com aproveitamento total da berinjela)? Essas receitas e outras tão particulares foram elaboradas por nutricionistas do Programa Alimente-se Bem com R$ 1,00, criado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), em 1999.
O Programa ensina que é possível preparar as três principais refeições do dia com R$ 1,00. O cálculo usa como referência as porções individuais para cada refeição.
O caminho encontrado para que o conhecimento fosse multiplicado foi a criação de restaurantes educativos, espalhados pelo Estado de São Paulo. Eles funcionam como fonte de pesquisa sobre a aceitação dos pratos e também para a criação de novas receitas. Nos restaurantes, estão as Cozinhas Didáticas, onde são ministrados os cursos gratuitos.
O curso é dividido em quatro aulas de duas horas e meia. No final de cada aula, os alunos degustam os pratos preparados e no último dia ganham um livro com 200 receitas.
Além de ensinar como aproveitar todas as partes do alimento, as aulas também dão dicas de higiene, planejamento compras de supermercado e feira, entre outras. "Uma das dicas que eu dou é para que as pessoas não se esqueçam de que cada alimento tem a sua safra. Eles podem ser encontrados em quase todos os meses do ano, mas na época certa eles são mais baratos e de melhor qualidade", explica Salete Gomes do Nascimento, nutricionista do Sesi-SP.
Nadir Gomes Ferreira é dona-de-casa e se interessou em fazer o curso pela necessidade de economizar nas despesas, além da preocupação com a saúde. "Eu já sabia que a casca, o talo ou a folha de alguns alimentos podiam até ser muito nutritivos só que eu não sabia como manipulá-los. Hoje, eu estou adquirindo outros hábitos e as crianças lá de casa adoram os novos pratos", comemora Nadir.
"O principal objetivo é a reeducação dos hábitos alimentares para que eles entrem aos poucos na casa das pessoas. O que antes ia para o lixo é usado como alternativa de variação do cardápio. A mudança permite a redução do desperdício dos itens de alto valor nutritivo, que rendem pratos extremamente saborosos", explica Rosemeire Casanova, gerente de alimentação do Sesi-SP.
O planeta produz uma vez e meia a quantidade de alimentos suficiente para toda a população, ou seja, 6 bilhões de pessoas. Mesmo assim, um a cada sete cidadãos passa fome, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Por outro lado, 300 milhões de pessoas estão acima do peso, frequentemente com deficiência de vitaminas e se tornando parte do grande número de vítimas de doenças associadas à gordura. Autoridades de vários países, entre eles o Brasil, já estão se mobilizando e criando programas de combate ao desperdício e à desnutrição.
Amanhã é o Dia Mundial da Alimentação que comemora a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em 1945. A data é celebrada todos os anos por mais de 150 países com o objetivo de mobilizar a humanidade na luta contra a fome e a desnutrição.
Consciência – Aproveitar integralmente o alimento e conhecer o caminho que ele percorre, do consumo ao descarte, é despertar para essa situação grave por que passa o país e o mundo. A iniciativa de mudar o tratamento que se dá aos alimentos é o primeiro estágio de um comportamento que vem sendo chamado de consumo consciente.
Segundo o Instituto Akatu, que desenvolveu o extenso estudo "Nutrição e o Consumo Consciente", essa filosofia dá ao consumidor a responsabilidade na escolha e no uso dos produtos que consome. Na hora de comprar, esse tipo de consumidor leva em conta a origem da matéria prima, o valor nutricional do alimento e também a responsabilidade social do fabricante.
No Brasil, a situação é grave. O desperdício de alimentos chega a R$ 12 bilhões por ano, suficiente para alimentar 30 milhões de pessoas. O Programa Fome Zero contabiliza que 44 milhões passam fome.
Ao adotar medidas como aproveitamento integral, compra de alimentos na safra e de porções sem exagero, mas do tamanho da família, seria possível diminuir em até 30% os gastos com alimentação. "O consumidor deve fazer uma avaliação da quantidade que come e dos nutrientes que absorve. Antes de ir ao supermercado, deve planejar para que não haja perdas com produtos passando da validade na geladeira ou no fundo do armário", aconselha Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu.
Alimente-se bem – Um dos motivos de tanto desperdício é a falta de informação sobre como manipular partes do alimento geralmente muito mais nutritivas do que as que costumamos usar. Talos, folhas, cascas e ramas podem dar origem a pratos criativos, saborosos e bastante nutritivos.
Que tal um bolo feito de casca de banana, um quiche de casca de abóbora, um caldo preparado com talos verdes ou então um rocambole nutritivo (com aproveitamento total da berinjela)? Essas receitas e outras tão particulares foram elaboradas por nutricionistas do Programa Alimente-se Bem com R$ 1,00, criado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), em 1999.
O Programa ensina que é possível preparar as três principais refeições do dia com R$ 1,00. O cálculo usa como referência as porções individuais para cada refeição.
O caminho encontrado para que o conhecimento fosse multiplicado foi a criação de restaurantes educativos, espalhados pelo Estado de São Paulo. Eles funcionam como fonte de pesquisa sobre a aceitação dos pratos e também para a criação de novas receitas. Nos restaurantes, estão as Cozinhas Didáticas, onde são ministrados os cursos gratuitos.
O curso é dividido em quatro aulas de duas horas e meia. No final de cada aula, os alunos degustam os pratos preparados e no último dia ganham um livro com 200 receitas.
Além de ensinar como aproveitar todas as partes do alimento, as aulas também dão dicas de higiene, planejamento compras de supermercado e feira, entre outras. "Uma das dicas que eu dou é para que as pessoas não se esqueçam de que cada alimento tem a sua safra. Eles podem ser encontrados em quase todos os meses do ano, mas na época certa eles são mais baratos e de melhor qualidade", explica Salete Gomes do Nascimento, nutricionista do Sesi-SP.
Nadir Gomes Ferreira é dona-de-casa e se interessou em fazer o curso pela necessidade de economizar nas despesas, além da preocupação com a saúde. "Eu já sabia que a casca, o talo ou a folha de alguns alimentos podiam até ser muito nutritivos só que eu não sabia como manipulá-los. Hoje, eu estou adquirindo outros hábitos e as crianças lá de casa adoram os novos pratos", comemora Nadir.
"O principal objetivo é a reeducação dos hábitos alimentares para que eles entrem aos poucos na casa das pessoas. O que antes ia para o lixo é usado como alternativa de variação do cardápio. A mudança permite a redução do desperdício dos itens de alto valor nutritivo, que rendem pratos extremamente saborosos", explica Rosemeire Casanova, gerente de alimentação do Sesi-SP.