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"Trabalhar é muito bom"
Por Wladimir Miranda/ Diário do Comércio   5 de janeiro de 2004
A frase é de um interno da Febem que conseguiu emprego na Mister Sheik graças ao projeto de reinserção social da instituição
C.H.T., de 18 anos, traficava drogas no bairro de Cidade Ademar, extremo da zona Sul de São Paulo. "Como não tinha dinheiro para comer, parti para o mundo do crime", conta.
J.F.S., de 17 anos, furtou um carro para participar de um "racha" na av. Luís Carlos Berrine, também na zona Sul. "Eu gostava de pilotar carros, então, dei um jeito de arranjar um Monza para participar de um racha. Caí nas mãos da polícia", afirma ele.
Os dois são internos da Febem, Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor. Cumprem regime de semi liberdade. Durante o dia trabalham como "esfiheiros" na Mister Sheik.
Para C., ter a oportunidade de trabalhar, com registro em carteira, e ganhar um salário mínimo (R$ 240) por um período de 4 horas –se tiver bom comportamento passará a ganhar R$ 480, em oito horas de trabalho–, é um privilégio.
"Não tenho dúvidas de que ter sido selecionado para trabalhar com carteira assinada foi um privilégio. Fico feliz comigo, porque conquistei este direito com o bom comportamento que mostrei dentro da Febem", afirma ele.
O convívio diário com os colegas da loja da Mister Sheik em um shopping de São Paulo já deu bons exemplos para ele. "Converso muito com as pessoas que trabalham comigo. Aprendi com elas que o melhor que a gente faz é tentar viver bem, com dignidade. Sem essa de drogas, de más companhias. Além do mais, agora tenho de pensar que outras pessoas dependem de mim", diz C., referindo-se à mulher Érica, grávida de quatro meses.
Os amigos de Cidade Ademar, garante C., fazem parte do passado. "Deixei aquele pessoal de lado. Agora é vida nova", afirma.
J. trabalha em uma loja de rua da Mister Sheik. Ele também mostra-se disposto a aproveitar a chance que a empresa lhe deu. "Aprendi a lição. A minha vida agora está pegando um novo rumo. Trabalhar é muito bom", afirma.
Renata Nogueira Gomes, diretora executiva da Central Mister Sheik está otimista e prevê um excelente aproveitamento dos internos da Febem. "Reunimos os nossos funcionários e fizemos com eles um programa de motivação. O objetivo é que eles aceitem seus novos colegas sem nenhum preconceito", afirma.
Renata sabe, porém, que não é fácil apagar a péssima imagem que os internos da Febem têm junto à população. "Algumas pessoas associam todos os internos da Febem a infratores perigosíssimos como o 'Batoré' (menor que é assassino confesso de 15 pessoas e participou de 50 seqüestros relâmpagos) e o 'Champinha' (menor que matou a adolescente Liana Friedenbach e articulou a morte do namorado dela, Felipe Silva Caffé, há cerca de um mês num sítio abandonado de Embu-Guaçu) e acham perigoso dar emprego a esses menores."
"Mas posso garantir que até agora a experiência tem sido um sucesso. Os internos da Febem chegam na hora certa, são educados, limpos, não dão problemas. Seguem à risca os conselhos que dei para eles quando foram contratados. Disse que se eles tivessem mau comportamento fechariam a porta da empresa para outros internos da Febem no futuro", conta ela.
Rosana, que trabalha com C. na Mister Sheik do shopping, só tem palavras de elogios para o novo colega. "Ele é um excelente funcionário e para mim é um orgulho trabalhar numa empresa que colabora com este tipo de projeto."
Por enquanto, a Mister Sheik emprega dez internos da Febem. Até julho de 2004 a empresa quer abrir mais 104 vagas. Serão 114 menores infratores trabalhando nas 38 lojas da rede na capital paulista.
Dos 6.500 jovens internados nas 69 unidades da Febem em todo o Estado de São Paulo atualmente, 593 trabalham em diversas empresas. O emprego, quesito mais importante do projeto de reinserção social, conta também com o apoio da rede McDonald's. Em seis lojas de Ribeirão Preto, três internos da Febem receberam o título de funcionário do mês, destaque destinado a premiar esforço, dedicação e seriedade. Nas lojas McDonald's de três outras cidades (Campinas, Franca e Sertãozinho), 47 internos atuam desde outubro.
A Empório Ravioli, outra rede de alimentação que atua em São Paulo, treina cinco jovens internos em técnicas de cozinha internacional e deverá contratá-los assim que o estágio for concluído.
C.H.T., de 18 anos, traficava drogas no bairro de Cidade Ademar, extremo da zona Sul de São Paulo. "Como não tinha dinheiro para comer, parti para o mundo do crime", conta.
J.F.S., de 17 anos, furtou um carro para participar de um "racha" na av. Luís Carlos Berrine, também na zona Sul. "Eu gostava de pilotar carros, então, dei um jeito de arranjar um Monza para participar de um racha. Caí nas mãos da polícia", afirma ele.
Os dois são internos da Febem, Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor. Cumprem regime de semi liberdade. Durante o dia trabalham como "esfiheiros" na Mister Sheik.
Para C., ter a oportunidade de trabalhar, com registro em carteira, e ganhar um salário mínimo (R$ 240) por um período de 4 horas –se tiver bom comportamento passará a ganhar R$ 480, em oito horas de trabalho–, é um privilégio.
"Não tenho dúvidas de que ter sido selecionado para trabalhar com carteira assinada foi um privilégio. Fico feliz comigo, porque conquistei este direito com o bom comportamento que mostrei dentro da Febem", afirma ele.
O convívio diário com os colegas da loja da Mister Sheik em um shopping de São Paulo já deu bons exemplos para ele. "Converso muito com as pessoas que trabalham comigo. Aprendi com elas que o melhor que a gente faz é tentar viver bem, com dignidade. Sem essa de drogas, de más companhias. Além do mais, agora tenho de pensar que outras pessoas dependem de mim", diz C., referindo-se à mulher Érica, grávida de quatro meses.
Os amigos de Cidade Ademar, garante C., fazem parte do passado. "Deixei aquele pessoal de lado. Agora é vida nova", afirma.
J. trabalha em uma loja de rua da Mister Sheik. Ele também mostra-se disposto a aproveitar a chance que a empresa lhe deu. "Aprendi a lição. A minha vida agora está pegando um novo rumo. Trabalhar é muito bom", afirma.
Renata Nogueira Gomes, diretora executiva da Central Mister Sheik está otimista e prevê um excelente aproveitamento dos internos da Febem. "Reunimos os nossos funcionários e fizemos com eles um programa de motivação. O objetivo é que eles aceitem seus novos colegas sem nenhum preconceito", afirma.
Renata sabe, porém, que não é fácil apagar a péssima imagem que os internos da Febem têm junto à população. "Algumas pessoas associam todos os internos da Febem a infratores perigosíssimos como o 'Batoré' (menor que é assassino confesso de 15 pessoas e participou de 50 seqüestros relâmpagos) e o 'Champinha' (menor que matou a adolescente Liana Friedenbach e articulou a morte do namorado dela, Felipe Silva Caffé, há cerca de um mês num sítio abandonado de Embu-Guaçu) e acham perigoso dar emprego a esses menores."
"Mas posso garantir que até agora a experiência tem sido um sucesso. Os internos da Febem chegam na hora certa, são educados, limpos, não dão problemas. Seguem à risca os conselhos que dei para eles quando foram contratados. Disse que se eles tivessem mau comportamento fechariam a porta da empresa para outros internos da Febem no futuro", conta ela.
Rosana, que trabalha com C. na Mister Sheik do shopping, só tem palavras de elogios para o novo colega. "Ele é um excelente funcionário e para mim é um orgulho trabalhar numa empresa que colabora com este tipo de projeto."
Por enquanto, a Mister Sheik emprega dez internos da Febem. Até julho de 2004 a empresa quer abrir mais 104 vagas. Serão 114 menores infratores trabalhando nas 38 lojas da rede na capital paulista.
Dos 6.500 jovens internados nas 69 unidades da Febem em todo o Estado de São Paulo atualmente, 593 trabalham em diversas empresas. O emprego, quesito mais importante do projeto de reinserção social, conta também com o apoio da rede McDonald's. Em seis lojas de Ribeirão Preto, três internos da Febem receberam o título de funcionário do mês, destaque destinado a premiar esforço, dedicação e seriedade. Nas lojas McDonald's de três outras cidades (Campinas, Franca e Sertãozinho), 47 internos atuam desde outubro.
A Empório Ravioli, outra rede de alimentação que atua em São Paulo, treina cinco jovens internos em técnicas de cozinha internacional e deverá contratá-los assim que o estágio for concluído.