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Fórum Social Mundial começa sob críticas
Por O Globo   19 de janeiro de 2004
MUMBAI. Os críticos dizem que virou uma espécie de Woodstock de
esquerda. Os defensores acham que se trata de um avanço para a
Humanidade. Depois de três versões bem sucedidas no Brasil, o Fórum
Social Mundial (FSM) está em sua quarta edição, em Mumbai, capital
financeira da Índia, um pouco mais dividido mas ainda capaz de reunir a
elite dos intelectuais de esquerda e 75 mil ativistas de 100 diferentes
países e de todas as correntes dos movimentos contra a globalização
neoliberal.
Pela primeira vez, Lula não vai participar. Mandou o ministro das Cidades, Olívio Dutra, como seu representante e chefe da pequena delegação do governo brasileiro, que inclui o assessor especial Marco Aurélio Garcia e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que assumirá sua porção artista e fará um show de encerramento.
"Não acho estranho o companheiro presidente Lula não estar no Fórum. Ele não está por problemas de agenda mas seu governo estará", diz Dutra, a caminho de Mumbai.
Alguns idealizadores ficarão de fora do encontro
Alguns intelectuais que ajudaram a criar o Fórum Social, como o americano Noam Chomsky, o brasileiro Emir Sader, o paquistanês Tarik Ali, não vieram a Índia. Tarik Ali acha um absurdo o Fórum acontecer em Mumbai, num estado governado por um partido islâmico e de direita. Sader diz temer que a principal fundamentação do FSM, de criar alternativas reais para uma nova ordem mundial, fique perdida no agito de uma nova esquerda festiva.
O espírito de Woodstock marcará a primeira atividade do Fórum. Na manhã de sexta-feira, cerca de 700 jovens ativistas do Japão, Filipinas, Brunei e Cingapura, atracam o "Peaceboat" (Barco da Paz), na doca Indira Gandhi. O barco é um fórum itinerante, centro de debates em busca de alternativas para mostrar que "um outro mundo é possível", como propõe o FSM.
O barco ficou ancorado apenas até sábado, quando partiu para uma longa viagem de volta ao mundo, deixando uma pequena delegação que se incorporou ao Acampamento Mundial da Juventude, a cidade montada pela nova geração de ativistas a cada edição do FSM.
Além de música, discursos, banners e festas, o Fórum começa pedindo paz. O movimento dos jovens asiáticos reivindica uma área livre de bases nucleares no Noroeste da Ásia e o fim das bases militares internacionais dos Estados Unidos. À tarde, às 16h de Mumbai, ocorreu a abertura oficial do FSM, no recém-inaugurado Goregaon Exibition Grounds, que fica na periferia da cidade. Bandas de rock do Paquistão e da Índia pediram o desarmamento nuclear aos dois países.
O FSM deve voltar ao Brasil, em sua quinta edição. Mas em 2006, a idéia é que o encontro mundial da esquerda aconteça na África do Sul. Segundo Francisco Whitaker, do secretariado do FSM, a idéia é que o fórum volte a acontecer simultaneamente ao encontro dos capitalistas, em Davos, sendo o seu contraponto mundial.
Pela primeira vez, Lula não vai participar. Mandou o ministro das Cidades, Olívio Dutra, como seu representante e chefe da pequena delegação do governo brasileiro, que inclui o assessor especial Marco Aurélio Garcia e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que assumirá sua porção artista e fará um show de encerramento.
"Não acho estranho o companheiro presidente Lula não estar no Fórum. Ele não está por problemas de agenda mas seu governo estará", diz Dutra, a caminho de Mumbai.
Alguns idealizadores ficarão de fora do encontro
Alguns intelectuais que ajudaram a criar o Fórum Social, como o americano Noam Chomsky, o brasileiro Emir Sader, o paquistanês Tarik Ali, não vieram a Índia. Tarik Ali acha um absurdo o Fórum acontecer em Mumbai, num estado governado por um partido islâmico e de direita. Sader diz temer que a principal fundamentação do FSM, de criar alternativas reais para uma nova ordem mundial, fique perdida no agito de uma nova esquerda festiva.
O espírito de Woodstock marcará a primeira atividade do Fórum. Na manhã de sexta-feira, cerca de 700 jovens ativistas do Japão, Filipinas, Brunei e Cingapura, atracam o "Peaceboat" (Barco da Paz), na doca Indira Gandhi. O barco é um fórum itinerante, centro de debates em busca de alternativas para mostrar que "um outro mundo é possível", como propõe o FSM.
O barco ficou ancorado apenas até sábado, quando partiu para uma longa viagem de volta ao mundo, deixando uma pequena delegação que se incorporou ao Acampamento Mundial da Juventude, a cidade montada pela nova geração de ativistas a cada edição do FSM.
Além de música, discursos, banners e festas, o Fórum começa pedindo paz. O movimento dos jovens asiáticos reivindica uma área livre de bases nucleares no Noroeste da Ásia e o fim das bases militares internacionais dos Estados Unidos. À tarde, às 16h de Mumbai, ocorreu a abertura oficial do FSM, no recém-inaugurado Goregaon Exibition Grounds, que fica na periferia da cidade. Bandas de rock do Paquistão e da Índia pediram o desarmamento nuclear aos dois países.
O FSM deve voltar ao Brasil, em sua quinta edição. Mas em 2006, a idéia é que o encontro mundial da esquerda aconteça na África do Sul. Segundo Francisco Whitaker, do secretariado do FSM, a idéia é que o fórum volte a acontecer simultaneamente ao encontro dos capitalistas, em Davos, sendo o seu contraponto mundial.