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Cabaçal leva a tradição do Ceará para todo o País

Por Camila Doretto/Diário do Comércio   18 de fevereiro de 2004
Os sons da cultura popular percutiram pela Expo Fome Zero, com o intuito de mostrar que o empreendedorismo social deve voltar seus olhos à riqueza cultural de todo o País.

A Banda Cabaçal, formada por descendentes dos índios cariri, da região do Crato, sul do Ceará, foi um dos destaques. Trazida pelo Sebrae, que contribui com o projeto cultural na cidade, a banda mostrou o valor de sua tradição.

Já incorporados à Universidade Popular do Crato, os cinco integrantes transmitem seus conhecimentos aos jovens e viajam pelo Brasil tocando, dançando e vendendo os instrumentos que eles próprios confeccionam. "Cultura é uma forma de empreender", diz Jacson Bantim, diretor da Fundação Folclore do Crato, que os acompanha em viagens pelo País.

Com 165 anos de tradição, a Banda Cabaçal foi fundada por José Lourenço da Silva que morreu aos 104 anos de idade, mas que tocou, dançou e representou a cultura de sua terra até os 100 anos.

O filho mais velho do fundador faz jus à notoriedade do pai. Com 71 anos, Antonio José Correia da Silva se apresenta com agilidade interpretando com facas, bumbos e pífanos, dançando e tocando ritmos como marchas, xaxado, baião, benditos (canções religiosas) e alvorada (música tocada em ritual de renovação religiosa).

O nome da banda tem como origem o material usado nos primeiros tambores: cabaça (fruto seco) e couro de veado ou bode. As viagens e apresentações não são o sustento do grupo. Os integrantes trabalham como agricultores, o que explica a proximidade das músicas com elementos da natureza: "Severino bravo", "A dança do marimbondo", entre outras.

"A minha alegria aumenta quando, ao mostrarmos a nossa cultura, somos muito bem aceitos por pessoas bem diferentes de nós", diz entusiasmado Raimundo José da Silva, de 68 anos. "Se a gente for representar o que a gente aprendeu, um ano é pouco", completa

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