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Como Promover Atitudes Positivas em Relação a Pessoas com Deficiências
Por Comunicação REBRAF / DEGRAU   5 de março de 2004
Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, do Grupo de Informações da Rebraf
Nós, pais e mães, que estivemos envolvidos na criação de APAEs (associações de pais e amigos de pessoas com deficiência intelectual) no Brasil há meio século, pois em 11 de dezembro de 2004 será comemorada no Rio de Janeiro a fundação da primeira dessas organizações, a do Rio, na data acima, temos de fazer sérias reflexões sobre nossos esforços de tantos anos.
Depois de tantas décadas de trabalho diuturno, sem sombra de dúvida trabalhosas, dedicadas, com o ideal de melhorar a qualidade de vida de nossas famílias como principal escopo, será que podemos olhar com sinceridade para dentro de nós mesmos e achar que fizemos tudo o que podíamos, e os que ainda se dedicam à causa, estão fazendo o suficiente?
Nossas famílias mais velhas, nós mesmos pioneiros do movimento apaeano, cujas rugas e vincos profundos no rosto demonstram noites de contínuo labor na máquina de escrever, hoje substituída pela velocidade incrível dos computadores, será que nossas famílias estão mais fortalecidas dentro de nossas entidades, no trato com os governos municipal, estadual e federal ou será que, tímidos e um pouco abatidos pela enormidade da tarefa que a vida nos deu de conduzir pela vida um filho atípico, permanecemos amorfos dentro das instituições, deixando a resolução de nossos problemas vitais em mãos de profissionais nem sempre afinados com as nossas expectativas e esperanças? Temos comitês de pais realmente atuantes, de cuja união e conhecimento do terreno, dependem as resoluções mais importantes que afetam nossos filhos?
Ou será que, por mais que tenhamos feito, nosso esforço individual continue falhando em sermos os porta-vozes das reivindicações de nossos filhos, ansiosos como são todos eles de serem respeitados e inseridos na sociedade como um direito seu, garantido na Constituição, e que lhes dá acesso ao trabalho remunerado, a serviços de saúde que funcionem, a terem o respeito da comunidade?
Será que a falha na ação das famílias, que notamos em tantos lugares, não se deve ao fato de que esperamos que as coisas acabem melhorando, gente de cabeça melhor e mais aberta nos aponte os caminhos a serem trilhados?
Em todo o mundo, as associações que começaram - muitas delas - através da dedicação extremada de um pai ou de uma mãe, vêm juntando forças para fazer o que é realmente necessário: sensibilizar os órgãos públicos e a sociedade como um todo para que nossos filhos sejam aceitos plenamente e não permaneçam o segmento esquecido e desvalorizado do tecido social. São Seminários, Congressos, Oficinas de Estudo, trabalho de Capacitação de Professores na Área da Deficiência Mental, tantas coisas são feitas em muitas regiões do globo, e todos esses eventos têm como objetivo maior a valorização de nossos filhos e amigos, fragilizados pela violência dos tempos atuais em toda parte e, entretanto, permanecendo sensíveis e bons, porque a generosidade misturada a uma certa ingenuidade típica, são o retrato mais forte que podemos fazer de nossos filhos especiais.
No riquíssimo temário que vem sendo abordado com vistas à realização proximamente de uma Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas Deficientes, extraímos as perguntas acima que, ainda sob forma de esboço, estão sendo articuladas por membros dos Grupos de Trabalho pertinentes. Em nossa condição de comunicadora permanente de ações na área que abrangemos, chamamos a atenção dos amigos para os tópicos levantados, ainda que em caráter de rascunho, pela importância vital de promovermos atitudes positivas em relação a nossos filhos e amigos, sem as quais todo trabalho em torno deles será inútil.
Vejamos o que o Grupo de Trabalho discutiu recentemente:
1. Os Estados filiados efetuam medidas imediatas e efetivas para:
a. Erguer a conscientização em toda a sociedade em torno do que é a deficiência e as pessoas com deficiências;
b. Combater estereótipos e preconceitos contra pessoas com deficiências;
c. Promover uma imagem de pessoas com deficiências como membros capazes e contributivos da sociedade, que compartilham os mesmos direitos e liberdades de todos os outros e de forma consistente com a finalidade maior desta Convenção
2. Estas medidas incluirão entre outras:
a. Iniciar e manter uma campanha pública eficiente de conscientização com o objetivo de criar receptividade aos direitos de pessoas com deficiências;
b. Promover conscientização, incluindo todas as crianças desde bem pequenas e em todos os níveis do sistema educacional, para estimular atitudes de respeito pelos direitos de pessoas com deficiências;
c. Encorajar todos os órgãos da mídia para que projetem uma imagem de pessoas com deficiências consistente com a finalidade desta Convenção;
d. Trabalhar em parceria como pessoas com deficiências e as organizações que as representam em todas as medidas tomadas para tornar efetivas as obrigações contidas neste artigo.
Queridos amigos, vamos todos começar a refletir, intensamente, em nossas organizações de famílias, em todo o território nacional, acerca de como, enquanto pais, podemos influir decisivamente na promoção de uma imagem positiva de nossos filhos, pessoas com deficiências.
A experiência de muitos anos nos diz que a sociedade ainda se encolhe muito, ainda vê como um "ato de caridade simples" e não de engajamento cidadão, as ações desenvolvidas por todos nós, seja pessoalmente seja dentro de instituições, para valorizar nossos filhos e amigos. Se houver concordância acerca do muito que resta a fazer vamos arregaçar as mangas hoje mesmo para começarmos outra etapa de uma caminhada luminosa!
Maria Amelia.
Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, Rebraf, SP; Fenapaes, Brasília; Inclusion InterAmericana e Inclusion International, em 29 de fevereiro, 2004.
Nós, pais e mães, que estivemos envolvidos na criação de APAEs (associações de pais e amigos de pessoas com deficiência intelectual) no Brasil há meio século, pois em 11 de dezembro de 2004 será comemorada no Rio de Janeiro a fundação da primeira dessas organizações, a do Rio, na data acima, temos de fazer sérias reflexões sobre nossos esforços de tantos anos.
Depois de tantas décadas de trabalho diuturno, sem sombra de dúvida trabalhosas, dedicadas, com o ideal de melhorar a qualidade de vida de nossas famílias como principal escopo, será que podemos olhar com sinceridade para dentro de nós mesmos e achar que fizemos tudo o que podíamos, e os que ainda se dedicam à causa, estão fazendo o suficiente?
Nossas famílias mais velhas, nós mesmos pioneiros do movimento apaeano, cujas rugas e vincos profundos no rosto demonstram noites de contínuo labor na máquina de escrever, hoje substituída pela velocidade incrível dos computadores, será que nossas famílias estão mais fortalecidas dentro de nossas entidades, no trato com os governos municipal, estadual e federal ou será que, tímidos e um pouco abatidos pela enormidade da tarefa que a vida nos deu de conduzir pela vida um filho atípico, permanecemos amorfos dentro das instituições, deixando a resolução de nossos problemas vitais em mãos de profissionais nem sempre afinados com as nossas expectativas e esperanças? Temos comitês de pais realmente atuantes, de cuja união e conhecimento do terreno, dependem as resoluções mais importantes que afetam nossos filhos?
Ou será que, por mais que tenhamos feito, nosso esforço individual continue falhando em sermos os porta-vozes das reivindicações de nossos filhos, ansiosos como são todos eles de serem respeitados e inseridos na sociedade como um direito seu, garantido na Constituição, e que lhes dá acesso ao trabalho remunerado, a serviços de saúde que funcionem, a terem o respeito da comunidade?
Será que a falha na ação das famílias, que notamos em tantos lugares, não se deve ao fato de que esperamos que as coisas acabem melhorando, gente de cabeça melhor e mais aberta nos aponte os caminhos a serem trilhados?
Em todo o mundo, as associações que começaram - muitas delas - através da dedicação extremada de um pai ou de uma mãe, vêm juntando forças para fazer o que é realmente necessário: sensibilizar os órgãos públicos e a sociedade como um todo para que nossos filhos sejam aceitos plenamente e não permaneçam o segmento esquecido e desvalorizado do tecido social. São Seminários, Congressos, Oficinas de Estudo, trabalho de Capacitação de Professores na Área da Deficiência Mental, tantas coisas são feitas em muitas regiões do globo, e todos esses eventos têm como objetivo maior a valorização de nossos filhos e amigos, fragilizados pela violência dos tempos atuais em toda parte e, entretanto, permanecendo sensíveis e bons, porque a generosidade misturada a uma certa ingenuidade típica, são o retrato mais forte que podemos fazer de nossos filhos especiais.
No riquíssimo temário que vem sendo abordado com vistas à realização proximamente de uma Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas Deficientes, extraímos as perguntas acima que, ainda sob forma de esboço, estão sendo articuladas por membros dos Grupos de Trabalho pertinentes. Em nossa condição de comunicadora permanente de ações na área que abrangemos, chamamos a atenção dos amigos para os tópicos levantados, ainda que em caráter de rascunho, pela importância vital de promovermos atitudes positivas em relação a nossos filhos e amigos, sem as quais todo trabalho em torno deles será inútil.
Vejamos o que o Grupo de Trabalho discutiu recentemente:
1. Os Estados filiados efetuam medidas imediatas e efetivas para:
a. Erguer a conscientização em toda a sociedade em torno do que é a deficiência e as pessoas com deficiências;
b. Combater estereótipos e preconceitos contra pessoas com deficiências;
c. Promover uma imagem de pessoas com deficiências como membros capazes e contributivos da sociedade, que compartilham os mesmos direitos e liberdades de todos os outros e de forma consistente com a finalidade maior desta Convenção
2. Estas medidas incluirão entre outras:
a. Iniciar e manter uma campanha pública eficiente de conscientização com o objetivo de criar receptividade aos direitos de pessoas com deficiências;
b. Promover conscientização, incluindo todas as crianças desde bem pequenas e em todos os níveis do sistema educacional, para estimular atitudes de respeito pelos direitos de pessoas com deficiências;
c. Encorajar todos os órgãos da mídia para que projetem uma imagem de pessoas com deficiências consistente com a finalidade desta Convenção;
d. Trabalhar em parceria como pessoas com deficiências e as organizações que as representam em todas as medidas tomadas para tornar efetivas as obrigações contidas neste artigo.
Queridos amigos, vamos todos começar a refletir, intensamente, em nossas organizações de famílias, em todo o território nacional, acerca de como, enquanto pais, podemos influir decisivamente na promoção de uma imagem positiva de nossos filhos, pessoas com deficiências.
A experiência de muitos anos nos diz que a sociedade ainda se encolhe muito, ainda vê como um "ato de caridade simples" e não de engajamento cidadão, as ações desenvolvidas por todos nós, seja pessoalmente seja dentro de instituições, para valorizar nossos filhos e amigos. Se houver concordância acerca do muito que resta a fazer vamos arregaçar as mangas hoje mesmo para começarmos outra etapa de uma caminhada luminosa!
Maria Amelia.
Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, Rebraf, SP; Fenapaes, Brasília; Inclusion InterAmericana e Inclusion International, em 29 de fevereiro, 2004.