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BM&F eleva a cotação de adolescentes carentes

Por Carlos Ossamu / Diário do Comércio   18 de março de 2004
Foto de Luiz Prado / Agência Luz Acima, o aluno Thiago Borges mostra seu trabalho desenvolvido na Oficina de Criatividade da entidade.
Quem passa pela esquina da praça Antônio Prado com a rua João Bricola, no centro da cidade, logo nota o imponente prédio da Bolsa de Mercadorias & Futuro, mais conhecida pela sigla BM&F. A maioria não sabe o que faz a instituição, mas imagina que muito dinheiro deve circular por lá diariamente. Poucos ousam parar em frente e admirar a sua arquitetura –é um lugar de gente rica, os seguranças podem achar que é um assaltante.

Mas essa idéia de um mundo tão distante da realidade da maioria do povo não é verdadeira. A instituição destinou quase R$ 8 milhões no ano passado para ações sociais. "Desde a sua fundação, em 1986, a BM&F tem se preocupado com questões sociais", afirma o diretor-geral da instituição, Edemir Pinto. "Não buscamos qualquer ganho comercial com as nossas iniciativas. Acreditamos que todas as empresas devem investir em responsabilidade social."

A "menina dos olhos" da instituição financeira é a Associação Profissionalizante BM&F (APBM&F), fundada em fevereiro de 1996 e que já atendeu 1.600 jovens carentes em seus oito anos de existência. Somente no ano passado, a Associação recebeu investimentos de R$ 2,868 milhões, e mais do que isso, deu perspectivas e apoio a cerca de duas centenas de jovens da periferia.

Formação profissional – Quem olha para o sobrado geminado da rua Monsenhor Andrade, 331/341, não imagina o que há por trás de seus portões. Se de fora o lugar parece pequeno e simples, por dentro um outro mundo se materializa.

Segundo explica a supervisora-geral da APBM&F, Marta H. Wakai Cavalheiro, são dois cursos, o de Capacitação para a Empregabilidade e o Faz-Tudo. "O primeiro é voltado para as áreas administrativas de empresas e escritórios e visa formar profissionais polivalentes em funções iniciais." Além de cursos de informática, há aulas de atendimento a clientes, criatividade, comunicação, contabilidade, documentação comercial, legislação trabalhista e outras. O curso dura quatro meses e é necessário que o aluno esteja cursando o Ensino Médio.

Já o Faz-Tudo é voltado para a área da construção civil e exige pelo menos a 7ª série do Ensino Fundamental . Os alunos aprendem a montar um telhado, fixar azulejos e pisos, revestir paredes, pintura, assentar blocos e tijolos, fazer a instalação elétrica e hidráulica. A duração é de quase seis meses.

Segundo ela, são quase cem alunos que freqüentam a Associação diariamente. Os dois cursos concedem aos jovens uma bolsa mensal de R$ 50, cesta básica, vale-transporte, assistência médica, odontológica, psicológica e social, e três refeições diárias. Para quem sempre viveu em regiões carentes da periferia, com baixa qualidade em infra-estrutura, ter acesso a médicos, laboratórios de análises e tratamento dentário completo é um grande salto na qualidade de vida.

A hora do emprego – Além de contribuições materiais, o que mais os jovens da APBM&F precisam é de uma oportunidade no mercado de trabalho. "De nada adianta darmos formação se não há lugares para eles no mercado. Para isso, criamos o Balcão de Empregos, em que as empresas que estão precisando de mão-de-obra ligam para nós passando o perfil de funcionários que estão procurando. Fazemos a seleção e encaminhamos o aluno", salienta Marta Cavalheiro, comentando que a oferta também pode ser feita pela internet, na página da BM&F em www.bmf.com.br.

"Todo ano fazemos uma reunião com ex-alunos para saber o que eles estão fazendo e também para matar saudades. Muitos estão cursando ou já concluíram uma faculdade. Tem até gente fazendo mestrado e pós-graduação", conta com os olhos brilhando.

Como entrar – Atenção para os interessados em participar dos cursos da APBM&F: entre os dias 29 e 31 de março vocês devem ligar para a Associação no telefone 229-9033 para saber a data de distribuição de senhas. Na data informada, é preciso comparecer ao local munido de documento (RG ou certidão de nascimento). Será preciso retornar na data determinada na senha, acompanhado de um responsável e com todos os documentos solicitados. Em seguida, o candidato passará por uma avaliação e escreverá uma redação. Depois, é só aguardar o chamado.

"Essa avaliação leva muito em conta a força de vontade do candidato e a sua necessidade. Além dos requisitos de escolaridade, a família do candidato deverá ter renda de até três salários mínimos. A procura é muito grande e há uma fila de espera de pelo menos um ano", observa a supervisora.

Além disso, apesar do alto valor investido pela BM&F anualmente, a Associação depende da boa vontade de voluntários e está precisando da ajuda de empresas que forneçam materiais de construção para as aulas. "Há algum tempo conseguimos a doação de torneiras de um fabricante, mas temos necessidade de outros materiais de construção, como tintas, azulejos, tijolos etc. Além disso, temos necessidade urgente de um professor de inglês para ser voluntário."

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