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Uma feira prá lá de eficiente

Por Anderson Cavalcante / Diário do Comércio   31 de março de 2004
Foto de Evandro Monteiro / Digna Imagem Magic Paula aproveitou o evento para bater uma bolinha com os atletas da Magic Hands, equipe ligada à Associação Desportiva para Deficientes
Não é fácil conseguir destacar-se em uma feira onde estão presentes montadoras como a Toyota, Honda, Fiat e Volkswagen. Mais difícil ainda é atrair atenção do público que foi ao evento para conhecer novidades tecnológicas, como um software leitor de tela (JAWS), que permite ao deficiente visual executar todas as funções de um microcomputador.

Mas, na III Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação e Inclusão (Reatech), a Associação Desportiva para Deficientes (ADD) conseguiu centralizar grande parte da atenção das 20 mil pessoas que acompanharam o evento e geraram R$ 600 milhões em negócios.

Passeando pela feira, raros eram os momentos em que não se via alguém da ADD. Todos identificáveis pela camiseta preta que serviu de uniforme para os expositores da associação. Entre eles estavam alguns dos integrantes da ADD/Magic Hands, equipe de basquete que deu um show à parte.

Em uma quadra montada pela associação, a ex-jogadora de basquete Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, bem que tentou jogar em uma cadeira de rodas. "Desta vez, eu usei uma cadeira adaptada para andantes, na primeira vez que tentei, foi muito pior. Eles realmente fazem mágicas."

Além da madrinha Magic Paula, a ADD conta com o apoio de outras personalidades, como o jornalista Juca Kfouri, Amauri Ribeiro, ex-jogador de vôlei, e o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt. "Apoio? Não, eu só empresto o meu nome para a Associação, que só pelo trabalho que faz, não deveria precisar de apoio meu, nem de ninguém", afirma a ex-jogadora.

A ADD atende hoje, cerca de 600 pessoas em modalidades como basquete em cadeira de rodas adulto e infantil, atletismo, natação, surf e no centro de informática. O público que visitou a ADD na feira pôde acompanhar também desafios de halterofilismo, apresentação de tênis em cadeira de rodas, ciclismo para deficientes visuais, apresentações de judô e goalball (praticado exclusivamente por deficientes visuais).

Além das apresentações, a ADD promoveu palestras sobre esporte adaptado, vela e halterofilismo paraolímpico, importância social da dança para portadores de deficiência auditiva, surf adaptado, inclusão social, mercado de trabalho e sobre o Projeto Criança, criado pela própria associação.

Outras idéias – A Reatech contou com a presença de mais de 150 expositores. Entre eles também estavam entidades bem conhecidas, como a Associação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE) e a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), que demonstrou um sistema para motorizar cadeiras de rodas convencionais (kit mobilidade) cerca de 10 vezes menor que o das motorizadas disponíveis.

Desenvolvido no laboratório de bioengenharia da instituição, o kit terá preço bem menor que o das cadeiras motorizadas, que hoje são importadas. O kit pode ser encontrado na sede da AACD (av. Professor Ascendino Reis 724, Vila Clementino, tel. 5576-0777).

Apesar do estande simples, a Associação Rodrigo Mendes chamou muita atenção, com a apresentação de uma obra-instalação de um de seus alunos, George Philot. Ele usou 46 fotografias e poemas para contar a história do primeiro beijo de Letícia Flausino, uma garota com paralisia cerebral.Em breve, o projeto será lançado como livro/CD.

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