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Em encontro, ONGs criticam a gestão do governo Lula

Por Agência Estado   15 de abril de 2004
A reunião da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), realizada ontem no Rio de Janeiro para avaliar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, transformou-se num fórum de críticas. O professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Cardim de Carvalho, classificou a administração petista de reativa e afirmou que existe o risco de o governo Lula acabar como o de De la Rúa (Argentina).

Segundo Carvalho, há dois discursos antagônicos: "O governo oscila entre uma postura da transição e da credibilidade. Na da transição, tenta mostrar que o que há são políticas passageiras e que existe um programa a ser apresentado mas ninguém sabe exatamente qual. Quanto à credibilidade, o governo não aplica nenhum programa porque a credibilidade é disputada todos os dias. Enfim, o governo está no pior dos mundos e não aponta para lado nenhum, porque para isso ele teria que escolher um lado."

Ele disse que as iniciativas do governo são motivadas por reações. "A legitimação do governo estava na sua capacidade de recuperar a economia e restaurar o pleno emprego, mas à medida que ele não consegue atingir isso fica sujeito ao suborno. Ou seja, os grupos que tiverem maior força de pressão conseguem favores. Só que isso é a antítese da política de desenvolvimento. O que se tem é um acirramento do corporativismo são os setores que falam mais alto, no grito, e isso é de uma irracionalidade profunda."

Cardim afirmou que Lula pode acabar como o de De la Rúa. "Esse é o risco que devemos manter em mente. Ou seja, remover a sustentação política, que hoje é muito definida em torno da pessoa do presidente, mas a pessoa do presidente não aponta caminhos. É um pouco a própria retórica do Lula que, no ano passado todo, dizia que ele tinha sido presidente de sindicato e que tinha experiência em colocar trabalhadores e patrões para negociar. Essa experiência é irrelevante. O presidente do País não está ali para colocar as pessoas em volta de uma mesa para negociar, mas para dizer para onde a gente vai. Esse é um regime presidencial, tem que ter liderança e a capacidade de apontar caminhos."

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