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Jovem transforma empresa em escola
Por Adriana Carvalho / Diário do Comércio   12 de maio de 2004
SEMINÁRIO DEBATE OPÇÕES PARA MELHORAR AS OFERTAS DE TRABALHO PARA A JUVENTUDE
Economia, educação, desigualdades sociais e raciais, políticas e legislação de acesso ao mercado de trabalho. Esses foram alguns dos temas debatidos na última sexta-feira no VII Seminário Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) e Gazeta Mecantil do 3º Setor, dedicado a discutir a empregabilidade e a melhoria das condições de trabalho para a juventude.
O evento reuniu representantes de vários setores da sociedade, entre eles o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Horácio Lafer Piva, o jornalista Gilberto Dimenstein, o sociólogo e especialista em questões do trabalho José Pastore e a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
O presidente da Associação Comercial destacou a importância de dar aos jovens maior acesso ao mercado de trabalho e de mudar a mentalidade que confunde exploração do trabalho infantil com educação da juventude para o emprego.
"O jovem não apenas pode como deve trabalhar. Pensando nisso é que criamos o Movimento Degrau, que une o segundo com o terceiro setor para dar oportunidades de trabalho para os adolescentes e resgatar o papel do aprendiz dentro das empresas", disse Afif, acrescentando que o projeto tem respaldo na lei 10.097.
Segundo Afif, cerca de 20 mil jovens no Estado de São Paulo já fazem parte do Degrau. "Eu mesmo na minha empresa mantenho 12 aprendizes. Os funcionários mais experientes agradecem a oportunidade que estão tendo de treinar os adolescentes porque, ao ensinar, acabam eles próprios reciclando seus conhecimentos e melhorando como profissionais. É dessa forma que os jovens transformam a empresa em escola", disse Afif.
Ele também afirmou que é um equívoco pensar que os adolescentes estão mais preocupados em se divertir do que em trabalhar nessa etapa da vida. "Eles agarram as oportunidades que aparecem com unhas e dentes."
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do Ciee, concorda. "É um equívoco pensar que os jovens de hoje são alienados. Uma pesquisa feita pelo Ciee com seus estagiários mostrou que o maior interesse deles não é por rock, sexo ou futebol. Eles estão mais interessados em sua formação e na sua entrada para o mercado de trabalho", disse.
Segundo o presidente da Associação Comercial, além da legislação, outros grandes entraves para a criação de mais postos de trabalho para a juventude são as dificuldades que os empreendedores têm para abrir e manter as micro e pequenas empresas.
"Na última terça-feira entregamos ao presidente Lula o projeto Empreendedor Urbano Pessoa Física, que visa incentivar o empreendedorismo, sem necessidade de regulamentação. Para gerar 10 milhões de empregos, só mesmo trazendo para a formalidade as pessoas que hoje trabalham na informalidade", disse ele.
Já o jornalista Gilberto Dimenstein ressaltou em sua palestra a importância de aproveitar melhor os recursos públicos utilizados na área social. "É um absurdo fazer um alarde sobre um programa chamado Primeiro Emprego e que até agora só atendeu 500 pessoas. É um absurdo lançar um programa para combater a fome, de caráter apenas assistencial", disse.
De acordo com o jornalista, ao invés de lançar mão de recursos para criar novas políticas sociais, o governo deveria investir e valorizar aquelas que já existem e que comprovadamente funcionam, como os programas de estágios mantidos pelo Ciee.
"O Ciee mantém 250 mil jovens estagiários em todo o Brasil. Cerca de 65% deles são contratados em regime de CLT após o término do estágio. Até hoje já concedemos 5 milhões de bolsas e temos mais de 1 milhão de jovens aguardando por uma oportunidade de estágio, cadastrados em nosso banco de dados", explicou Bertelli.
O sociólogo José Pastore, por sua vez, traçou um panorama do futuro do emprego no Brasil. Segundo ele, para que o desemprego diminua no País é necessário crescimento econômico, investimento em educação e reformulação da legislação, que está ultrapassada.
"Dentro de dez anos, a maior parte dos empregos será oferecida pelo setor de comércio e serviços, que deverá aumentar sua fatia dos atuais 60% para mais de 70%. O emprego na indústria e no setor primário vai diminuir", afirmou ele.
"Vivemos uma época em que o desemprego atinge com força até os executivos. O fechamento de micro e pequenas empresas é cruel porque são elas as responsáveis por 90% dos empregos no País. O quadro é desalentador. Por isso é tão importante incentivar programas como os do Ciee, que é a casa da juventude, e estimular projetos de educação permanente", disse Yvonne Capuano, vice-presidente do conselho de administração do Ciee.
Economia, educação, desigualdades sociais e raciais, políticas e legislação de acesso ao mercado de trabalho. Esses foram alguns dos temas debatidos na última sexta-feira no VII Seminário Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) e Gazeta Mecantil do 3º Setor, dedicado a discutir a empregabilidade e a melhoria das condições de trabalho para a juventude.
O evento reuniu representantes de vários setores da sociedade, entre eles o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Horácio Lafer Piva, o jornalista Gilberto Dimenstein, o sociólogo e especialista em questões do trabalho José Pastore e a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
O presidente da Associação Comercial destacou a importância de dar aos jovens maior acesso ao mercado de trabalho e de mudar a mentalidade que confunde exploração do trabalho infantil com educação da juventude para o emprego.
"O jovem não apenas pode como deve trabalhar. Pensando nisso é que criamos o Movimento Degrau, que une o segundo com o terceiro setor para dar oportunidades de trabalho para os adolescentes e resgatar o papel do aprendiz dentro das empresas", disse Afif, acrescentando que o projeto tem respaldo na lei 10.097.
Segundo Afif, cerca de 20 mil jovens no Estado de São Paulo já fazem parte do Degrau. "Eu mesmo na minha empresa mantenho 12 aprendizes. Os funcionários mais experientes agradecem a oportunidade que estão tendo de treinar os adolescentes porque, ao ensinar, acabam eles próprios reciclando seus conhecimentos e melhorando como profissionais. É dessa forma que os jovens transformam a empresa em escola", disse Afif.
Ele também afirmou que é um equívoco pensar que os adolescentes estão mais preocupados em se divertir do que em trabalhar nessa etapa da vida. "Eles agarram as oportunidades que aparecem com unhas e dentes."
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do Ciee, concorda. "É um equívoco pensar que os jovens de hoje são alienados. Uma pesquisa feita pelo Ciee com seus estagiários mostrou que o maior interesse deles não é por rock, sexo ou futebol. Eles estão mais interessados em sua formação e na sua entrada para o mercado de trabalho", disse.
Segundo o presidente da Associação Comercial, além da legislação, outros grandes entraves para a criação de mais postos de trabalho para a juventude são as dificuldades que os empreendedores têm para abrir e manter as micro e pequenas empresas.
"Na última terça-feira entregamos ao presidente Lula o projeto Empreendedor Urbano Pessoa Física, que visa incentivar o empreendedorismo, sem necessidade de regulamentação. Para gerar 10 milhões de empregos, só mesmo trazendo para a formalidade as pessoas que hoje trabalham na informalidade", disse ele.
Já o jornalista Gilberto Dimenstein ressaltou em sua palestra a importância de aproveitar melhor os recursos públicos utilizados na área social. "É um absurdo fazer um alarde sobre um programa chamado Primeiro Emprego e que até agora só atendeu 500 pessoas. É um absurdo lançar um programa para combater a fome, de caráter apenas assistencial", disse.
De acordo com o jornalista, ao invés de lançar mão de recursos para criar novas políticas sociais, o governo deveria investir e valorizar aquelas que já existem e que comprovadamente funcionam, como os programas de estágios mantidos pelo Ciee.
"O Ciee mantém 250 mil jovens estagiários em todo o Brasil. Cerca de 65% deles são contratados em regime de CLT após o término do estágio. Até hoje já concedemos 5 milhões de bolsas e temos mais de 1 milhão de jovens aguardando por uma oportunidade de estágio, cadastrados em nosso banco de dados", explicou Bertelli.
O sociólogo José Pastore, por sua vez, traçou um panorama do futuro do emprego no Brasil. Segundo ele, para que o desemprego diminua no País é necessário crescimento econômico, investimento em educação e reformulação da legislação, que está ultrapassada.
"Dentro de dez anos, a maior parte dos empregos será oferecida pelo setor de comércio e serviços, que deverá aumentar sua fatia dos atuais 60% para mais de 70%. O emprego na indústria e no setor primário vai diminuir", afirmou ele.
"Vivemos uma época em que o desemprego atinge com força até os executivos. O fechamento de micro e pequenas empresas é cruel porque são elas as responsáveis por 90% dos empregos no País. O quadro é desalentador. Por isso é tão importante incentivar programas como os do Ciee, que é a casa da juventude, e estimular projetos de educação permanente", disse Yvonne Capuano, vice-presidente do conselho de administração do Ciee.