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Laços familiares de lares sociais ajudam a incluir jovens em risco

Por Paula Cunha / Diário do Comércio   2 de junho de 2004
Criar casas substitutas que se transformam em um verdadeiro lar para crianças e adolescentes. Este é o desafio da Associação Maria Helen Drexel, que oferece também formação cultural e assistência médica e psicológica a cerca de 80 jovens em suas cinco unidades na capital paulista.

O sistema de lar abriga cerca de 10 crianças em cada unidade coordenada por uma família social. Apenas a mãe é considerada funcionária da entidade. Ela assume o compromisso de morar no lar com sua família. Ele é equipado e mantido pela Associação.

De acordo com a presidente da entidade, Eliana Ribeiro, todas as nove unidades na capital paulista, nos bairros do Jabaquara, Interlagos, Brooklin, Chácara Santo Antonio e Cupecê, funcionam de acordo com este sistema. "Temos aqui o que existe de mais próximo de uma família como a conhecemos e é fundamental manter este modelo", afirma. Para ela, esta base familiar é que moldará as crianças e adolescentes assistidos pela associação.

Eliana explica que nem todas as crianças que chegam aos lares são órfãs. Muitas têm famílias com problemas estruturais como pobreza ou um dos pais afetado pelo alcoolismo. Em geral, são as mães que procuram ajuda. Em razão deste quadro, a instituição tem como política criar vínculos com a família biológica das crianças assistidas para que estas últimas não se sintam abandonadas.

A presidente afirma que o primeiro objetivo da instituição é fazer com que as crianças voltem para as suas famílias biológicas. Se alcançar esta meta não for possível, os menores são encaminhados para a adoção nacional e, posteriormente, para a internacional. Existem, também, os jovens que permanecem na associação até os 18 anos.

Nos casos em que as crianças conseguem voltar para as suas famílias biológicas, é fixado um período de acompanhamento por assistentes sociais e psicólogos. Muitas vezes, as crianças continuam visitando as unidades onde viveram e não perdem o vínculo com a instituição.

Mães sociais – As mães que aderem ao programa passam por um rigoroso processo de seleção. Elas são submetidas a diversas entrevistas com assistentes sociais e psicólogos. Assim que são aceitas, passam por terapia e avaliação constante. Elas são contratadas pela Associação Maria Helen Drexel e passam a morar com sua família (marido e, no máximo, dois filhos) em um lar da instituição.

Em razão deste convívio permanente com as crianças assistidas, as mães recebem orientação constante para lidar ao mesmo tempo com estas e a sua família biológica. Denise Vítor Pereira dos Santos é considerada pela instituição um exemplo de boa adaptação. Ela conheceu a associação através de um anúncio de jornal há quatro anos e diz que já havia passado por uma experiência semelhante ao trabalhar com crianças no Instituto Padre Chico. No momento, ela educa 11 crianças cujas idades variam dos dois aos 14 anos.

Um deles, David, divide seu tempo entre escola durante o período da manhã e as aulas de informática na unidade onde reside. Aos 14 anos, ele cursa a 6ª série do ensino fundamental. "Quando volto para casa, ajudo nas tarefas de casa e estudo", conta.

Convênios e voluntários – As aulas de informática e de música, que são ministradas em um centro comum de convivência criado para as crianças de todas as unidades, ficam a cargo de voluntários, bem como as aulas de reforço escolar.

A presidente da Maria Helen Drexel explica que a instituição recebe ajuda de pessoas físicas. Geralmente, elas se comprometem a proporcionar alguma atividade para as crianças ou com a manutenção de equipamentos.

No caso dos serviços prestados pelos psicólogos, eles recebem um pagamento simbólico para que possam dar continuidade ao seu trabalho com as crianças, pois é criado um vínculo entre eles.

Já no caso das empresas, algumas firmam contratos anuais de ajuda. Segundo Eliana Ribeiro, a instituição encontra dificuldade para conquistar a adesão de novas companhias, mesmo apresentando projetos.

"Atualmente, temos um projeto educacional sendo desenvolvido pelo banco HSBC e recebemos as contribuições da Associação Comercial de São Paulo. Em alguns casos, vemos que existem empresas que se aproximam estimuladas por seus próprios funcionários. Toda esta ajuda é importante porque estamos sempre no vermelho", afirma.

Quanto aos voluntários, a casa Maria Helen Drexel promove e estimula a sua vinda, mas a direção deixa claro que é necessária responsabilidade da sua parte pois as crianças se afeiçoam a eles e um rompimento abrupto seria mais um trauma para elas.

"Quando cheguei à instituição, vi que havia muitas possibilidades de mudança. Para mim a atividade social é importante e minha família já tem esta preocupação desde o tempo de minha avó. Só a família é pouco, por isso comecei trabalhando aqui por uma tarde e fiquei até me tornar presidente", conclui.

Faça sua parte
Para doações , entre em contato com a Associação Maria Helen Drexel, rua Miguel Sutil, 590, Brooklin, tels. (11) 5044-9023 e 5041-7987, e-mail: helendrexel@hotmail.com.br . Site: www.helendrexel.org.br"

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