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Nadador brasileiro ganha mais um ouro em Atenas

Por (A E)   22 de setembro de 2004
Foto de Fábio Motta / AE Acima, Odair Ferreira comemora a prata com o seu companheiro Gilson José. E André Andrade recebe a medalha de ouro que havia conquistado na segunda-feira, também na natação.
Clodoaldo Silva, que ontem nadou os 200 metros livre, já havia obtido um ouro no domingo. Odair dos Santos levou a prata nos 1.500 metros rasos

Clodoaldo Silva "mandou o braço", como ele gosta de dizer. "Não é nada muito estudado, não. Não gosto muito de pensar, meu negócio é mandar o braço". Assim ele ganhou ontem sua segunda medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas. No domingo, ele havia levado o mesmo prêmio nos 100 metros livre.

A prova de ontem foi a dos 200 metros livre, que Clodoaldo fechou em 2m55s75, deixando para trás o espanhol Richard Oribe (3m02s25) e o japonês Yuji Hanada (3m05s 65). O brasileiro disputará mais cinco provas e pode bater recorde de medalhas de ouro.

Na prova desta terça, Clodoaldo partiu tarde do bloco 4, mas quando chegou ao meio da piscina já tinha colocado vantagem sobre o japonês Hanada, que continuou a persegui-lo de perto. Muito persistente, no entanto, o brasileiro bateu os 50, os 100 e os 150 na frente. Depois, foi só administrar a vantagem e desfrutar do segundo ouro.

OLHO

"Rapaz, quando eu estava na última meia piscina, olhei para um lado e não vi ninguém. Olhei para o outro e a mesma coisa. Aí pensei: ninguém me segura", comentou Clodoaldo. Na verdade, na prova de ontem, Clodoaldo só correu um risco: ser atingido na cabeça pelo celular de um fotógrafo oficial do Comitê Paraolímpico Internacional, que circulava em local privilegiado, no teto do ginásio. O aparelho caiu um metro e meio à frente da cabeça do brasileiro, que se preparava para bater e levar o ouro.

Mais três atletas brasileiros caíram na água ontem. André Meneghetti ficou em oitavo lugar na final dos 100 metros borboleta. Genesi Silva foi o sexto colocado nos 200 metros livre. Edenia Garcia ficou na sexta posição nos 200 metros livre.

EMOÇÃO

O público de Atenas, apesar da volta às aulas, continua prestigiando os Jogos, principalmente as provas de natação. E quem estava no ginásio ontem ficou emocionado com a premiação do garoto russo Igor Platinikov, que ganhou o ouro e bateu o recorde mundial dos 100 metros na prova mais crítica da natação paraolímpica. Ele não tem os braços. Na chegada, bate no ladrilho com a cabeça.

PRATA

No Estádio Olímpico de Atenas, Odair dos Santos conquistou a prata na prova dos 1.500 metros rasos. Odair marcou o tempo de 3m54s06, ficando atrás apenas do tunisiano Maher Bouallegue, que bateu o recorde mundial ao correr em 3m51s09.

O bronze foi para Emanuel Asinikal, do Quênia. Na mesma prova, outro brasileiro, Gilson dos Anjos, terminou na nona colocação. "Foi o melhor tempo da minha carreira. Não esperava ter esse desempenho. Estou muito feliz".

Odair compete ainda nas provas de 800, 5000 metros e revezamento 4x100.

SUCESSO

A paraolimpíada vai até a próxima terça-feira , mas quem já ganhou medalha sabe que é hora de capitalizar o sucesso para melhorar as coisas. Ontem, Ádria dos Santos (ouro nos 100 metros rasos), André Andrade (ouro nos 200 metros rasos), Daniele da Silva (bronze no judô), Antônio Tenório e Eduardo Paes (ambos ouro no judô) tinham um discurso ensaiado. Falavam da alegria da conquista, mas lembravam que a batalha está apenas no começo.

"Que isso não fique só aqui. Nosso movimento precisa de muito mais. Precisamos de ajuda para a próxima Olimpíada e para o Panamericano", disse Ádria, a estrela da equipe brasileira que está em Atenas. Pela primeira vez na história, os principais jornais e emissoras de TV têm representantes.

Os atletas recebem hoje recursos do Comitê Paraolímpico, que crescem de acordo com os resultados. Quem tem medalha de ouro, por exemplo, recebe em torno de R$ 4.500,00 por mês. Um bom dinheiro, principalmente para atletas como o medalhista de ouro Clodoaldo Silva, que, antes de se profissionalizar, vivia com o salário mínimo de auxiliar de escritório.

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