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Didá: o caminho da inclusão passa pelos tambores
Por Sílvia Pimentel / Diário do Comércio   6 de outubro de 2004
A adolescente Vanusa da Silva Nascimento, de 14 anos, freqüenta a 4ª série numa escola pública em Salvador. Todos os dias, depois das aulas, o seu compromisso é com a arte, que ela expressa através da capoeira, da música e do toque de um tambor. Às sextas-feiras, ela brilha no Pelourinho, centro histórico de Salvador, durante os ensaios da banda Didá, um dos projetos da organização não-governamental de mesmo nome.
"Na Didá, fiz muitos amigos. Lá, aprendi a dançar, tocar marcação e jogar capoeira", informa Vanusa, integrada ao projeto desde os nove anos de idade. A mãe, Margarida, que trabalha como lavadeira em Salvador e informa ter mais duas filhas na Didá, além de um filho que até pouco tempo dava aula de percussão, contabiliza os ganhos com projeto.
"Eles estão aprendendo muito, além de ocupar quase todo o tempo deles. A Vanusa está indo até melhor na escola", informa a mãe, orgulhosa, que vez ou outra dá uma passadinha na sede da Didá, no Pelourinho, para participar de um trabalho educativo voltado para estimular o orgulho dos africanos e descendentes.
Principal produto da organização, a banda é uma espécie de versão feminina do Olodum, dividida em dois grupos. A banda show, das veteranas, é composta por 18 meninas. Elas já tiveram a oportunidade de gravar com artistas famosos como Caetano, Gilberto Gil e Gal Costa, entre outros.
Outras 150 meninas fazem parte do grupo de aprendizes, como Vanusa, cujo sonho é passar para a banda show. "É só eu me esforçar", diz. Mesmo na condição de aprendizes, as meninas encantam turistas com a sua dança, vestimenta e toque dos tambores.
"Investimos na arte para transformar mulheres e crianças em cidadãs conscientes. E o tambor é o caminho da disciplina, do conhecimento", resume a diretora cultural do projeto, Vivian Queiroz.
Ela conta que, na língua Yorubá, Didá significa o poder da criação. Não sem motivo, o projeto reúne apenas mulheres que, através da arte, estão aprendendo a superar a insegurança e a vencer o medo do desafio. Como forma de estimular o orgulho de africanos e descendentes, a instituição reverencia heróis da raça negra, como a escrava Anastácia.
"É uma forma de abordar a importância da mulher jovem, politizada e consciente de seus deveres e direitos", diz Vivian, ao informar que os resultados são palpáveis quando se percebe a preocupação das meninas no trato com cabelos, roupas e o próprio corpo. "Com a escola de música, as mulheres tornam-se mais seguras e as crianças dialogam mais e melhor."
Ao todo, a Didá realiza 11 cursos: percussão, dança afro, teatro, capoeira, artesanato, canto, bateria, violão, cavaquinho, teclado e sopro. Em todos eles, a instituição recebe entre 600 a 800 jovens por ano, sendo 60% moradores de bairros distantes. Lá, os participantes tomam café da manhã, almoçam e jantam.
Paralelamente aos cursos existem cinco projetos educacionais: família mocambo, curso de estética e beleza afro brasileira, bloco afro carnavalesco, loja de artigos Didá e projeto Sodomo.
Do ponto de vista financeiro, a instituição é uma porta aberta para o mercado de trabalho. Ao freqüentar os cursos de beleza, viabilizados graças à doação da infra-estrutura de um salão feita pela escritora esotérica Mônica Bonfiglio, as meninas aprendem a trançar cabelos, fazer turbantes etc. e ajudar no sustento da família.
Além do apoio financeiro esporádico que recebe da escritora e também do dono da Gope, Humberto Gope, que cedeu os instrumentos musicais, a Didá sobrevive de doações. Pelo fato de atender 340 alunos de duas escolas municipais de Salvador, a prefeitura ajuda com uma verba anual.
"As doações mais expressivas partem do estado de São Paulo", informa a diretora cultural. Para recompor o estoque de alimentos e utensílios de escritório, vez ou outra a banda se apresenta, recebendo em troca algum material que esteja faltando para tocar o projeto.
"Na Didá, fiz muitos amigos. Lá, aprendi a dançar, tocar marcação e jogar capoeira", informa Vanusa, integrada ao projeto desde os nove anos de idade. A mãe, Margarida, que trabalha como lavadeira em Salvador e informa ter mais duas filhas na Didá, além de um filho que até pouco tempo dava aula de percussão, contabiliza os ganhos com projeto.
"Eles estão aprendendo muito, além de ocupar quase todo o tempo deles. A Vanusa está indo até melhor na escola", informa a mãe, orgulhosa, que vez ou outra dá uma passadinha na sede da Didá, no Pelourinho, para participar de um trabalho educativo voltado para estimular o orgulho dos africanos e descendentes.
Principal produto da organização, a banda é uma espécie de versão feminina do Olodum, dividida em dois grupos. A banda show, das veteranas, é composta por 18 meninas. Elas já tiveram a oportunidade de gravar com artistas famosos como Caetano, Gilberto Gil e Gal Costa, entre outros.
Outras 150 meninas fazem parte do grupo de aprendizes, como Vanusa, cujo sonho é passar para a banda show. "É só eu me esforçar", diz. Mesmo na condição de aprendizes, as meninas encantam turistas com a sua dança, vestimenta e toque dos tambores.
"Investimos na arte para transformar mulheres e crianças em cidadãs conscientes. E o tambor é o caminho da disciplina, do conhecimento", resume a diretora cultural do projeto, Vivian Queiroz.
Ela conta que, na língua Yorubá, Didá significa o poder da criação. Não sem motivo, o projeto reúne apenas mulheres que, através da arte, estão aprendendo a superar a insegurança e a vencer o medo do desafio. Como forma de estimular o orgulho de africanos e descendentes, a instituição reverencia heróis da raça negra, como a escrava Anastácia.
"É uma forma de abordar a importância da mulher jovem, politizada e consciente de seus deveres e direitos", diz Vivian, ao informar que os resultados são palpáveis quando se percebe a preocupação das meninas no trato com cabelos, roupas e o próprio corpo. "Com a escola de música, as mulheres tornam-se mais seguras e as crianças dialogam mais e melhor."
Ao todo, a Didá realiza 11 cursos: percussão, dança afro, teatro, capoeira, artesanato, canto, bateria, violão, cavaquinho, teclado e sopro. Em todos eles, a instituição recebe entre 600 a 800 jovens por ano, sendo 60% moradores de bairros distantes. Lá, os participantes tomam café da manhã, almoçam e jantam.
Paralelamente aos cursos existem cinco projetos educacionais: família mocambo, curso de estética e beleza afro brasileira, bloco afro carnavalesco, loja de artigos Didá e projeto Sodomo.
Do ponto de vista financeiro, a instituição é uma porta aberta para o mercado de trabalho. Ao freqüentar os cursos de beleza, viabilizados graças à doação da infra-estrutura de um salão feita pela escritora esotérica Mônica Bonfiglio, as meninas aprendem a trançar cabelos, fazer turbantes etc. e ajudar no sustento da família.
Além do apoio financeiro esporádico que recebe da escritora e também do dono da Gope, Humberto Gope, que cedeu os instrumentos musicais, a Didá sobrevive de doações. Pelo fato de atender 340 alunos de duas escolas municipais de Salvador, a prefeitura ajuda com uma verba anual.
"As doações mais expressivas partem do estado de São Paulo", informa a diretora cultural. Para recompor o estoque de alimentos e utensílios de escritório, vez ou outra a banda se apresenta, recebendo em troca algum material que esteja faltando para tocar o projeto.